47517 - O USO DE METODOLOGIAS ATIVAS NO ENSINO EM SAÚDE COLETIVA E A RELAÇÃO COM A FORMAÇÃO CRÍTICO-REFLEXIVA DE ESTUDANTES DE MEDICINA LUANA GABRIELE NILSON - FURB, DANIELA MAYSA DE SOUZA - FURB, ANA CÉLIA TEIXEIRA DE CARVALHO SCHNEIDER - FURB, LUCIANA BISIO MATTOS - FURB
Contextualização A Saúde Coletiva é central para a formação em saúde e a construção crítico-reflexiva de conhecimento, superação do Modelo Biomédico e alcance da compreensão da saúde com respeito às pessoas e suas singularidades, sob a perspectiva da interdisciplinaridade. Neste contexto, a formação em medicina deve garantir que os estudantes vivenciem e compreendam as necessidades sociais da saúde, com ênfase no Sistema Único de Saúde. No curso de Medicina da FURB, é oferecida a disciplina Interação Comunitária (IC), nas fases 1 a 4, tendo como eixo central a Atenção Básica à Saúde (ABS). Há aulas teóricas e cerca de 40% das aulas ocorre em Unidades Básicas de Saúde (UBS), onde os alunos vivenciam a prática de trabalho nas equipes de ABS e desenvolvem ações de educação em saúde que possam promover transformações nos cenários. As aulas são desenvolvidas com a utilização de Metodologias Ativas (MA) para oportunizar que os alunos sejam protagonistas em seus processos de ensino-aprendizagem, com autonomia e independência. As MA têm foco no processo (interativo, crítico, participativo, reflexivo), onde cada um é visto e fortalecido na sua singularidade e o professor não detém um saber a ser transferido.
Descrição A IC é desenvolvida por três docentes, de forma compartilhada e participativa, articulando o currículo das aulas teóricas aos momentos nos territórios de ABS. Para as atividades práticas, as turmas são divididas em três grupos e cada grupo é acompanhado por uma docente em uma UBS com cenários distintos. No semestre 01/2023 os grupos participaram de atividades de territorialização, diagnóstico situacional e planejamento de intervenções com as equipes, respondendo a demandas dos territórios. Cada grupo de alunos de cada fase escolheu uma temática em parceria com as equipes, estudou, planejou e desenvolveu uma intervenção junto às comunidades, com supervisão docente.
Período de Realização Março a Junho de 2023
Objetivos Oportunizar espaço para a (re)significação de conceitos teóricos e sua aplicabilidade na prática de territórios; estimular o uso de metodologias e atitudes ativas na execução de ações de educação em saúde junto à ABS.
Resultados 12 ações de intervenção: 4 com crianças em Centros de Educação Infantil: vivência para superação do medo de profissionais de saúde; encenações sobre alimentação saudável e higiene das mãos e corpo; vídeo sobre inclusão e respeito às diferenças e folder orientativo sobre Transtorno do Espectro Autista para distribuição; 2 com adolescentes entre 11 e 13 anos em ambiente escolar: oficina e produção de material gráfico sobre Bullying; rotação por estações para conversar sobre Higiene íntima e corporal; 1 de atenção ao Diabetes Mellitus, com usuários de uma UBS, para acompanhamento e orientações; 1 de atualização de material informativo sobre o funcionamento de uma UBS; 4 ações que tiveram como temática disparadora o estímulo ao acolhimento de demandas dos deficientes visuais, com ênfase na melhoria do atendimento médico. Após vivência dos estudantes em uma Associação que atende deficientes visuais no território de abrangência de uma UBS, eles socializaram com os colegas o aprendizado. Os produtos dos estudantes foram: 3 folderes para orientação do atendimento médico respeitoso e seguro para os cegos-; 4 vivências com docentes e colegas, vendando-os e oportunizando experienciar o que foi vivido no ambiente da Associação, correr com guia, acessar escadas, usar bengala; 1 teatro chamando atenção a pontos inadequados relacionados ao atendimento médico a cegos; 1 roda de conversa com estudantes para abordar os principais temas relacionados ao atendimento aos cegos e especificidades da Legislação vigente.
Aprendizados Há desafios ao oportunizar que estudantes sejam protagonistas e autônomos, o que é mais possível em grupos menores de alunos, em relações mais horizontais. Enquanto professores é preciso aprender a perder o controle e sair do centro do processo, buscar fomentar a educação democrática e reaprender com os estudantes. Sob a perspectiva discente, a partir das reflexões compartilhadas no seminário final da disciplina, o aprendizado decorrente do semestre letivo situou entre a empatia, humanização, compaixão, análise crítica do SUS (com suas demandas e especificidades territoriais), o olhar às vulnerabilidades sociais tão distantes do contexto em que os alunos estão inseridos e a possibilidade de associação teórica à prática.
Análise Crítica Nem sempre conseguimos alinhar interesses e contribuir para que todos os estudantes saiam da passividade. No avançar das fases, com a maior aproximação e (re)conhecimento das turmas, os resultados vão se fortalecendo na articulação teoria-prática, nos posicionamentos crítico-reflexivos, na participação em ações na prática do trabalho nas equipes, na apropriação de temas para desenvolver atividades de educação em saúde e com o uso de métodos ativos. Ainda, há o reconhecimento da complexidade da atuação do médico em Saúde da Família, antes vista por alguns estudantes como uma área de atuação com menor valor clínico e/ou status social.
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