Comunicação Oral Curta

02/11/2023 - 08:30 - 10:00
COC33.2 - Política de ST / VISAT e Precarização do Trabalho II

47719 - AVALIAÇÃO DE PROGRAMAS DE PROMOÇÃO DA SAÚDE NO AMBIENTE DE TRABALHO COM O INSTRUMENTO CDC HEALTH SCORECARD EM UMA AMOSTRA DE INDÚSTRIAS BRASILEIRAS
IZALTINA ADÃO - UFSC, ÁLVARO ESCRIVÃO JUNIOR - FGV, ALBERTO JOSÉ NIITUMA OGATA - FGV, CLÁUDIA FLEMMING COLUSSI - UFSC


Apresentação/Introdução
O local de trabalho é um espaço importante para que existam programas de promoção da saúde e prevenção de doenças. Para a Organização Mundial da Saúde um ambiente de trabalho saudável é aquele em que os trabalhadores e gestores colaboram para um processo de melhoria contínua de proteção e promoção da segurança, da saúde e do bem-estar de todos. Líderes empresariais têm um papel fundamental no planejamento e na criação de ambientes de trabalho saudáveis. Os cuidados com a saúde física, psíquica e a qualidade de vida dos trabalhadores precisam estar na pauta das organizações. Investir na promoção da saúde é uma oportunidade de enfrentamento do grande desafio imposto pelo envelhecimento populacional e pelas doenças crônicas não transmissíveis.

Objetivos
Esse trabalho tem o objetivo de apresentar os programas de promoção da saúde no ambiente de trabalho ofertados em 114 indústrias do estado de Santa Catarina.

Metodologia
O estudo caracterizou-se como uma pesquisa quantitativa de caráter observacional descritivo. Foi utilizado o instrumento Worksite Health ScoreCard (HSC) do Centers for Disease Control and Prevention (CDC), traduzido, aculturado e validado no Brasil, com perguntas de estratégias baseadas em evidências, melhores práticas e intervenções que fazem parte de uma abordagem abrangente de saúde no local de trabalho. Trata-se de uma ferramenta ampla sobre tópicos de saúde e fatores de risco, que abrange: suporte organizacional, controle do tabagismo, nutrição, atividade física, controle de peso, gerenciamento do estresse, depressão, pressão arterial elevada, colesterol alto, diabetes, resposta de emergência ao ataque cardíaco, acidente vascular cerebral, apoio à lactação, recursos comunitários, doenças previníveis por vacinação, saúde e segurança no trabalho. Esses dezesseis domínios possuem 125 questões dicotômicas e objetivas sobre a existência de intervenções específicas no local de trabalho. No sistema de pontuação do HSC, os valores variam de 1 a 3 pontos (onde 1 = bom, 2 = muito bom e 3 = ótimo). Este valor em pontos reflete o potencial impacto que a estratégia tem nos resultados ou comportamentos de saúde desejados e o peso da evidência científica que dá suporte a este impacto. Para calcular a pontuação total do HSC, dos domínios específicos e do escore total são somados os valores dos pesos atribuídos a cada questão que recebeu a resposta “SIM”. As respostas “NÃO” recebem pontuação zero. O escore total pode variar de 0 a 215 pontos.

Resultados e discussão
Os profissionais respondentes da pesquisa foram, em sua maioria, mulheres (64%), trabalhadores da área de recursos humanos (51,8%) ou de saúde e segurança no trabalho (26,3%). Do total das 114 indústrias respondentes, 11,4% eram microindústrias, 43,9% indústrias de pequeno porte, 27,2% indústrias de médio porte, e 17,5% eram indústrias de grande porte. Para cada um dos domínios há uma pontuação máxima possível e na somatória total, dos 114 questionários respondidos, seria possível alcançar 21.432 pontos no máximo. Porém, as 114 indústrias da amostra de Santa Catarina atingiram o montante de 5.054 pontos, uma média de 44 pontos dos 188 possíveis por empresa, o que representa 23,58%. Os domínios com maior incidência de ações no ambiente de trabalho foram: suporte organizacional com 32,99% e controle de tabagismo com 32,69% das ações possíveis sendo ofertadas no ambiente laboral. Os domínios com menor incidência de ações foram nutrição com 12,91% e depressão com 14,04%. A maior pontuação entre as empresas foi de 158 pontos, o equivalente a 84% da pontuação baseada em evidência científica. Apenas 9 indústrias, o equivalente a 7,9%, atingiram mais de 50% da pontuação máxima possível, sendo que dessas, 67% atingiram entre 50% e 70%, e 33% atingiram mais de 70% da pontuação. Entre essas, apenas uma não fornecia plano de saúde para seus colaboradores, 67% eram de grande porte, 22% microempresas, e 0,1% (apenas uma) era de médio porte. As duas empresas que mais pontuaram, entre 80% e 84%, tinham 18 e 130 trabalhadores, respectivamente. A média do impacto nos resultados da amostra do estudo evidenciou que as estratégias e intervenções nos domínios de gerenciamento do estresse, diabetes e pressão alta estão bem abaixo do ideal para que se possa atingir resultados desejados em saúde. Sendo esses domínios os de maior impacto na mudança comportamental e nos resultados organizacionais com o poder de induzir mudanças no estilo de vida voltados a hábitos mais saudáveis.

Conclusões/Considerações finais
A pesquisa evidenciou que os programas de saúde ofertados pelas indústrias participantes não corresponderam aos conceitos de programas abrangentes, com estratégias e intervenções integradas às principais necessidades de saúde e principais causas de afastamentos do trabalho. As estratégias e intervenções aconteceram de forma isolada e não foram priorizadas de acordo com aquelas que são capazes de contribuir com melhores resultados organizacionais e de saúde, que refletem nas principais causas de adoecimentos e afastamentos do trabalho.