Comunicação Oral Curta

02/11/2023 - 08:30 - 10:00
COC26.1 - Apostar na vida: desafios para a saúde na reinvenção do cuidado

47958 - DA INVISIBILIDADE NAS RUAS À ATENÇÃO DOS FUTUROS MÉDICOS: A EXPERIÊNCIA COM A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA ATRAVÉS DE UM CENTRO POP
LÍVIA LEANDRO DE SOUZA PEREIRA - FACULDADE INTEGRADA DE MEDICINA, WELLINGTON BRUNO ARAUJO DUARTE - PREFEITURA DO JABOATÃO DOS GUARARAPES, RICARDO FERREIRA DOS SANTOS JÚNIOR - FACULDADE INTEGRADA DE MEDICINA, JÚLIA BERALDI VOLPATO BAHIA SILVA - FACULDADE INTEGRADA DE MEDICINA, LARISSA ALDENORA MAGALHÃES DE ALMEIDA - FACULDADE INTEGRADA DE MEDICINA, JENNIFER TUANE FELIPE DE GÓIS - FACULDADE INTEGRADA DE MEDICINA, RAYANNE ACIOLI LINS SANTOS - FACULDADE INTEGRADA DE MEDICINA, ANA CLÁUDIA SOBRAL JACINTO - FACULDADE INTEGRADA DE MEDICINA, SAULO VALENÇA DE FARIAS BARBOSA - FACULDADE INTEGRADA DE MEDICINA, WILLYAN DOUGLAS DE MELO FELIX - FACULDADE INTEGRADA DE MEDICINA, KAIO VINICIUS LAVOR SILVA - FACULDADE INTEGRADA DE MEDICINA, THIAGO JOSÉ FARIAS DA FONSECA SANTOS - FACULDADE INTEGRADA DE MEDICINA, FELIPE SANTOS DE MELO - FACULDADE INTEGRADA DE MEDICINA, ALDO LUCAS DUARTE MARQUES - FACULDADE INTEGRADA DE MEDICINA, FELIPE SANTOS DA SILVA - FACULDADE INTEGRADA DE MEDICINA, LUIZ HENRIQUE FERNANDES DA SILVA - FACULDADE INTEGRADA DE MEDICINA, MARIA SUZIELY PEREIRA - FACULDADE INTEGRADA DE MEDICINA, TIAGO LOPES DO NASCIMENTO - FACULDADE INTEGRADA DE MEDICINA, ANA CLÁUDIA DE MELO MALTA - FACULDADE INTEGRADA DE MEDICINA, ANGELICA NAYARA ESPINDULA FERNANDES - FACULDADE INTEGRADA DE MEDICINA, RAISSA ALVES FALCÃO RODRIGUES - FACULDADE INTEGRADA DE MEDICINA, ALINE CICILIA OLIVEIRA DOS SANTOS GUIMARÃES - FACULDADE INTEGRADA DE MEDICINA, LAURA MOURA TAGINO - FACULDADE INTEGRADA DE MEDICINA, MATHEUS GOMES CUNHA MENEZES - FACULDADE INTEGRADA DE MEDICINA, BEATRIZ FIGUEIREDO DA COSTA TAVARES - FACULDADE INTEGRADA DE MEDICINA, EDSON LINEU CALLOU CRUZ AMORIM - FACULDADE INTEGRADA DE MEDICINA, KAROLLINE PEREIRA DA SILVA - FACULDADE INTEGRADA DE MEDICINA, MARIA BEATRIZ DE MENESES RIBEIRO - FACULDADE INTEGRADA DE MEDICINA


Contextualização
Jaboatão dos Guararapes é um município de médio porte da região metropolitana do Recife, sendo o 2º lugar no ranking econômico e populacional do estado, somando 653.793 habitantes. Apesar disso, a população vulnerabilizada das ruas é invisibilizada, sendo seu crescimento aumentado após a pandemia do novo coronavírus. Durante a pandemia de Covid-19, foi estimado um total aproximado de 350 pessoas que procuraram o serviço do Centro Pop para atendimento, e, através da campanha de vacinação deste público contra a doença, houve uma aproximação maior pelo setor saúde.
O Centro Pop é um espaço de referência assistencial para a população, que conta com serviços que tentam resgatar a cidadania, como emissão de documentos, alimentação, higiene pessoal, armazenamento de pertences e orientações. As atividades desenvolvidas visam estimular o convívio social e o respeito, solidariedade e afetividade entre essas pessoas.


Descrição
A universidade, através de estágios e projetos de extensão, pode contribuir com a saúde deste público, sendo um espaço de formação e troca de saberes. O curso médico da Faculdade Integrada Tiradentes, pela disciplina de Programa de Integração do Ensino em Saúde da Família (PIESF), vem desde 2018 realizando a integração dos acadêmicos na Atenção Básica. Assim, cerca de 40 estudantes participaram semanalmente das atividades junto ao Centro Pop, da secretaria de assistência social, supervisionados por um professor.
Os problemas de saúde demandados pela População em Situação de Rua (PSR) têm origem em situações complexas, cuja resposta necessita de intervenções articuladas entre os gestores, profissionais de saúde e outros setores. Nesse contexto, há variáveis envolvidas na dificuldade de prevenção de doenças, acesso aos serviços de saúde, à renda, alimentação e higiene, saúde psicossocial, no uso/abuso de drogas e ruptura de vínculos familiares. São todos exemplos que devem envolver outros atores para realizar a atenção integral à saúde dessas pessoas.


Período de Realização
Desde 2018, realizado por 5 anos.

Objetivos
Oferecer suporte clínico-assistencial e pedagógico à PSR; Contribuir para a reflexão da determinação social do processo saúde-doença nas ruas; Oferecer acolhimento e escuta às pessoas invisibilizadas nas ruas.

Resultados
Ao longo destes cinco anos, já foram realizados mais de 500 atendimentos às pessoas com doenças crônicas e infectocontagiosas, síndromes gripais, pediculose, reorganização de pessoas que vivem com hiv/aids e outras infecções, prevenção contra verminoses, além de educação em saúde, construção de projetos terapêuticos singulares e encaminhamentos para as rede de atenção à saúde e psicossocial. O cuidado foi primordial especialmente durante a pandemia, com a vacinação inicial de 140 pessoas com a primeira dose contra a Covid-19.
Além disso, os acadêmicos realizaram um trabalho de educação em saúde, desenvolvido de forma lúdica e direcionado para população em situação de rua. Estas atividades, buscavam discutir temáticas como a desmistificação do Covid-19, através de dinâmicas com “mitos e verdades” sobre a pandêmia. Assim, o público recebeu orientação sobre a redução de danos no contexto em que vive, além de transformá-los em agentes multiplicadores, pois a informação foi disseminada pelos próprios para o seu meio social.


Aprendizados
O estágio foi uma oportunidade de promover saúde, aprender sobre as especificidades desta população e ter uma vivência intersetorial, pois os futuros profissionais precisarão realizar parcerias para o enfrentamento da determinação social do adoecimento, como problemas na limpeza urbana, falta de recursos para a economia solidária e escassez de equipamentos sociais direcionados à PSR.
Mesmo com a dificuldade de aquisição e dispensa de alguns medicamentos, da falta de uma equipe de consultório na rua, do número reduzido de centros de atenção psicossocial – CAPS – e da dificuldade de acesso dos usuários na rede de Atenção à saúde, os alunos puderam ofertar suporte para a população, uma experiência singular de atenção à saúde e observação da determinação social do processo saúde-doença.


Análise Crítica
É importante observar e respeitar as singularidades destas pessoas e seus coletivos, ao enxergar pela ótica da sobrevivência das ruas e estimular sua sobrevivência. Sabe-se que este público é constituído de pessoas vulnerabilizadas, em sua maioria pessoas pretas, muitas com transtornos psicossociais. O futuro profissional de saúde que irá se deparar com essa população não pode deixar de considerar todos os aspectos subjetivos que contribuem para a construção da identidade do sujeito e seu lugar na sociedade (BRASIL, 2012).
A experiência mostrou-se em consonância às novas Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Medicina, que leva em conta aspectos socioculturais, humanísticos e biológicos do ser, considerados de forma interdisciplinar e multiprofissional, reconhecendo as desigualdades sociais frutos do modelo capitalista de produção que se revela ainda mais em momentos de crise sanitária.