46492 - BYUNG-CHUL HAN E O CAMPO DA SAÚDE: DIÁLOGOS E CONTRIBUIÇÕES ARTUR JUNIOR SANTOS CARDOSO - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SOCIOLOGIA, CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES, UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA, ROGERIO LOPES AZIZE - PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA, INSTITUTO DE MEDICINA SOCIAL HESIO CORDEIRO, UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Apresentação/Introdução Uma das matérias mais lidas da história do jornal/site El País na América Latina, foi publicada em 2018 e fala sobre o filósofo sul-coreano (atualmente vivendo na Alemanha) Byung-Chul Han. A matéria em questão aponta Han como um “filósofo que se tornou viral”, devido à sua popularidade impressionante, que extrapola os ambientes acadêmicos. No Brasil, especificamente, essa viralidade é notória: de 2015 até hoje, foram mais de 20 livros publicados em português; artigos científicos das mais variadas áreas do conhecimento que lançam mão do pensamento do filósofo; além da produção de conteúdo, através de redes sociais, que buscam divulgar livros e ideias de Byung-Chul Han. Tendo em vista que a filosofia de Han se debruça sobre o quanto os imperativos de desempenho e produtividade neoliberais, dentro e fora do ambiente de trabalho, afetam a saúde física e mental dos indivíduos e produz uma certa paisagem de sofrimento, este trabalho parte do seguinte questionamento: como o trabalho de Han vem reverberando (e pode reverberar) no campo da Saúde Coletiva?
Objetivos O objetivo geral da pesquisa a ser apresentada consistiu em analisar as apropriações da obra de Byung-Chul Han pelo campo da Saúde no Brasil, com ênfase no campo da Saúde Coletiva. Trata-se de uma investigação de discussões científicas e acadêmicas sobre temas relevantes para a Saúde Coletiva que envolvem o pensamento do filósofo sul-coreano, publicadas nos últimos anos. Busca-se identificar em quais temas em saúde os conceitos e os livros de Han são utilizados e de que maneira isso é feito. A partir disso, propomos entradas e leituras possíveis da obra de Han para o campo de estudos de trabalho e saúde.
Metodologia A partir de um levantamento bibliográfico feito na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Periódicos Capes, SciELO e Google Acadêmico, com o auxílio das palavras-chaves “Byung-Chul Han”, “Morte”, “Desempenho”, “Violência”, “Depressão”, “Psicopolítica”, “Sociedade do Cansaço”, “Saúde” e “Sofrimento”, selecionamos 35 artigos científicos que citam o filósofo, com temas relevantes para o campo da Saúde Coletiva e que foram analisados na pesquisa.
Resultados e discussão A partir dos artigos selecionados no levantamento bibliográfico, nota-se que a filosofia de Han dialoga com um amplo arsenal de temas que permeiam o campo da Saúde Coletiva. O autor foi acionado em discussões que: problematizam o discurso psiquiátrico e psicológico acerca do sofrimento; avaliam os impactos sociais dos dispositivos em Saúde Mental; analisam a medicalização da vida e a epidemia de drogas psiquiátricas; evidenciam as novas formas de violências produzidas pelo ideário neoliberal; e que relacionam a paisagem contemporânea de sofrimento, sobretudo mental, com o modelo de produção econômico-capitalista atual. Grande parte é composta por artigos recentes, sendo 71% do levantamento bibliográfico é constituído por artigos que debatem temas variados a respeito da pandemia de Covid-19, contextos de trabalho, saúde do trabalhador e processos de subjetivação. Entretanto, apesar de a pesquisa indicar que o filósofo sul-coreano tem sido utilizado em artigos com temáticas pertinentes à Saúde Coletiva, apenas 1 dos 35 artigos que compõem o levantamento bibliográfico foi publicado em uma revista específica do campo. A maior parte (18%) dos artigos foram encontrados em periódicos de Ciências Sociais.
Conclusões/Considerações finais Os conceitos e obra de Byung-Chul Han permitem diálogos com várias áreas, inclusive a Saúde Coletiva. No entanto, a pesquisa revela que, apesar do suposto caráter “viral” do autor e do volume das suas publicações em português desde 2015, parece haver pouca receptividade no campo à sua obra, se levarmos em conta o levantamento bibliográfico realizado. Este trabalho mostra que há muito a ser explorado na relação entre o filósofo sul-coreano e o campo da Saúde Coletiva, levando em conta temas, referenciais teóricos e perspectivas do autor. Isso vale especialmente para a interface entre saúde, trabalho e modos de subjetivação, para a qual o autor tem uma especial atenção e contribuição.
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