46188 - SIGNIFICADOS DE EXPOSIÇÃO AO HIV POR MULHERES PROTESTANTES NA PERSPECTIVA INTERACIONISTA CARLA MARINS SILVA - USP, ANTONIO MARCOS TOSOLI GOMES - UERJ, FERNANDA MARÇAL FERREIRA - USP, THAÍS ROJAS CASTRO - USP
Apresentação/Introdução Apesar da diminuição de novos casos de infecção em grande parte do mundo, o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) ainda atinge uma parcela significativa da população global. E, deve-se pensar na vulnerabilidade de mulheres incluindo questões de comportamento sexual, condições de vida, crenças, etnia, gênero, cultura, entre outros. Considerando as nuances e visões de mundo imbricados nas diferentes crenças e culturas, o HIV é uma Infecção que traz, em sua história, estereótipos marcados por julgamentos morais. Além disso, no âmbito do pertencimento a uma religião, principalmente as cristãs com suas doutrinas e seus dogmas conservadores, as questões ligadas à sexualidade foram frequentemente vinculadas ao matrimônio e à reprodução humana gerando um distanciamento para exposição ao HIV. E, as crenças religiosas, como fé, oração e amor são utilizadas como medidas de prevenção contra o HIV/AIDS.
Objetivos Analisar o processo de interação social destas mulheres com a exposição ao HIV/AIDS, a partir dos significados por elas atribuídos.
Metodologia Pesquisa qualitativa, interpretativa, baseada nos pressupostos teóricos e metodológicos da vertente clássica da Grounded Theory e interacionismo Simbólico. Utilizou-se a técnica “bola de neve” para captação das participantes e a semente foi captada no facebook em grupos de mulheres evangélicas. Para o 1° grupo amostral, foram selecionadas mulheres brasileiras, acima de 18 anos, que professam a religião cristã protestante. Foram excluídas mulheres imigrantes, que já tivessem o diagnóstico de HIV/AIDS e/ou que possuíssem algum transtorno. Foram 22 entrevistas semiestruturadas com os seguintes grupos amostrais: 1. mulheres acima de 40 anos, casadas e ativas na igreja; 2. abaixo dos 40 anos, casadas e ativas na igreja. 3. abaixo dos 40 anos, solteiras e ativas na igreja. 4. abaixo de 40 anos, solteiras e sem participação ativa em pastorais. 5. abaixo de 40 anos, casadas e sem participação ativa em pastorais. 6. de baixa escolaridade, protestantes independentemente da idade ou estado civil. Para interpretação dessa experiência social, realizou-se o processo de análise comparativa. Assim, foram realizadas as codificações aberta, seletiva e teórica nas formas indutiva, comparativa e emergente. Por meio do software ATLAS.TI 9 foram selecionados os trechos de falas (quotations), criação de códigos (codes) e agrupamento de códigos (groups).
Resultados e discussão As evangélicas resgatam o tabu relacionado ao sexo e aos temas relacionados, devido poucas informações sobre sexualidade, doenças e prevenção. As recomendações familiares eram voltadas para o cuidado com o corpo pela castidade e comportamentos não desviantes. E, abordagem básica sobre HIV prioritariamente no âmbito educacional e mídias. Conhecem as formas de transmissão, de prevenção, porém, ainda trazem a ideia de grupos de risco. As participantes significam exposição ao HIV/AIDS a partir de conhecimentos teóricos e senso comum apreendidos ao longo da vida; daqueles influenciados pelas doutrinas ensinadas nas igrejas e, também como uma sentença de morte para outras pessoas. São a favor do diálogo e não imposição, mas, tentam orientar com informações e atitudes para preservação do corpo, com a castidade e sexo em forma de adoração à Deus. Ademais, falam sobre o peso de serem cristãs dentro e fora da igreja, devido às regras e necessidade de dar exemplos. Constantemente pesquisam e reformulam seus pensamentos para entenderem o melhor caminho a seguir diante das situações. Assim, pegam para si as melhores vertentes da igreja e de sua vivência fora da Igreja. Em situações, como prevenção de doenças, tentam ultrapassar os ensinamentos conservadores e buscam por informações científicas. Entendem a igreja como um espaço interessante para debates sobre temas de saúde pública, pelo poder de influenciar seus fiéis. E, assuntos delicados e polêmicos devem ser acolhidos sem tabus, julgamentos ou exclusão. As pessoas devem analisar os riscos que correm e, em relacionamentos complicados, inseguros, não confiáveis e violentos, mesmo em casamentos, devem prever o uso de camisinhas.
Conclusões/Considerações finais Conclui-se que as mulheres cristãs evangélicas filtram o que lhe servem dos ensinamentos cristãos e dos conhecimentos do mundo em equilíbrio. E, recomendam o uso de preservativos quando em relações não condizentes com os ensinamentos cristãos. Evidencia-se as instituições de saúde como espaços promissores para oficinas reflexivas sobre o tema. Assim, pretende-se contribuir para aprimoramento de práticas já existentes nos serviços de saúde e propor outras ações e práticas dirigidas à saúde da mulher e exposição ao HIV, no âmbito intersetorial, envolvendo as instituições religiosas.
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