02/11/2023 - 08:30 - 10:00 COC30.1 - Saúde Coletiva, território e participação popular |
46478 - SEMANA DA LUTA ANTIMANICOMIAL 2023: A COLETIVIDADE COMO FORÇA CONTRA PRÁTICAS MANICOMIAIS NA SAÚDE MENTAL DE FORTALEZA VINICIUS NOGUEIRA LOPES - UFC - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, MARIANA TAVARES CAVALCANTI LIBERATO - UFC - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, MARTA CLARICE NASCIMENTO OLIVEIRA - UFC - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, MAGDA FERREIRA MENDES - CAPS - CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL, NATÁLIA MATOS DE SOUZA - UFC - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, ALANA MARIA LOBO DE QUEIROZ PINHEIRO - UFC - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, JOÃO PEDRO MORAIS SALES - UFC - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, MARIA MARIANA DE ANDRADE SILVA - UFC - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, CAMILA RIBEIRO DE OLIVEIRA - UFC - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, ANTONIO CAIO RENAN SILVA PENHA - UFC - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, LEVI DE FREITAS COSTA ARAUJO - UFC - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, LUCAS ARAÚJO DA SILVA - UFC - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, ANA THAIS DE ALBUQUERQUE NORÕES BOUTALA - UFC - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
Contextualização O mês de maio celebra um marco importante para a história da Saúde Mental e Reforma Psiquiátrica Brasileira (RPB): a Carta de Bauru. Escrita por usuários, familiares e profissionais da área há mais de 30 anos, a carta tinha o objetivo de reivindicar direitos e denunciar as condições de violência e maus tratos nos hospitais psiquiátricos da época. A partir disso, foi escolhido o dia 18 de maio para a celebração e memória da Luta Antimanicomial no Brasil.
Descrição Pensando nisso, o CAPS Geral da Regional IV de Fortaleza, junto a Fundação Silvestre Gomes, convidou o Pasárgada - Programa de Promoção de Arte, Saúde e Garantia de Direitos, da Universidade Federal do Ceará, o Fórum da Luta Antimanicomial do Ceará, o Departamento de História da Universidade Federal do Ceará, a UECE - Universidade Estadual do Ceará e diversas outras entidades, a realizarem a Semana da Luta Antimanicomial 2023, na cidade de Fortaleza, em alusão ao Dia Nacional da Luta Antimanicomial no Brasil.
Período de Realização A programação da semana aconteceu do dia 15 de maio até o dia 19 de maio de 2023.
Objetivos O objetivo foi de falar, conscientizar e reivindicar direitos dos usuários, familiares e profissionais da saúde mental de Fortaleza, usando da arte e da ocupação da cidade como um caminho possível, celebrando nossa resistência e afeto.
Resultados No primeiro dia, nós, do Pasárgada, fizemos salas de espera no CAPS Geral da Regional IV e Regional II de Fortaleza, no qual temos parceria há muito tempo, para conversar sobre o movimento com os usuários e criar bandeiras em tecido para o ato no dia 18. No segundo dia, no CAPS Geral da Regional II, foi feita uma atividade com os profissionais do serviço (psicólogas, psiquiatrias, massoterapeutas, farmaceuticas, enfermeiras) a respeito do movimento, com a criação de um cartaz e um debate sobre a importância do trabalho de cada um na formação da saúde mental. No terceiro dia, junto ao Theatro José de Alencar, patrimônio cultural da cidade de Fortaleza, compomos a programação do “Theatro de Portas Abertas” com o título “Theatro de Portas Abertas para a Saúde Mental”. Historicamente, no dia 17 de cada mês, o Theatro José de Alencar abre suas portas para a população, onde todos podem entrar e participar de programações gratuitas. Fizemos, na programação, a terceira mostra da exposição “Desambula: para que o desejo possa fluir”, trabalho realizado com a artista do CAPS Geral IV em parceria com o Pasárgada, com produções dos usuários desse serviço. Só a exposição contou com cerca de 296 visitantes, incluindo CAPS de outros municípios. Além disso, o evento ofereceu 8 oficinas, feira solidária, práticas integrativas comunitárias, show de talentos, teatro de rua e show de encerramento da CIA Crisálida de Teatro. No dia 18 de maio, dia da Luta Antimanicomial, fizemos a II Parada do Orgulho Louco na Praça do Ferreira, centro da cidade, onde há uma grande movimentação de pessoas. Diversos coletivos, universidades, profissionais e usuários tanto de Fortaleza, quanto de regiões metropolitanas, se reuniram para a parada, com a formação de uma bandeira de tecidos produzidos nos serviços e performances artísticas. Em cortejo, fomos até a Secretária de Saúde onde foi entregue um manifesto com reivindicações para a saúde mental. No último dia, pela manhã, foi feito na UECE uma palestra com o professor Jackson Sampaio, ex-reitor e referência na política de saúde mental no Ceará; à tarde, na UFC, uma mesa redonda com o tema “Quando a Arte Encontra a Luta”, com artistas, usuários e profissionais dos serviços, pensando a arte atrelada a história da saúde mental de Fortaleza.
Aprendizados Podemos pontuar o quanto esse movimento foi valioso para o grupo e para a universidade como um todo, pois não ficamos apenas na psicologia, visto que saímos para outros cursos e lugares. Momentos como esse, de celebração, mas também de luta, reavivam as discussões que ainda hoje são extremamente atuais, principalmente quando práticas de cuidado manicomiais ainda perduram. Ainda, essa coletividade na construção também traz novas pessoas para o movimento, tanto as que utilizam os serviços, como também as que estão à parte destes. Quando costuramos a bandeira no meio da praça, composta por múltiplas intervenções feitas pelos usuários de diversos serviços, pôde-se demarcar um símbolo materialização desse desejo de coletividade tão caro à luta.
Análise Crítica Diante dessas produções, ao falarmos da história da RPB, a necessidade de voltar olhares para além do eixo sul-sudeste fica em cena, à medida que outras regiões, como Fortaleza, também têm seu lugar na história e principalmente nas lutas cotidianas do movimento da luta. É preciso historicizar nossas práticas e demarcar esse lugar enquanto construção coletiva para que as práticas de enclausuramento cotidianas, como as comunidades terapêuticas, por exemplo, possam ser quebradas e a lógica do cuidado em liberdade possa se fortalecer a partir de práticas que desmanicomializem a vida.
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