02/11/2023 - 08:30 - 10:00 COC23.1 - Práticas emancipatórias: agências e políticas II |
46511 - PERCEPÇÃO EM SAÚDE DE MULHERES MIGRANTES INTERNACIONAIS EM CUIABÁ-MT DURANTE A PANDEMIA MONALISA ROCHA DE CAMPOS CHAVES - UFMT/ISC, CASSIA MARIA CARRACO PALOS - UFMT/ISC, MARIA ANGELA CONCEÇÃO MARTINS - UFMT/ISC, RAISSA ANDRESSA DE SOUZA - UFMT/ISC, MICHELE DE ALMEIDA HORA - UFMT/ISC
Apresentação/Introdução A imigração é um fenômeno complexo e globalizado, que tem afetado países ao redor do mundo, inclusive o Brasil. Nos últimos anos, o país tem recebido um número crescente de imigrantes internacionais em busca de melhores oportunidades de vida. No entanto, é importante destacar que esses imigrantes muitas vezes enfrentam vulnerabilidades significativas ao chegar a solo brasileiro, como a adaptação a uma nova cultura, aprender um novo idioma, lidar com a burocracia do país de destino, xenofobia, especialmente se tratam de origens étnicas ou culturais diferentes das predominantes no país de destino. Muitos vivem em condições sociais degradantes - moradias precárias, sem acesso a serviços básicos de saúde e educação, trabalham em condições degradantes e insalubres, sem proteção social ou garantias trabalhistas entre outros - o que aumenta o risco de exploração e abuso. O processo em si de migração pode sujeitar à vulnerabilidade devido a esses e outros fatores que são expostos. Nessa vertente, quando nos referimos as mulheres imigrantes, ao longo da história, enfrentaram inúmeras formas de discriminação e desigualdade. No entanto, um grupo em particular merece nossa atenção e apoio especial: as mulheres migrantes internacionais que vivem expostas a fatores que as colocam em situação de vulnerabilidade potencializados. Essas mulheres, frequentemente marginalizadas e submetidas a condições sociais precárias, necessitam de ações concretas para que possam superar os obstáculos que as impedem de desfrutar plenamente de seus direitos e oportunidades.
Objetivos Buscamos compreender a percepção de mulheres migrantes internacionais na cidade de Cuiabá/MT em relação às dificuldades enfrentadas no atendimento á saúde durante a pandemia de COVID-19.
Metodologia Trata-se de dados de entrevista realizada para o projeto nacional Acesso à saúde e vulnerabilidades de migrantes internacionais no contexto de disseminação da covid-19: uma pesquisa interinstitucional em rede colaborativa coordenada pela Universidade Federal do estado de São Paulo com apoio da FAPESP (processo: 2021/06792-2), do CNPQ (processo 403913/2021-7).
Resultados e discussão Foram entrevistadas 03 mulheres haitianas e 05 venezuelanas no período de agosto a novembro de 2022. No que se refere ao atendimento à saúde buscam atendimento principalmente nas UPAS e Policlínicas, nos casos de emergência. E para casos “menos grave” vão no “postinho”. A demora no atendimento e a falta de médicos foram colocadas como principais dificuldades para o atendimento. A relação frágil e distante com os profissionais de saúde como pouco contato físico, a escuta pobre e distanciamento dificulta e até mesmo influenciam a não voltar mais, fazendo com que recorram a medicamentos caseiros ou procurem serviços privados. Mesmo assim, reconhecem a importância de um sistema público de saúde, ainda que com diversas dificuldades no acesso.
Conclusões/Considerações finais A pandemia da COVID-19 teve um impacto significativo na vida dessas mulheres principalmente em relação à sua saúde. Muitas têm dificuldades no acesso ao sistema de saúde pública. Além disso, barreiras linguísticas, falta de conhecimento sobre os serviços disponíveis e preocupações com o status de imigração dificultaram ainda mais o acesso aos cuidados médicos adequados. Essa falta de acesso levou a atrasos na busca de tratamento, diagnósticos tardios e falta de cuidados preventivos. Além disso, muitas trabalham em setores essenciais, colocando-as em maior risco de exposição ao vírus expondo-as a condições de trabalho precárias, falta de equipamentos de proteção individuais adequados e maior probabilidade de contrair a doença. Outro fator importante é o impacto psicossocial. Muitas enfrentaram o isolamento social, separação de familiares e amigos e dificuldades financeiras devido à perda de empregos ou redução de horas de trabalho. Esses fatores levaram a um aumento da ansiedade, depressão e estresse, afetando negativamente sua saúde mental e bem-estar geral que foram agravados pela falta de acesso, ou acesso inadequado, aos serviços de saúde. Para enfrentar esses desafios, é necessário que as políticas de saúde sejam inclusivas e abordem as necessidades específicas das imigrantes internacionais. Isso inclui garantir o acesso equitativo aos serviços de saúde, independentemente do status de imigração, fornecer informações e materiais de saúde em vários idiomas, promover a conscientização sobre os direitos dos imigrantes e fortalecer as redes de apoio comunitário.
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