02/11/2023 - 08:30 - 10:00 COC30.1 - Saúde Coletiva, território e participação popular |
45955 - GRUPO DE ADOLESCENTES: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA NUM PROGRAMA DE RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL PAULA HELEN SANTIAGO SOARES - ISC/UFBA, MURIELE MASCARENHAS LIMA - EBMSP, THALITA CAIRES VIEIRA - EBMSP
Contextualização A partir de uma proposta de uma unidade que segue modelo semelhante à Estratégia de Saúde da Família (ESF), cuja premissa básica é a promoção de saúde e prevenção de agravos, assim como uma nova concepção de saúde através de uma abordagem mais ampla, com base na integralidade, considerando o indivíduo e sua família como constituídos por múltiplas dimensões biopsicosocioespiritual surgiu o Complexo Comunitário Vida Plena 1 (CCVP 1). Uma unidade docente assistencial idealizada e mantida pela Sociedade Hólon em parceria com a Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública que atua na comunidade de Pau da Lima há mais de vinte anos, um bairro popular surgido na década de 70, que faz parte da base territorial do Distrito Sanitário de Pau da Lima na cidade de Salvador-Bahia, atuando em uma área adscrita com quase 6.000 famílias cadastradas. O CCVP 1 adota uma abordagem multiprofissional, na qual diferentes categorias complementam seus saberes, proporcionando uma assistência diferenciada e humanizada. Alguns estudiosos já apontam as dificuldades que vêm sendo encontradas no tratamento do sujeito ao utilizar a abordagem tradicional (CAMPOS, 2003). Sendo assim, faz-se necessário a ampliação da clínica, abordando todos os aspectos do sujeito evidenciando a “teia” da vida. Em 2005, foi criado o programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família financiado pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (SESAB) e o campo de prática é o CCVP 1. A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) trás que é responsabilidade deste nível de atenção a articulação de tecnologias de cuidados individuais e coletivas, a fim de ser mais resolutiva e atender as demandas de saúde de toda a população.
Descrição Neste sentido, os grupos são estratégias de cuidado em saúde tendo em vista as ações de prevenção e promoção que podem ser desenvolvidas e são previstas pelo Ministério da Saúde (MS). As atividades de grupos podem contribuir para o monitoramento da situação de saúde dos usuários e diminuição da demanda por consultas, além do desenvolvimento de características como cooperação, vínculos, comunicação, adaptação crítica e reflexiva à realidade entre os participantes. O grupo acontece uma vez por semana, com horário e dia de funcionamento previamente definidos. Considera-se a adolescência como uma importante fase do ciclo de vida, tendo em vista às intensas transformações físicas, cognitivas e psicossociais. E por isso, necessita de um cuidado integral que promova a saúde e a autonomia dessas pessoas. No entanto, a literatura demonstra que muitas vezes a assistência ocorre de forma fragmentada, baseada no modelo biomédico e com temáticas restritas a questões ligadas à sexualidade ou ao uso de substâncias psicoativas (SILVA; ENGSTROM, 2020). O público-alvo do grupo são adolescentes moradores do bairro Pau da Lima, com faixa etária entre 12 e 18 anos, que estavam previamente inscritos no Centro de Educação Livre Vida Plena ou encaminhados pelos profissionais do serviço a partir dos atendimentos ambulatoriais.
Período de Realização Os encontros aconteciam às sextas-feiras pela manhã com duração de 1h e 30 min, contavam com a supervisão de uma psicóloga e a participação de internos do curso de medicina, que também atuavam como co-facilitadores.
Objetivos Relatar a experiência de residentes multiprofissionais (duas psicólogas e uma enfermeira) em um grupo de adolescentes no CCVP 1, entre os meses de abril a novembro de 2021.
Resultados Foram abordados temas como ansiedade, habilidades sociais, prevenção ao suicídio, projeto de vida, redes sociais, alimentação, cultura, comunicação, entre outros, sugeridos pelos participantes. Observou-se que o grupo ofertou uma atenção integral à saúde dos adolescentes, favorecendo a socialização e a construção de vínculos entre os participantes através do compartilhamento de histórias de vida, promovendo a integração destes com a localidade onde residem, estimulando-os a convidarem a rede de amigos para os encontros, continuando os seus cuidados em saúde para além do grupo, com a realização de exames, comparecimento às consultas, práticas de atividades físicas, estimulando-os a desenvolverem um projeto de vida e a darem continuidade aos estudos e investirem em uma formação profissional, sendo reconhecido pelos familiares a importância de participação no grupo
Aprendizados A assistência aos adolescentes muitas vezes é prejudicada pelos estigmas associados e pelo despreparo dos profissionais de saúde para lidarem com este público. Desta forma, a experiência no grupo de adolescentes fez cumprir a proposta de educação permanente preconizada pelo Ministério da Saúde, capacitando as residentes para atuarem com esse público ofertando uma atenção integral, em contraposição ao modelo biomédico.
Análise Crítica A possibilidade dos jovens terem autonomia e o protagonismo diante do seu processo de saúde, identidade e sujeito de direito e articulando com a coletividade do cotidiano.
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