Comunicação Oral Curta

02/11/2023 - 08:30 - 10:00
COC4.1 - Estigma, discriminação e modos de cuidar em saúde mental.

46268 - RELATO DE EXPERIÊNCIA: O OLHAR DO GRUPO UNIÃO NA SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA
MARIA DE FÁTIMA FERRÃO CASTELO BRANCO - UFPE, JOÃO MARCELO DA SILVA - UFPE, MICAELA ALEXANDRA SPANJER HERFORD DA SILVA - UFPE


Contextualização
O presente relato é uma breve apresentação sobre um grupo com usuários de saúde mental de uma Unidade de Saúde da Família, localizada em uma comunidade do município do Recife. O grupo “União” acontecia de forma ativa antes da pandemia do COVID 19, porém sofreu uma pausa de aproximadamente três anos, até o seu retorno em 2023 por reivindicação dos próprios usuários. Os encontros acontecem de forma quinzenal no Serviço Integrado de Saúde (SIS) da UFPE, localizado nas proximidades da comunidade. A condução e organização do grupo são feitas de forma cooperativa entre três profissionais da USF (enfermeira, médica e dentista), a psicóloga do NASF e cinco residentes de diferentes formações (sanitarista, terapeuta ocupacional, psicólogo, dentista e enfermeira). O relato de experiência beneficia o meio acadêmico e a sociedade, por contribuir na melhoria de intervenções e possibilitar o usufruto de futuras propostas de trabalho (MUSSI et al, 2021).

Descrição
Este relato de experiência é referente ao acompanhamento do Grupo União pertencente a uma Unidade de Saúde da Família do município de Recife/PE, realizado pelos residentes do Programa de Saúde da Família e Comissão de Residência Multiprofissional em Saúde (COREMU-UFPE), tendo como objetivo, melhorar a autonomia, a qualidade de vida e a ressocialização dos usuários. Os autores deste relato participam das discussões, elaboração e execução de propostas para os encontros em seu período de realização, juntamente com a equipe dos profissionais.

Período de Realização
As atividades do grupo foram retomadas em maio de 2023, período posterior ao isolamento social imposto pelas autoridades sanitárias no decorrer da pandemia da Covid 19. As experiências relatadas se estendem até o momento atual. Objetivo: Apresentar as avaliações e críticas a respeito do modelo metodológico no processo de retorno do grupo, observadas a cada encontro e registradas em diário de campo.

Objetivos
Apresentar as avaliações e críticas a respeito do modelo metodológico no processo de retorno do grupo, observadas a cada encontro e registradas em diário de campo.

Resultados
A oportunidade de aproximação com usuários de saúde mental, moradores de uma área de extrema vulnerabilidade socioeconômica, possibilita uma sensibilização por parte dos residentes e profissionais do trabalho multiprofissional em saúde. O retorno do grupo foi dado pela pressão social dos participantes após a ausência de realização das atividades durante o período da pandemia da Covid 19, onde a população de forma compulsória integrou-se ao isolamento social que trouxe impactos negativos importantes para a saúde mental dos usuários. Em nosso diário de campo foram registradas as nossas percepções sobre as declarações dos participantes a respeito da relevância do retorno do grupo, destacando-se os sentimentos de acolhimento, aprendizado e autonomia, uma vez que muitos integrantes do grupo revelam histórias de exclusão social e opressões devido à estigmatização da sua condição de saúde. O contato com histórias reais e de difícil contextualização a respeito dos determinantes sociais de saúde dos participantes no território, trazem desafios importantes para debater as necessidades de integração, participação e realização sociais de atividades de vida diária e autonomia, compreendendo uma visão ampliada de saúde.

Aprendizados
Consideramos importante ressaltar o aprendizado que foi possível através da construção deste trabalho científico a partir de vivências práticas do Programa de Residência Multiprofissional, propiciando o contato entre a produção acadêmica, as práticas profissionais nos serviços de saúde, além da possibilidade de intervir junto às necessidades básicas e afetivas da comunidade.

Análise Crítica
As atividades do grupo passam por diversas dificuldades, desde condições financeiras precárias até a falta de investimento e incentivos para a realização dos encontros. A organização das atividades limita-se ao uso de recursos próprios dos profissionais ou da unidade de saúde.