02/11/2023 - 08:30 - 10:00 COC25.2 - Promoção da saúde, multiprofissionalidade e demandas por cuidado: transversalidades de agentes, setores e contextos |
46499 - TRABALHO DA/O ASSISTENTE SOCIAL NA APS: DISCUTINDO O PAPEL DE MATRICIADOR DIANTE ÀS DEMANDAS INTERSECCIONAIS NATASHA LAUREANO DA FONSECA - ESPJV/FIOCRUZ, LETÍCIA BATISTA DA SILVA - ESPJV/FIOCRUZ
Apresentação/Introdução O trabalho em saúde especialmente da atenção primária à saúde (APS), nos convoca a compreensão do processo saúde-doença a partir do olhar interseccional, observando as interações entre gênero, raça e classe. Trata-se de pesquisa realizada no âmbito do mestrado com objetivo de análise das interfaces do trabalho da/o assistente social em seu papel pedagógico e educador tanto para a comunidade atendida pelas unidades básicas de saúde, como para os profissionais, a partir do matriciamento em saúde. A realidade que situa a APS por meio da Estratégia Saúde da Família (ESF), passa pelo reconhecimento das determinações sociais do processo saúde e doença e da complexidade das necessidades de saúde. Desse modo, requer da/do assistente social, quanto matriciador, atuar nos âmbitos da promoção da saúde, educação e mobilização em saúde, assim como, no fortalecimento da cidadania e da formação de redes de proteção social. Todavia, a partir da categoria da análise cotidiana, quando se pensa o Serviço Social na ESF, observamos que os outros profissionais acabam visualizando a/o assistente social como porta aberta, e, muitas vezes, tal fato é normalizado pelo senso comum, reiterando a ideia tradicional e conservadora de que as demandas sociais do usuário ou do território são questões exclusivas da/o assistente social. Tal ideia está em desacordo com a princípio da integralidade do cuidado em saúde que visualiza as determinações sociais como elementos estruturantes das condições de saúde e de adoecimento das populações.
Objetivos Discutir a configuração da atuação do/a assistente social no trabalho de matriciamento na APS partindo da compreensão do processo saúde-doença a partir do olhar interseccional.
Metodologia A pesquisa tem caráter qualitativo, esse método trabalha de forma a coletar dados da realidade com levantamento de informações, isto é, o trabalho utilizou o método de revisão integrativa da literatura, que tem como objetivo reunir, e resumir o conhecimento científico, antes produzido sobre o tema investigado. O uso da revisão integrativa no contexto deste trabalho visou o levantamento literário sobre a temática a partir da identificação e análise de dados escritos em artigos científicos de periódicos definidos por duas bases de dados on-line, a SCIELO, LILACS, no período de 2012 a 2022. Também foram utilizados como fonte secundária os Anais do Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais, sendo uns dos principais congressos da categoria. O Trabalho de dissertação está apoiado sob o método crítico-dialético e buscou na literatura produções sobre o exercício da/o assistentes sociais atuando no cenário da atenção primária em saúde.
Resultados e discussão A/o assistente social, ao participar do trabalho em equipe na saúde, dispõe de perspectivas específicas de observação na interpretação das condições de saúde do usuário e comunidade. Entretanto, os resultados parciais apontam que o retrocesso político do país, bem como desmontes feitos na política nacional de atenção básica em saúde, revela aumento de demandas urgentes e imediatas e precarização do trabalho, mudando assim o direcionamento da prática profissional e a integralidade em saúde. Assim como, identificação do inadequado aproveitamento do matriciamento, ocorrendo demandas que o/a profissional já matriciou e reverberou para os demais profissionais de saúde, mas são vistas como demandas exclusivas ao serviço social.
Conclusões/Considerações finais Entende-se a partir dos resultados parciais, a imediaticidade das demandas e o teor errôneo dos chamamentos das equipes da ESF para o/a assistente social no seu processo de trabalho na equipe interdisciplinar que se revelam equivocadas. Deste modo, levanta-se dois fatores de hipótese: o fator que relaciona ao olhar da lógica do modelo biomédico, que ainda é presente na saúde pública, da visão antiquada de que médico(a) trata apenas de doença, saúde mental abarca somente psicólogos e psiquiatras, e as demandas que são expressões da questão social, são vistas como exclusivas da/o assistente social. Outro fator que também contribui para esta realidade, são as contrarreformas das últimas atualizações da política nacional de atenção básica, ocorrendo uma segmentação do cuidado, nas mudanças no financiamento e até uma disfarçada ambulatorização do serviço, proveniente da cobrança de produção das últimas portarias de financiamento. Dispondo para tal exemplo, houve um desmantelamento da saúde no município do Rio de Janeiro, que ocorreu nas últimas gestões municipais, deixando as UBS serem noticiadas e vistas pela população usuária, como pronto-atendimentos. E isso contribuiu para os profissionais de saúde atuarem numa alta demanda e não dando conta daqueles casos complexos, que muitas vezes não conseguem ser acompanhados devidamente, o que fez tanto da/o assistente social quanto da equipe de apoio matricial, a serem receptores de demandas emergenciais. Por isso, a pesquisa discute esta realidade para que possa subsidiar lacunas do conhecimento na prática, e fortalecendo a prática matricial na APS.
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