47799 - PANDEMIA DA COVID-19 NA SAÚDE MENTAL DE ESTUDANTES DO SERTÃO PERNAMBUCANO MARIA EDUARDA SOARES DA SILVA - FIOCRUZ/IAM, ISLANDIA MARIA CARVALHO DE SOUSA - FIOCRUZ/IAM, FERNANDA ELIZABETH SENA BARBOSA - FIOCRUZ/IAM, MARIA ALANDELÂNIA SIMPLICIO SOUZA - FIOCRUZ/IAM, MARIA ILAIDE CARVALHO DE SOUZA - EREM BARÃO DE EXU, RAMISIA LUCAS MOREIRA - EREM BARÃO DE EXU, LUCÉLIA DA SILVA LIMA - ESCOLA ESTADUAL SÃO VICENTE DE PAULA, LUCIANA DE PAULA DOS SANTOS GONÇALVES - EREM BARÃO DE EXU, JOSÉ IGOR DE MOURA SOUZA - EREM BARÃO DE EXU, THIAGO HENRIQUE DA SILVA BRITO - FIOCRUZ/IAM
Apresentação/Introdução A pandemia da Covid-19 impactou a vida da população em diversos aspectos, no que se refere à saúde mental, com aumento na prevalência de casos de depressão e ansiedade (KUMAR; KUMAR; BRYDGES, 2023). Nas escolas os estudantes foram submetidos a um processo de isolamento e ensino remoto com consequências e danos percebidos no aumento do sofrimento mental e desempenho. Nesse sentido, este estudo realizou um mapeamento das consequências na saúde mental dos estudantes decorrentes do período da pandemia e suas implicações na comunidade escolar.
A motivação desta pesquisa partiu da gestão das escolas, pois o objetivo inicial da equipe era investigar o conhecimento dos estudantes sobre o SUS e APS. Durante as reuniões com foi relatado pela gestão dificuldades em lidar com as repercussões da pandemia no retorno ao ensino presencial. Assim, foi construída uma proposta de pesquisa para realizar o diagnóstico de saúde mental dos estudantes pós-pandemia para construir plano de ação.
Objetivos Identificar como a pandemia da covid-19 afetou a saúde mental de estudantes do sertão pernambucano.
Metodologia Trata-se de um estudo exploratório descritivo realizado no município do Exu/PE com estudantes do Ensino Médio de 2 escolas estaduais, apresentadas como “escola 1” (772 estudantes) e “escola 2” (433 estudantes). A coleta ocorreu de 27/10/22 a 28/10/22 por meio de questionário via Google Forms disponibilizado para os estudantes. Houve apoio de pesquisadoras locais que realizaram a sensibilização sobre a importância da pesquisa com ida presencial nas salas de aulas. Das 15 perguntas, 13 foram fechadas sobre questões sociais, impacto da covid-19 e experiências de cunho afetivo-emocional com relação à escola. As questões abertas versaram sobre o papel da escola durante a pandemia e como a escola poderia ajudar em sua saúde. Os dados foram analisados em software estatístico. Foi realizada validação dos resultados com a gestão e docentes em novembro/2022 das duas escolas com apresentação e discussão sobre possíveis análises e aprofundamento dos achados. Em abril/23 os dados finais foram apresentados para os estudantes em rodas de conversa divididas por turma, sem a presença de direção e corpo docente, a fim de ampliar as reflexões e realizar devolutiva e validação.
Resultados e discussão Dos 474 estudantes que responderam, 286 (60,3%) são da escola 1 e 188 (39,6%) da escola 2. A maioria são do sexo feminino (58%), tem idade entre 14 a 17 anos (83,8%), negros(as) (67,1%) e declararam alto impacto da pandemia na atividade escolar (32%), em uma escala de 0 a 10. 23,8% dos estudantes tiveram covid, 78,5% tiveram algum parente que contrariam a doença
Algumas falas demonstraram como a pandemia e o ensino remoto atrapalhou o desenvolvimento das habilidades que naturalmente eram desenvolvidas no ambiente escolar: “A pressão escolar atrapalhou minha recuperação do episódio depressivo”, “a escola não ajuda em nada, não prioriza a saúde mental dos estudantes, não estão nem aí pra a "saúde mental", “Ferra mais a minha cabeça”.
Dentro os efeitos destacam-se o impacto na capacidade de aprendizagem, efeitos emocionais e físicos que podem durar longo período. As falam ressaltam os efeitos da pandemia e os métodos de ensino sob a saúde dos estudantes.
Outro recorte de falas retrata a necessidade de suporte profissional: “com atividade que poderia funcionar como "terapia", ou acompanhamento individual com psicólogos”, “ter programas que ajudasse os alunos a controlar sua ansiedade ou algo do tipo. Muitas das vezes não nos sentimos bem em chegar e nos abrir com alguém.”, “deveriam direcionar um profissional para quando os alunos se sentissem angustiados, desconfortáveis com ansiedade e medo.”
No decorrer das falas nota-se a necessidade de suporte profissional à saúde mental nas escolas, para que haja direcionamento eficaz, com conversas, palestras e momentos de descontração, com base nas demandas dos estudantes.
Conclusões/Considerações finais Os impactos da pandemia na saúde mental dos estudantes são perceptíveis e mensuráveis, no entanto, sabe-se que as consequências seguem a médio e longo prazo. O aumento dos casos de sofrimento mental entre os estudantes também está associado às recentes mudanças na forma de ensino, com os desafios do Novo Ensino Médio, tempo integral, preparativos para realização do ENEM e as questões inerentes desta faixa etária. É necessário realizar ações articuladas entre a comunidade escolar, família, serviços de saúde considerando a autonomia e participação dos estudantes no planejamento e execução das atividades, a fim de suprir as necessidades destes.
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