02/11/2023 - 08:30 - 10:00 COC34.1 - Vigilância Popular em Saúde e form(ação) junto às populações do campo e das cidades |
47893 - USO DE MÚLTIPLAS FONTES DE ÁGUA E OS DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA VIGILÂNCIA POPULAR DA QUALIDADE DA ÁGUA: UM ESTUDO DE CASO NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO BERNARDO ALEIXO - IRR-FIOCRUZ MINAS, LÉO HELLER - IRR-FIOCRUZ MINAS, SONALY CRISTINA REZENDE BORGES DE LIMA - UFMG
Apresentação/Introdução A agenda de vigilância popular em saúde representa novos desafios para o Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Vigiagua), principalmente em ações com a população do campo, floresta e águas e considerando suas especificidades territoriais, culturais e simbólicas. No contexto do campo, principalmente no semiárido brasileiro, o uso de múltiplas fontes de água é bastante usual e o Vigiagua pode atuar, lançando mão da ecologia de saberes, para garantir qualidade não apenas da fonte principal de água, mas também das fontes secundárias e de uso sazonal. Olhar para esse desafio pode ajudar a pensar arranjos para a construção teórica e operacional de um Viagiagua popular.
Objetivos O objetivo do presente trabalho é avaliar, a partir de um estudo de caso em uma comunidade rural que utiliza de múltiplas fontes de acesso à água, os desafios e oportunidades de construir uma agenda local de vigilância popular para o Vigiagua.
Metodologia Realizou-se um estudo de caso na comunidade Cristais, no semiárido Cearense, avaliando a implantação de um Sistema de Abastecimento de Água (SAA), sob a gestão do Sistema Integrado de Saneamento Rural do Ceará (SISAR/CE), em 2015. A produção de dados deu-se com a aplicação de um questionário estruturado, realização de grupos focais e análises de qualidade da água (Escherichia coli), nas principais fontes de abastecimento de água.
Resultados e discussão No caso da comunidade de Cristais, o uso de múltiplas fontes de água se mantem mesmo com a implantação do SAA. De forma que, com a chegada do SAA, a água proveniente desse sistema é utilizada para beber e preparar alimentos em apenas 62% dos domicílios. Verifica-se que o uso de água da chuva mantem-se predominante após a intervenção, sendo utilizada por 74% dos domicílios. Observou-se também que 34% declararam uso de água mineral e uma diminuição na utilização de água do chafariz e das cisternas coletivas, bem como de outras fontes, de 38% para 8,4% e de 57% para 10%, respectivamente.
Os resultados demonstram que a análise da aceitabilidade da água não pode ser feita de forma isolada no caso de existência de múltiplas fontes, uma vez que a rejeição de uma fonte pode se dar na perspectiva de um uso específico. Nesse sentido, é possível destacar que existe uma lógica de hierarquização das fontes de água na comunidade analisada, que está presente tanto antes quanto depois da intervenção. Destaca-se o fato de que a água do SAA é pouco utilizada para dessedentação humana e a água da chuva é a mais utiliza para esse fim.
Das análises de qualidade microbiológica da água, identificou-se ausência de E.coli na água do SAA, entretanto identificou-se sua presença em 75% das análises nos reservatórios de água da chuva, condição também identificada em 53% das amostras dos chafarizes e das cisternas coletivas. A contaminação da água de chuva deve-se principalmente pelo manuseio da água e a não adoção de algumas práticas de cuidado, como a cloração. De forma geral, os resultados mostram que a construção do SAA não foi suficiente para garantir acesso à água de qualidade do ponto de vista microbiológico, pois há continuidade da prática de utilização de outras fontes que não atendem ao padrão de qualidade para esse aspecto, como os chafarizes, cisternas coletivas e os reservatórios de água da chuva. Isso, por sua vez, reforça a manutenção dos riscos para a saúde das famílias que utilizam tais fontes, principalmente para usos mais nobres, como beber e preparar alimentos.
Conclusões/Considerações finais Os resultados evidenciam que, além da necessária expansão do programa Vigiagua para as áreas rurais, a incorporação de uma visão de vigilância popular nesse programa pode render importantes avanços. No contexto de múltiplas fontes, muito comum na região do semiárido brasileiro, os desafios de construção de um plano de amostragem de qualidade da água tornam-se mais efetivos com a participação da população local e lideranças comunitária. Tal estratégia ajudaria não só a entender as fontes utilizadas e os seus usos, como também a construção de ações que resultem em ampliação de boas praticas de cuidado com a água. Seria garantida assim, maior efetividade do programa, especificamente em contexto de uso de múltiplas fontes, onde a fonte principal não necessariamente é a utilizada para beber e preparar alimentos.
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47893 - USO DE MÚLTIPLAS FONTES DE ÁGUA E OS DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA VIGILÂNCIA POPULAR DA QUALIDADE DA ÁGUA: UM ESTUDO DE CASO NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO BERNARDO ALEIXO - IRR-FIOCRUZ MINAS, LÉO HELLER - IRR-FIOCRUZ MINAS, SONALY CRISTINA REZENDE BORGES DE LIMA - UFMG
Apresentação/Introdução A agenda de vigilância popular em saúde representa novos desafios para o Programa Nacional de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Vigiagua), principalmente em ações com a população do campo, floresta e águas e considerando suas especificidades territoriais, culturais e simbólicas. No contexto do campo, principalmente no semiárido brasileiro, o uso de múltiplas fontes de água é bastante usual e o Vigiagua pode atuar, lançando mão da ecologia de saberes, para garantir qualidade não apenas da fonte principal de água, mas também das fontes secundárias e de uso sazonal. Olhar para esse desafio pode ajudar a pensar arranjos para a construção teórica e operacional de um Viagiagua popular.
Objetivos O objetivo do presente trabalho é avaliar, a partir de um estudo de caso em uma comunidade rural que utiliza de múltiplas fontes de acesso à água, os desafios e oportunidades de construir uma agenda local de vigilância popular para o Vigiagua.
Metodologia Realizou-se um estudo de caso na comunidade Cristais, no semiárido Cearense, avaliando a implantação de um Sistema de Abastecimento de Água (SAA), sob a gestão do Sistema Integrado de Saneamento Rural do Ceará (SISAR/CE), em 2015. A produção de dados deu-se com a aplicação de um questionário estruturado, realização de grupos focais e análises de qualidade da água (Escherichia coli), nas principais fontes de abastecimento de água.
Resultados e discussão No caso da comunidade de Cristais, o uso de múltiplas fontes de água se mantem mesmo com a implantação do SAA. De forma que, com a chegada do SAA, a água proveniente desse sistema é utilizada para beber e preparar alimentos em apenas 62% dos domicílios. Verifica-se que o uso de água da chuva mantem-se predominante após a intervenção, sendo utilizada por 74% dos domicílios. Observou-se também que 34% declararam uso de água mineral e uma diminuição na utilização de água do chafariz e das cisternas coletivas, bem como de outras fontes, de 38% para 8,4% e de 57% para 10%, respectivamente.
Os resultados demonstram que a análise da aceitabilidade da água não pode ser feita de forma isolada no caso de existência de múltiplas fontes, uma vez que a rejeição de uma fonte pode se dar na perspectiva de um uso específico. Nesse sentido, é possível destacar que existe uma lógica de hierarquização das fontes de água na comunidade analisada, que está presente tanto antes quanto depois da intervenção. Destaca-se o fato de que a água do SAA é pouco utilizada para dessedentação humana e a água da chuva é a mais utiliza para esse fim.
Das análises de qualidade microbiológica da água, identificou-se ausência de E.coli na água do SAA, entretanto identificou-se sua presença em 75% das análises nos reservatórios de água da chuva, condição também identificada em 53% das amostras dos chafarizes e das cisternas coletivas. A contaminação da água de chuva deve-se principalmente pelo manuseio da água e a não adoção de algumas práticas de cuidado, como a cloração. De forma geral, os resultados mostram que a construção do SAA não foi suficiente para garantir acesso à água de qualidade do ponto de vista microbiológico, pois há continuidade da prática de utilização de outras fontes que não atendem ao padrão de qualidade para esse aspecto, como os chafarizes, cisternas coletivas e os reservatórios de água da chuva. Isso, por sua vez, reforça a manutenção dos riscos para a saúde das famílias que utilizam tais fontes, principalmente para usos mais nobres, como beber e preparar alimentos.
Conclusões/Considerações finais Os resultados evidenciam que, além da necessária expansão do programa Vigiagua para as áreas rurais, a incorporação de uma visão de vigilância popular nesse programa pode render importantes avanços. No contexto de múltiplas fontes, muito comum na região do semiárido brasileiro, os desafios de construção de um plano de amostragem de qualidade da água tornam-se mais efetivos com a participação da população local e lideranças comunitária. Tal estratégia ajudaria não só a entender as fontes utilizadas e os seus usos, como também a construção de ações que resultem em ampliação de boas praticas de cuidado com a água. Seria garantida assim, maior efetividade do programa, especificamente em contexto de uso de múltiplas fontes, onde a fonte principal não necessariamente é a utilizada para beber e preparar alimentos.
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