Comunicação Oral Curta

02/11/2023 - 08:30 - 10:00
COC3.1 - Práticas formativas e contribuições das CSHS

48224 - FORMAÇÃO PELA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA: CURRICULARIZAÇÃO, CONCEPÇÕES, EXPERIÊNCIAS E TRANSFORMAÇÕES NA TRAJETÓRIA INSTITUCIONAL
RENI APARECIDA BARSAGLINI - UFMT, ALINE CAVALCANTI - UNIFESSPA, JESUS RODRIGUEZ - UNILA, RACHEL LUÍZA SANTOS MOURA - UFBA


Apresentação/Introdução
A prática extensionista não é novidade nas universidades públicas brasileiras, mas ganhou importante inflexão na sua trajetória de institucionalização a partir da Resolução nº 07/2018 do CNE que estabeleceu as diretrizes das atividades acadêmicas de extensão na forma de componentes curriculares dos cursos de graduação. Tal ordenamento vem constituindo oportunidade e desafio à implementação da extensão nos cursos de graduação, especialmente nas contribuições das CSHS, sendo esse processo influenciado pelo histórico e experiência que cada universidade acumula em relação ao tema, a articulação que faz da pesquisa-extensão-ensino e sua relação com a sociedade; de modo que apresentam variados contornos e se encontram estão em diferentes momentos. Tais práticas podem se orientar por diferentes epistemologias, metodologias e ontologias em relação à extensão. Assim, como parte das atividades do Fórum de Graduação em Saúde Coletiva/Abrasco, foi realizado um estudo bibliográfico, do tipo exploratório e descritivo, na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD) onde há maiores detalhes sobre o tema, na BVS e no Google Acadêmico.

Objetivos
Levantar e descrever os embasamentos teóricos e metodológicos, as concepções de extensão nas publicações científicas decorrentes de pesquisas e relatos de experiência sobre a extensão universitária e a respectiva curricularização, com enfoque nos cursos da área de saúde e com interesse especial à graduação em Saúde Coletiva.

Metodologia
As buscas foram realizadas em outubro/2022, nos campos de título, resumo/assunto, empregando-se os termos “extensão universitária and curricularização” e “extensão universitária and currículo” na BDTD (16 publicações, sendo 04 teses e 12 dissertações); “curricularização and extensão” na BVS (05 publicações); “curricularização and saúde” e “curricularização and Saúde Coletiva” no Google Acadêmico delimitado por 2018/ano da referida Resolução (163 publicações). Para a seleção e classificação, foram lidos os títulos e resumos das publicações.

Resultados e discussão
As teses e dissertações foram organizadas em três grupos quanto aos enfoques: reflexão teórica e conceitual; reflexão de experiências de projetos específicos de extensão; avaliação de implementação da extensão universitária. Embora o marco fosse 2018, incluímos produções anteriores que forneceram histórico da prática extensionista quanto à trajetória com os marcos institucionais e a problematização das concepções da extensão. Vimos, assim, as influências internacionais que localizam o surgimento do conceito de extensão universitária desde no século XIX na Inglaterra, e uma fase pré-extensionista e assistencialista (dirigida aos pobres) com práticas nas universidades medievais com ações de caráter religioso e filantrópico. No contexto europeu consta a extensão por meio da prestação de serviços, visando diminuir a pressão dos movimentos sociais. Em contraste, na América Latina, destaca-se em 1918 o movimento estudantil de Córdoba/Argentina como ação revolucionária que previa a libertação das nações latino-americanas dos domínios europeus – um explícito impulso decolonial e contra-hegemônico da extensão com seu compromisso com a emancipação e a transformação social. Neste sentido, será uma vertente nacional importante inspirada em Paulo Freire e vinculação com a Educação Popular que descentrará os saberes-fazeres-pensares acadêmicos, reconhecendo outras formas e expressões do conhecimento em defesa de relações dialógicas e horizontais entre elas. No Brasil publicações citam influências de modelos europeus e estadunidenses (versões assistencialistas) datados de 1911 e passam pelas Reformas Universitárias brasileiras. Aponta-se como marco histórico e documental a criação do Fórum de Pró-reitores de Extensão das Instituições Públicas de Educação Superior em 1987 em clima de democratização (ano anterior a CF) com os respectivos Encontros Nacionais (1987-2012) e relatórios finais, bem como o Plano Nacional de Extensão/2001 e a Política Nacional de Extensão/2012. Quanto às experiências são trazidos projetos específicos em que o papel da extensão na formação é salientada por ser significativa imprimindo concretude na articulação com as teorias. Ponto que parece nevrálgico se refere ao financiamento das ações extensionistas e receberam atenção nas publicações.

Conclusões/Considerações finais
A curricularização da extensão induz ao fortalecimento da relação universidade-sociedade, melhor entendimento de sua função social e reconhecimento de outros saberes, contudo, sua efetivação depende de escolhas entre modelos mais e menos comprometidos com a transformação social, a descolonização dos saberes e práticas. Não sendo novidade na universidade, há de considerar as continuidades e descontinuidades da inserção da extensão nos cursos de graduação e para além dela (na pós-graduação), nas práticas interprofissionais e no contexto da criação e utilização de novas tecnologias (pensando seus usos, a democratização de seu acesso e a base social que as referenciam).