Comunicação Oral Curta

02/11/2023 - 08:30 - 10:00
COC23.1 - Práticas emancipatórias: agências e políticas II

46163 - POR UMA COMUNICAÇÃO DIALÓGICA EM SAÚDE: PESQUISA DOCUMENTAL EM MATERIAIS DESENVOLVIDOS POR REDES DE APOIO A MIGRANTES E REFUGIADOS NO BRASIL
RAFAEL FOLETTO - UFSM, JUCIANO DE SOUZA LACERDA - UFRN


Apresentação/Introdução
A inter-relação entre comunicação e saúde ocupa um espaço significativo na produção científica na área da comunicação, a qual apresenta uma proximidade com as questões de políticas e práticas de saúde pública. Contudo, acontecimentos recentes, como a ampliação de fluxos migratórios e o contexto da pandemia do novo Coronavírus, em 2019, tornaram essa interface ainda mais relevante, o que evidencia a necessidade da construção de novos estudos.
Sendo assim, busca-se ampliar as análises desse contexto, contemplando aspectos relacionados ao acesso aos serviços públicos de saúde por parte da população migrante, que chega de diferentes origens geográficas, sociais, culturais, entre outros aspectos.
Nessa perspectiva, destaca-se a análise de campanhas de saúde, que contribuí para dimensionar o papel da comunicação nessas questões. Pois, observa-se a importância de problematizar materiais relacionados a atenção a saúde de migrantes e refugiados, no sentido de investigar que conteúdos e estratégias de comunicação podem ser evidenciados nesses documentos.

Objetivos
Por meio de pesquisa documental, objetiva-se pesquisar e selecionar documentos direcionadas a migrantes e refugiados desenvolvidas por redes de apoio a esse grupo social, de modo a entender que ações e estratégias de comunicação são acionadas pelo material, de forma a também mensurar como produtos de comunicação podem ser contextualizados e apropriados para qualificar o planejamento e a execução de ações semelhantes desenvolvidos no país.

Metodologia
Optou-se pela pesquisa documental no ambiente digital, de ações de comunicação relacionadas ao atendimento de migrantes e refugiados, desenvolvidas por organizações de apoio a esse grupo humano, de forma a sistematizar e aprofundar a análise desses materiais. Pois, entende-se que se trata de um espaço de circulação de informações relevantes, como é o caso do acesso à saúde.
Dessa forma, com base no objetivo do estudo, buscou-se documentos das organizações Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados ou Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), Acolhimento Psicossocial Intercultural – UNIFESP, Associação Compassiva, Caritas do Brasil, Centro de Integração da Cidadania do Imigrante – CIC (Estado de São Paulo), Centro de Referência e Atendimento para Imigrantes - CRAI (Prefeitura de São Paulo), Cruz Vermelha, Fraternidade - Federação Humanitária Internacional, Instituto Migrações e Direitos Humanos, Médicos Sem Fronteiras, Organização Internacional para as Migrações (OIM) e Serviço Jesuíta a Migrantes e Refugiados. Como critérios de inclusão definiu-se por materiais como cartilhas, livros e produções audiovisuais, o que correspondeu a doze documentos localizados em seis sites.
Considera-se fundamental esse movimento de aproximação e análise, pois possibilita a descrição detalhada dos materiais encontrados, o que contribuí para a produção de informações sobre a estrutura, dinâmica, inter-relações, logicas e estratégias. Igualmente, permite testar, vivenciar e refletir os procedimentos, táticas e experimentações metodológicas demandadas pela investigação.

Resultados e discussão
Mediante pesquisa documental dos doze materiais comunicacionais sobre saúde para migrantes e refugiados, notou-se não apenas uma diversidade de formatos midiáticos, como livros, cartilhas, cartazes, folders e vídeos, embora prevalecendo as cartilhas, mas também de temáticas, como documentação, serviços e temáticas específicas, a exemplo da saúde bucal para crianças. Ainda, prevaleceram informações referentes a pandemia do novo Coronavírus, o que se explica pela importância dessa questão no contexto recente.
Há, também, o uso de diferentes idiomas, incluído línguas dos povos originários, o que demonstra uma preocupação das organizações em produzir conteúdos com o uso de linguagem acessível, de modo a gerar mais diálogo, apropriação e engajamento dos migrantes e refugiados com os temas da saúde.
Entretanto, não se detectou outros temas relevantes, como saúde mental. Da mesma forma, não foi possível localizar informações referente a circulação e acesso dos materiais por parte dos migrantes, bem como, a permeabilidade desses materiais nos diferentes espaços sociais.

Conclusões/Considerações finais
A pesquisa documental possibilitou identificar conteúdos e estratégias de comunicação utilizadas pelas organizações de apoio a migrantes e refugiados. A síntese dos resultados encontrados nos doze materiais analisados aponta para uma diversidade de conteúdos, formatos e linguagens. Nessa perspectiva, compreende-se o esforço das entidades em comunicar bem os seus conteúdos relacionados à saúde.
Ainda, a análise representa uma contribuição para os estudos de comunicação na interface com a saúde, para pensar e a desenvolver conteúdos e investigações relacionados a atenção à saúde de migrantes e refugiados, principalmente ao problematizar os produtos e as estratégias de comunicação de materiais disponibilizados para esse grupo social.