Comunicação Oral Curta

02/11/2023 - 08:30 - 10:00
COC23.1 - Práticas emancipatórias: agências e políticas II

46711 - FAKE NEWS NO CONTEXTO DA PANDEMIA POR COVID-19: REPERCUSSÕES NO PROCESSO DE CUIDADO-SAÚDE-DOENÇA DE MIGRANTES INTERNACIONAIS NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
MARIÁ LANZOTTI SAMPAIO - UNIFESP, NICOLAS NEVES DOS SANTOS - UNIFESP, ALEXANDRA C. GOMES DE ALMEIDA - UNIFESP, CRISTÓBAL ABARCA BROWN - UNIFESP, CÁSSIO SILVEIRA - FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICA DA SANTA CASA DE SÃO PAULO, REGINA YOSHIE MATSUE - UNIFESP, SILVIA REGINA VIODRES INOUE - PESQUISADORA DO GRUPO DE PESQUISA: PROCESSOS MIGRATÓRIOS INTERNACIONAIS E SAÚDE COLETIVA PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO, DENISE MARTIN - UNIFESP


Apresentação/Introdução
Introdução: A pandemia por Covid-19 eclodiu em um contexto social de conectividade perpétua e rápido acesso às diversas formas de informação. Neste cenário, as fake news se constituíram como importantes entraves no combate ao Covid-19 e geraram repercussões negativas na vida de múltiplos sujeitos ou coletividades, bem como no processo de cuidado-saúde-doença durante a pandemia.

Objetivos
Objetivo: Compreender as repercussões das fake News no processo de cuidado-saúde-doença de migrantes internacionais residentes no município de São Paulo no contexto da pandemia por Covid-19.

Metodologia
Metodologia: A pesquisa consiste em um estudo qualitativo que integra o projeto “Acesso à saúde e vulnerabilidades de migrantes internacionais no contexto de disseminação da COVID-19: uma pesquisa interinstitucional em rede colaborativa”, com apoio da FAPESP. Quanto aos instrumentos de coleta de material, entre outubro de 2022 e junho de 2023, foram realizadas 18 entrevistas semiestruturadas, sendo elas: 14 entrevistas com migrantes internacionais advindos da Bolívia, Venezuela e Haiti e residentes no município de São Paulo; uma entrevista com gestor público e; três entrevistas com representantes de Organizações não governamentais (ONG) voltadas para atuação no campo da migração internacional na cidade. Os critérios de inclusão para os migrantes foram: ser maior de 18 anos e residir no Brasil por pelo menos um ano durante a pandemia por Covid-19. Para os gestores e representantes de ONG foi realizar atividades no campo da migração internacional. A categorização do material obtido ocorreu com base nos pressupostos de Strauss e Corbin e a análise a partir do referencial teórico da antropologia.

Resultados e discussão
Resultados e discussão: A propagação de fake news, aliada à ausência de informações claras e adaptadas, corroborou para fomentar o distanciamento das medidas de prevenção sanitária e dos serviços de saúde, que passaram a ser compreendidos como espaços de morte por parte dos interlocutores. Da mesma forma, esta realidade intensificou a descrença relacionada à gravidade do contexto pandêmico e o medo com relação à vacinação. Ademais, favoreceu ações xenofóbicas voltadas a determinados grupos de migrantes internacionais. Como exemplo, aponta-se para a maior rigidez do poder público brasileiro no que se refere ao fechamento das fronteiras para os grupos venezuelanos, mesmo sem que houvesse uma justificativa epidemiológica para tal diferença. A mobilização de outros migrantes, bem como de representantes das ONGs e gestores públicos implicados com a temática foi significativa no combate à desinformação e fake News e na busca pela garantia de acesso aos serviços de saúde. Diante do exposto, considera-se que a propagação de fake news e de desinformação, aliada à realidade de desigualdade social a que parte destes sujeitos estão expostos, dificultou o estabelecimento das estratégias de proteção e cuidado, além de intensificar a exclusão e estigmatização de determinados grupos de migrantes internacionais.

Conclusões/Considerações finais
Conclusão: Aponta-se para necessidade de enfrentamento de notícias falsas relacionadas aos imigrantes; a difusão de informações científicas que sejam linguisticamente adaptadas para abarcar a diversidade de populações; além da maior inserção da temática de migrações internacionais na agenda política. Por fim, considera-se imprescindível o fortalecimento de ações interculturais no âmbito do sistema único de saúde.