02/11/2023 - 08:30 - 10:00 COC4.1 - Estigma, discriminação e modos de cuidar em saúde mental. |
47188 - SOBRE UMA INTEGRALIDADE DO CUIDADO POSSÍVEL NA REUNIÃO DE FAMÍLIA EM CAPS AD: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA DE RESIDENTES EM SAÚDE MENTAL MARIA LUÍSA SOARES DE ARAÚJO - UPE, AMANDA LEANDRO MÓES E SILVA - UPE
Contextualização Diante de novas políticas públicas, de uma perspectiva antimanicomial e o novo compreender do cuidado em saúde mental, a reabilitação e a reintegração do sujeito é possível a partir do laço social, ou seja, junto a comunidade e a família (Jorge et al., 2006). Por isso, os serviços de saúde como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) foram criados e intensificados, com equipes multiprofissionais, de modo a promoverem um cuidado ampliado do sujeito em seu território. Nessa perspectiva, o CAPS AD, por exemplo, é um serviço que promove o cuidado daqueles que o sofrimento psíquico advém do uso prejudicial e abusivo de álcool, crack e outras drogas. Neste equipamento, de atendimento multidisciplinar, uma das atividades assistenciais realizadas é a reunião de família, no formato de grupo (Alvarez et al., 2012) na qual familiares, em seu conceito ampliado, ou seja, membros de relações consanguíneas e demais pessoas do laço social dos usuários, participam de um encontro mediado pela equipe do CAPS.
Nessa conjuntura, entende-se sobre família, um sistema complexo e composto por subsistemas integrados e interdependentes, na qual estabelece uma relação bidirecional, com influência direta e indiretamente ao contexto na qual está inserida (Minuchin, 1988). Dessa forma, faz-se relevante estudar sobre as inter relações que os membros familiares mantêm entre si e a integração desse sistema no contexto social, de saúde, histórico e cultural.
Descrição O presente trabalho traz um relato de experiência de residentes de saúde mental, acompanhando e integrando a equipe na reunião de família, pontuando observações sobre o cuidado para além do sujeito, dando voz aos familiares dos usuários admitidos nos serviços.
Período de Realização A experiência ocorreu entre março de 2022 a dezembro de 2022, em reuniões quinzenais.
Objetivos Discutir as formas e a relevância que a rede pode oferecer no cuidado e na escuta familiar dos usuários dos CAPS AD. Sendo esse, fomentador de fatores preventivos e de promoção da saúde mental ao fortalecer o laço social do sujeito e integralizar o cuidado do indivíduo com a rede de apoio. Perceber de que maneira essa família vem caminhando com o lidar com o usuário e com a posição de suporte ao mesmo.
Resultados Entre os relatos, destaca-se a falta de suporte dos familiares, com muitas se encontrando como cuidadoras solos, ou seja, levando em conta um recorte de gênero, mesmo com usuários em sua maioria homens, o grupo fora majoritariamente frequentado por mulheres.
Também discursou-se quanto a dificuldade no manejo e o desejo debater sobre de que forma o familiar pode, dentro do limite de cada um, verdadeiramente, acolher e cuidar de seu usuário. Evidenciando também o sofrimento psíquico em que se encontravam por lidar com situações delicadas, que envolvem grandes níveis de frustração e de investimento biopsicossocial desses familiares.
Aprendizados Faz-se importante pontuar o destaque dos discursos familiares ao desejo pela continuidade de momentos de fala mas também de escuta e acolhimento, passível de explanar vivências e aflições entre os membros do grupo.
Análise Crítica Desse modo, a reunião de família se apresenta como uma ferramenta fundamental para o cuidado desses sujeitos, cuidado ampliado que reforça a saúde do núcleo familiar e comunitário, bem como a reintegração social e a reabilitação psicossocial dos usuários (PEREIRA, 2003). Afinal, a integralidade do cuidado se apresenta no momento em que a rede também encontra espaço de escuta e pode elaborar questões relativas a si própria e ao sujeito usuário.
|
|