02/11/2023 - 08:30 - 10:00 COC18.1 - Comunicação, saúde e interdisciplinaridade |
46146 - OS NEWS PROMOTERS EM UMA NOVA REALIDADE MIDIÁTICA: OS IMPACTOS INFORMACIONAIS NA SAÚDE COLETIVA THALITA MASCARELO DA SILVA - UFES, MARIELA PITANGA RAMOS - UFES, EDSON THEODORO DOS SANTOS NETO - UFES
Apresentação/Introdução Este trabalho tem como premissa refletir sobre o campo da Comunicação e Saúde (C&S) e a importância da atuação de atores-chave, sendo as fontes de notícias, potenciais news promoters (MOLOTCH; LESTER, 1993) que fazem circular informação nas diferentes mídias. Um conceito importante que auxilia a compreender essa relação entre campo social, mídias e sujeitos é a de metacapital, discutida por Couldry (2003) a partir reflexões já estabelecidas pelo sociólogo Pierre Bourdieu. Adotando essa visão, o autor compreende que a mídia atua como um metacapital é capaz de influenciar, potencialmente, todos os outros campos sociais, significando dizer que o poder simbólico gerado pela mídia se torna um novo capital em outros campos. A função de fonte pode ser explorada por diferentes indivíduos com o intermédio dos jornalistas e/ou com protagonismo nas plataformas digitais, fazendo com que esses atores se posicionem em uma “zona de penumbra” entre ser um emissor de informação como um jornalista e uma fonte de notícias (MAARES; HANUSCH, 2018).ETIVA
Objetivos Refletir e analisar sobre o papel dos news promoters com a informação em saúde a partir da sua relação enquanto fonte nos jornais e nas redes sociais.
Metodologia As mídias intensificam uma visibilidade privilegiada, criando referências para a sociedade que podem determinar culturalmente políticas de saúde. Dessa forma, o caminho inicial na tentativa de se compreender os news promoters no Brasil foi analisar fontes médico-científicas que, por seu capital de conhecimento, possuem grande trânsito nos jornais. Se, em um primeiro momento, as fontes eram dependentes da relação com jornalistas, em um segundo momento houve profissionalização e se tornaram mais proativos na mídia (LAGE, 2008). Atualmente, vive-se um terceiro momento, da mídia como um metacapital, os news promoters atuam para além dos meios de comunicação tradicionais. A metodologia utilizada foi a qualitativa com a utilização da ferramenta das entrevistas na plataforma Zoom com perguntas abertas semiestruturadas, compilação e análise dos dados recolhidos. As perguntas foram formuladas a partir de um roteiro e aconteceram entre 2020 e 2021. Foram entrevistados seis fontes médico-cientificas consideradas como potenciais news promoters
Resultados e discussão A pesquisa mostrou que a COVID-19 intensificou esse fenômeno midiático nas fontes médico-científicas, cada um com seus interesses individuais, que podem ser de marketing, econômicos e até políticos. A pesquisa ainda mostrou que esses atores se apropriam de princípios e instrumentos do jornalismo e conseguem atuar de forma constituinte e não apenas esporádica ou dependente de uma relação com um jornalista. Há, dessa forma, uma inserção bem-sucedida dessas fontes não significando necessariamente que consigam dialogar com o campo da C&S, já que há evidentes limitações de olhares. As fontes do campo médico e científico informam a partir de suas visões, utilizando o espaço das mídias muitas vezes de forma instrumental, refletindo uma comunicação em saúde ou uma comunicação para a saúde e na saúde. Colocar-se em diálogo no campo C&S aponta para uma distinção teórica e política (ARAÚJO; CARDOSO, 2007). Essas autoras propõem algumas iniciativas, como a descentralização da comunicação — a identificação de outras vozes, além das autorizadas e especializadas, na produção e circulação da informação. Há personagens que aparecem nos jornais de forma exaustiva, a partir da lógica da versão oficial dos fatos, enquanto que outros se tornam invisíveis (ABRAMO, 2016).
Conclusões/Considerações finais Percebe-se, portanto, a importância da continuidade do estudo, ampliando as abordagens de forma a primar por uma decolonialidade dos saberes para as fontes enquanto news promoters, havendo um reconhecimento e uma legitimidade maior para a potência que há nas comunidades de se criar fontes, reduzindo a centralização da informação. Assim, seria errôneo centralizar a discussão dos news promoters nos jornais em um momento de tantas conexões. Os conhecimentos não precisam ser hierarquizados como se faz comumente, numa soberania epistêmica; “deve dar-se preferência às formas de conhecimento que garantam a maior participação dos grupos sociais envolvidos na concepção, na execução, no controle e na fruição da intervenção” (SANTOS, 2010, p. 60), em busca de mais diversidade, mais vozes e mais representatividade.
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