02/11/2023 - 08:30 - 10:00 COC15.3 - Promoção, educação e comunicação em/na saúde |
47128 - SOBRE(VIVER): DISPOSITIVO GRUPO DE ACOLHIMENTO A POPULAÇÃO LGBTQIAPN+ COMO POSSÍVEL AMPLIADOR DA REDE DE CUIDADO ESPECIALIZADO ANA RAQUEL SILVA PATRÍCIO - UFC, ALANA MARIA LOBO DE QUEIROZ PINHEIRO - UFC, ALÉXIA DE CARVALHO GASPAR - UFC, ANTÔNIO CAIO RENAN SILVA PENHA - UFC, EMANUEL MEIRELES VIEIRA - UFC, ÉRICA ATEM GONÇALVES DE ARAÚJO COSTA - UFC, JÚLIA FIDELIS FERNANDES DE ALMEIDA - UFC, LUCAS ARAÚJO DA SILVA - UFC, MARIA MARIANA DE ANDRADE SILVA - UFC, MELYNE BRENDA MOISÉS DE ARAÚJO - UFC, MIRELA STUDART MENDES CAVALCANTE - UFC
Contextualização A partir de uma série de lutas para que tivéssemos nossos direitos reconhecidos, a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais assegura a promoção de saúde integral dessas pessoas, sem que haja a discriminação e o preconceito institucional, assim como contribui para a redução de desigualdades a partir dos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) de universalidade, integralidade e equidade. Apesar disso, na prática, nem sempre pessoas da comunidade são atendidas da forma correta, sofrendo violências institucionais por parte de profissionais de dispositivos que deveriam cuidar e acolhê-las em seu momento mais vulnerável e de necessidade de um serviço público. Além disso, pessoas LGBTQIAPN+ estão constantemente expostas a lugares que reproduzem violências por meio práticas homofóbicas e discriminatórias, como escola, ambiente de trabalho, espaços públicos e de lazer e às vezes a própria casa. A constante necessidade de autovigilância a que recorrem para se proteger evidenciam que a saúde mental de pessoas LGBTQIAPN+ está diretamente atravessada por essas violências cotidianas a que são submetidas. Diante disso, é necessário que os equipamentos voltados ao acolhimento dessa população estejam atentos às condições de vulnerabilidade em que essas se encontram. Em Fortaleza/Ceará, no ano de 2023, são cinco os equipamentos de referência voltados para pessoas LGBTQIAPN+: Casa Transformar e a Outra Casa Coletiva, ambas visam abrigar o público LGBT em situação de vulnerabilidade econômico-social e exclusão familiar; Rede Acolher, rede intersetorial da Defensoria Pública do Ceará que oferece desde abrigo à assessoria jurídica; o Centro de Referência LGBT Janaína Dutra, serviço municipal de proteção e defesa da população LGBT e o Centro Estadual de Referência LGBT Thina Rodrigues ofertam serviços especializados nas áreas jurídica, psicológica, assistencial, além de orientação e acompanhamento às vítimas e familiares.
Descrição Desse modo, o Sobre(viver) é um projeto voltado à escuta e acolhimento psicológico para comunidade LGBTQIAPN+, na clínica-escola de Psicologia da UFC. Os encontros aconteceram em formato de dispositivo grupal e são facilitados por bolsistas do programa, sob supervisão docente, a partir da perspectiva teórico-metodológica da Abordagem Centrada na Pessoa. Os encontros são gratuitos e abertos a qualquer pessoa da comunidade LGBTQIAPN+, acima de 18 anos, com periodicidade semanal de acordo com o calendário universitário, compreendendo uma média de 8 encontros por semestre. Até sua segunda edição, o projeto contou com 114 participações.
Período de Realização Diante da possibilidade de ampliar uma rede de referência e apoio à população LGBT, em outubro de 2022, o Programa de Educação Tutorial (PET), do curso de Psicologia da Universidade Federal do Ceará (UFC), propôs um projeto de extensão intitulado Sobre(viver).
Objetivos Tem-se como eixo de trabalho prestar acolhimento gratuito, acessível e seguro às demandas de pessoas LGBTQIAPN+, respeitando as especificidades de suas histórias de vida e interseccionalidade. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é apresentar o projeto de extensão como um ampliador da rede de atenção a pessoas LGBT e seus efeitos para a saúde dessa população. Parte da perspectiva em que a produção de vínculos entre os participantes é impulsionadora dos processos de cuidado construídos em grupo, pelo grupo e individualmente, e que pelo relatos compartilhados há possibilidade de validação das próprias experiências, assim como a ressignificação como meio promotor de saúde.
Resultados Quanto ao processo disparado no grupo, destacamos a criação de relações de confiança, das quais resultaram em sensações de conforto, pertencimento e bem-estar e sobretudo pela abertura de um campo de troca e escuta mútuas. O processo revelou a potência do grupo no aprofundamento dos conteúdos compartilhados e na disposição à escuta, aprendendo em grupo o momento do ouvir, do silêncio, da palavra de conforto, da discordância.
Aprendizados O acompanhamento de tal composição mostrou aos bolsistas/facilitadores momentos em que o grupo "funcionava" quase independente da facilitação, pondo em análise perspectivas diretivas e corretivas e enfatizando a potência de um espaço em que cada pessoa era presença singular.
Análise Crítica É preciso lembrar que, no início, e em grande parte da história, a psicologia ocupou o papel de patologizar os modos de viver e ser em pessoas LGBTQIAPN+, a concretização de um projeto que acolha e valide vivências queer em uma universidade pública marca para reconstrução de uma psicologia anti LGBTQIAPNfobica, que ofereça um cuidado humanizado e interseccional.
|
|