48000 - MONITORAMENTO DE UMA INTERVENÇÃO COM EXPANSÃO DAS ESTRATÉGIAS DE TESTAGEM, QUARENTENA E TELEMONITORAMENTO RELACIONADAS À PANDEMIA DE COVID-19 EM MUNICÍPIO DO NORDESTE ANA MARIA FREIRE DE SOUZA LIMA - UFRB, ALCIONE BRASILEIRO OLIVEIRA - UFBA, GERLUCE ALVES - UFBA, THAIS ARANHA ROSSI - UNEB/ UFBA, FABIANE SOARES - UFBA, CARLOS JEFERSON DE MELO SANTOS - UFBA, NATHALIA ALMEIDA SUZART - UFBA, LUANA SOUZA SANTOS - UFBA, SINTIQUE PRISCILA ALVES LOPES - UFBA, CAROLINA PEDROZA DE CARVALHO GARCIA - UNEB, IZABEL CRISTINA NEVES RAMOS - UNEB, SUELEN RIBEIRO SEIXAS - UNEB, LAIO MAGNO SANTOS DE SOUSA - UNEB/ UFBA, VALDILEA GONÇALVES VELOSO DOS SANTOS - INI/FIOCRUZ, MARIA INES COSTA DOURADO - UFBA
Apresentação/Introdução O enfrentamento da pandemia de covid-19 e de outras epidemias mostrou a descentralização da testagem como um dos componentes centrais da vigilância epidemiológica para diagnóstico precoce, rápida vinculação à atenção e controle da transmissão (Magno et al., 2020). A testagem, isolamento de casos e quarentena de contactantes estão entre as medidas mais antigas de vigilância (Slavov et al., 2021). Nesse contexto, a atenção primária à saúde (APS) foi fundamental na ampliação da testagem para covid-19 no Brasil e em vários outros países , uma vez que é porta de entrada preferencial e está presente nas áreas mais remotas do país (Prado et al., 2020). A partir de revisão da literatura, protocolos de distintos países e após realização de análise situacional como produto de avaliação formativa, desenvolveu-se uma estratégia de testagem, isolamento, quarentena e telemonitoramento (TQT). Essa intervenção foi realizada em 17 unidades de saúde da APS em um município do nordeste brasileiro, no período de julho de 2022 a abril de 2023. Também envolveu o desenvolvimento de uma plataforma digital (Sistema TQT), por meio da qual eram registrados os usuários testados, realizado o telemonitoramento dos diagnosticados, rastreio de contactantes, monitoramento da pandemia por mapa situacional e painel com os indicadores epidemiológicos, bem como a formação de trabalhadores e apoio às equipes de saúde para implantação das estratégias de ampliação da testagem, vigilância, telemonitoramento e comunicação em saúde.
Objetivos Apresentar uma proposta de monitoramento de estratégias de testagem e vigilância em Unidades de Saúde da APS e avaliar seus resultados em distrito sanitário de uma capital do nordeste brasileiro.
Metodologia Foi elaborado um modelo lógico da intervenção que embasou a seleção das dimensões e critérios para o monitoramento (Medina et al., 2005), a partir de revisão de literatura, e documentos da Organização Mundial de Saúde, Ministério da Saúde e Secretaria de Saúde do município. Foram levantados os principais problemas relativos à testagem para covid-19, a partir de uma avaliação formativa. Dimensões trabalhadas: (i) Acessibilidade à testagem; (ii) Acompanhamento dos casos e estratégias de vigilância; (iii) Plataforma Digital; (iv) Capacitação e acompanhamento dos processos de trabalho. Fontes de informação utilizadas: diários de campo, plataforma digital, roteiros de observação participante, atas das reuniões e das oficinas de monitoramento. Foram definidos critérios e atividades sistematizados em uma matriz com parâmetros para análise. Obteve-se aprovação do Conselho de Ética em Pesquisa.
Resultados e discussão As estratégias foram desenvolvidas em 17 unidades de saúde, 05 Unidades Básicas (UBS) e 12 Unidades de Saúde da Família (USF), durante seis meses em cada unidade. O monitoramento foi realizado mediante visitas semanais às unidades, e oficinas bimensais com gerentes e profissionais de saúde. Os resultados parciais apontam diferenças no desenvolvimento da intervenção entre UBS e USF. Destaca-se um melhor resultado das USF em componentes onde era esperado protagonismo dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), como atividades de comunicação e educação em saúde nos territórios, identificação de contactantes não respondentes a contato telefônico. A localização da unidade em territórios mais vulneráveis esteve relacionada a interrupções da testagem e outras ações devido a situações de violência urbana. Ressalta-se que equipes mais estruturadas internamente para lidar com os determinantes sociais em saúde por meio de ações intersetoriais que envolvem a comunidade protegeram os seus trabalhadores e a sua população (Almeida et al., 2019). Dentre os aspectos que influenciaram positivamente, destacam-se a melhor infraestrutura física da unidade e experiência anterior da equipe em testagem da covid-19 e vigilância. Houve crescimento do uso sistemático e percepção positiva da plataforma pelos profissionais.
Conclusões/Considerações finais O monitoramento das estratégias possibilitou ajustes no processo de implantação, qualificação do processo de trabalho das equipes, ampliação das ações de comunicação com a população, da testagem e das ações de vigilância, com destaque para o uso da plataforma para o telemonitoramento. Qualificou ainda o modelo lógico da intervenção e produziu informação para subsidiar a avaliação de implantação, etapa em curso. Os resultados apontam que a intervenção foi capaz de induzir mudanças e aprendizados, e que os instrumentos e estratégias fomentados podem vir a ser incorporados ao SUS.
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