02/11/2023 - 08:30 - 10:00
COC32.3 - Desafios na RAPS |
46671 - MEMÓRIAS DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE MENTAL SOBRE O CUIDADO À FAMÍLIA DE ALCOOLISTAS NO CONTEXTO PANDÊMICO
THAINAN ALVES SILVA - UESB-JEQUIÉ, EDMEIA CAMPOS MEIRA - UESB- JEQUIÉ, PATRICIA ANJOS LIMA DE CARVALHO - UESB-JEQUIÉ, LEILA GRAZIELE DE ALMEIDA BRITO - UESB-JEQUIÉ, VANESSA MEIRA MAIA - UESB-JEQUIÉ, EDITE LAGO DA SILVA SENA - UESB-JEQUIÉ
Apresentação/Introdução
A pandemia da Covid-19 acarretou consequências físicas e psicológicas para a sociedade. Atualmente, centenas de pessoas são diagnosticadas com ansiedade e depressão como resultado do período de medo e estresse vivido.
O aumento do consumo de álcool e sua relação com maior instabilidade familiar também foi tema estudado por pesquisadores nesse período.
Frente a essas repercussões, em especial para famílias de alcoolistas, torna-se relevante intensificar ações para proteção da saúde mental e reabilitação psicossocial.
Objetivos
Diante dessa discussão, formulou-se como objetivo do estudo o seguinte: Compreender o sentido da memória de profissionais de saúde sobre o cuidado aos familiares de alcoolistas no contexto da pandemia de Covid-19.
Metodologia
Este estudo faz parte do projeto de pesquisa intitulado “O sentido da memória de familiares em relação de convivência e cuidado com o alcoolismo crônico”, submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e aprovado sob o parecer número 3.233.649/2019.
Trata-se de um estudo qualitativo, no qual se utilizou como aporte teórico o Paradoxo do tempo estudado por Henri Bergson.
Participaram oito profissionais de saúde mental de um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras drogas (CAPS AD) localizado em um município do interior da Bahia, Brasil, nos meses de outubro a dezembro do ano de 2020.
Diante do momento pandêmico, a pesquisa que inicialmente foi desenvolvida de forma presencial, passou a ser realizada em ambiente virtual, oportunizada pelo uso do aplicativo do WhatsApp, que a partir de chamadas de vídeos possibilitou a interação entre pesquisador e participante. O instrumento utilizado para a produção dos relatos foi a entrevista semiestruturada, a qual permitiu responder às perguntas de investigação. As informações produzidas por meio das entrevistas foram submetidas à Análise de Conteúdo Temática elaborada por Laurence Bardin.
As diretrizes e normas regulamentadoras estabelecidas pela Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) foram seguidas para garantir os direitos dos participantes.
Resultados e discussão
A pesquisa resultou na elaboração da categoria temática Repercussões da pandemia no cuidado à família de alcoolistas crônicos, que foi subdividida em duas subcategorias: Possibilidades de cuidado à família na pandemia da Covid-19 e Obstáculos ao cuidado à família na pandemia da Covid-19.
As memórias dos profissionais de saúde mental demonstram que a capacidade de enfrentar a pandemia, adaptar-se a ela e continuar prestando serviços de qualidade perpassa pelo reconhecimento do serviço como unidade indispensável para cuidado humano no contexto da atenção psicossocial.
Conforme os relatos desses profissionais, a utilização das tecnologias disponíveis, como ligações telefônicas ou contato via aplicativo WhatsApp, possibilitaram a comunicação com o usuário e sua família, bem como a manutenção de vínculos e cuidado do ponto de vista psicossocial.
Nessa perspectiva, o CAPS AD, é considerado essencial pela equipe que o integra. As memórias dos participantes deste estudo confirmam a importância da manutenção das ações de atenção psicossocial no contexto da pandemia de Covid-19. A interpretação dessas memórias à luz do paradoxo do tempo de Bergson faz entender que o passado e o presente são contemporâneos, na medida em que momentos já vivenciados influenciam nas experiências atuais.
Contudo, as memórias dos profissionais que participaram do estudo revelam que a pandemia se configurou como fator de risco para o adoecimento mental, especialmente pelo medo de ser infectado pelo vírus e pela necessidade do isolamento social.
As experiências de cuidado desses profissionais, mostram que a pandemia contribuiu para o aumento do consumo do álcool e, consequentemente, para recaídas dos usuários em processo de reabilitação. Além disso, as mudanças na rotina diária das pessoas colaboraram para o aumento da ocorrência de sintomas depressivos, ansiedade e estresse.
Desse modo, os relatos comprovam que alcoolistas e suas famílias estão mais propensos ao adoecimento mental, e por isso, necessitam de atendimento e da resolutividade do CAPS AD.
Conclusões/Considerações finais
A pesquisa evidenciou que a pandemia impactou na saúde mental das pessoas alcoolistas e suas famílias. As mudanças no funcionamento do CAPS AD, com suspensão das suas atividades, refletiram no estabelecimento do cuidado segundo a perspectiva biopsicossocial.
Diante das repercussões desse momento no cenário da saúde pública, a adaptação das atividades assistenciais em saúde mental oferecidas no CAPS AD foi fundamental para a continuidade dos processos de cuidado que, desde então, foi desenvolvido de maneira remota. Torna-se, imprescindível compreender os impactos da pandemia para a saúde mental de famílias de alcoolistas e divulgar as estratégias exitosas para a continuidade da atenção psicossocial.
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