02/11/2023 - 08:30 - 10:00 COC34.1 - Vigilância Popular em Saúde e form(ação) junto às populações do campo e das cidades |
48234 - DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIAS DE VIGILÂNCIA POPULAR E CUIDADO EM SAÚDE JUNTO A UM GRUPO DE MULHERES EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE ANA REGINA BARBOSA - FIOCRUZ - GEREB/EFG, TAINÁ MARIA LINA FREIRE - UFC, LÍGIA REGINA FRANCO SANSIGOLO KEER - UFC, ANA CLAUDIA DE ARAUJO TEIXEIRA - FIOCRUZ/CEARÁ, CARLA NAYRA SOUSA DO NASCIMENTO - IFCE, LEIDIANE SOUSA RODRIGUES - COMUNIDADE, FERNANDO FERREIRA CARNEIRO - FIOCRUZ/CEARÁ
Apresentação/Introdução A oferta pelo Estado de serviços de forma vertical e centralizada, ou seja, distante do cotidiano dos grupos populares marginalizados têm servido como estímulo a iniciativas de Vigilância e Cuidado Popular na defesa da vida. As disparidades econômicas são reconhecidamente parte do processo saúde-doença, e se manifestam das mais variadas formas, atingindo principalmente os grupos mais vulnerabilizados. Sabe-se que a implementação de políticas públicas de saúde é necessária para que ocorra processo de vigilância em saúde, que inegavelmente traz benefícios e avanços à saúde populacional. No entanto, por vezes, essa atividade apresenta-se ainda com um viés fiscalizador, gerando um distanciamento da autonomia da população sobre a própria saúde (SEVALHO, 2016).
O protagonismo social é impossibilitado por várias barreiras impostas de forma a impedir a produção de um cuidado autônomo e crítico. A desigualdade social e as negligências enfrentadas pela classe trabalhadora, na qual as mulheres são as mais afetadas, muitas vezes, impede o acesso à informação para uma tomada de consciência crítica sobre o cuidado que é ofertado. Desta forma, ao enfrentarmos crises sanitárias como Sars-Covid 2, encontramos dificuldades para articular ações de combate ao vírus, pois as estruturas de poder funcionam de forma vertical, sem conseguir incorporar ações em conjunto com a comunidade.
Objetivos Contribuir com a construção de uma vigilância a saúde mais participativa e dialógica.
Metodologia A metodologia utilizada foi de natureza qualitativa, por meio de uma pesquisa-ação, baseada na participação dos indivíduos com o propósito de realizar uma construção compartilhada do saber que inclui o “pensar e fazer com” as comunidades. Foi realizada com um grupo de 15 mulheres, com as quais foram executadas oficinas guiadas por perguntas norteadoras: “Quais os elementos/dimensões que promovem/favorecem a vida e a saúde das comunidades?” e “Quais os elementos/dimensões que ameaçam a vida e a saúde das comunidades?”. Em seguida, utilizou-se a técnica de cartografia social para a construção coletiva de uma Mapa Social do território de pesquisa, identificando os elementos que ameaçam, bem como os que promovem a vida e a saúde na comunidade de acordo com o grupo. O produto cartográfico (mapa social), teve uma construção participativa, intervencionista e crítica como princípios básicos.
Para o enfrentamento dos elementos ameaçadores e potencializar os promotores foi elaborado um plano de ação com o grupo de pesquisa. O Plano de Ação foi estruturado com base nas categorias de Pessoa (2010, p. 242), no qual os elementos foram agrupados por aproximação temática uma vez que a resolução de um elemento de ameaça como o desemprego, em tese poderá resolver o problema da fome.
As oficinas para elaboração do Plano de Ação foram realizadas em abril e maio de 2022.
Resultados e discussão As vivências nas oficinas mostraram que a partir do conhecimento prático compartilhado é possível gerar ação da comunidade para a comunidade. O fortalecimento do trabalho em grupo efetivou uma experiência prática de Vigilância Popular da Saúde e potencializou a organização popular como fator de proteção à saúde e ambiente evidenciando o território como espaço de análise e intervenção, bem como o aumento da auto estima das mulheres e interesse pelo autocuidado; melhoria da qualidade de vida das pessoas da comunidade; mapeamento de lideranças e potencialidades comunitárias.
Destaca-se que com a finalização das oficinas, por decisão do grupo, o grupo de pesquisa foi nomeado Coletivo de Mulheres da Barra do Ceará e continuam se encontrando mensalmente para executar o plano de ação proposto, realizando articulação com profissionais de saúde e gestores para pensar estratégias de melhoria no serviço de saúde.
A execução do Plano de Ação ainda está em andamento, contudo já é perceptível a importância do intercâmbio de experiências e ideias entre as mulheres, identificando problemas que afetam a saúde da população da comunidade, assim como os entraves no acesso ao serviço de saúde. A potencialização da organização popular como fator de proteção à saúde, evidenciando o território como espaço de análise e intervenção e empoderamento das mulheres para reivindicação de direitos.
Conclusões/Considerações finais A experiência tem mostrado a necessidade de pensarmos ações sistêmicas e integradas entre os serviços de saúde e a população. Isso potencializa a organização popular como fator de proteção à saúde, evidenciando o território como espaço de análise e intervenção. O enfoque participativo como estratégia para a melhoria da qualidade de vida da população sob uma perspectiva crítica e emancipatória tem sido um dos achados mais potentes nessa construção coletiva.
Esta pesquisa contribuiu para a construção de metodologias participativas, mostrando a necessidade de fortalecimento no engajamento dos sujeitos, e dessa forma contribuir para a efetivação do direito à saúde.
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