46221 - GRAU DE INCAPACIDADE FÍSICA IDENTIFICADO EM MULHERES COM ALTERAÇÕES SUGESTIVAS PARA HANSENÍASE NO CONTEXTO CARCERÁRIO INGRID DOS SANTOS SILVA - UNIVASF, CLARA EMANUELLY RODRIGUES DE MENEZES - UNIVASF, EMILY FERNANDES PEREIRA - UNIVASF, RILLARY AMARAL CAMELO CALHEIROS - UNIVASF, THAYSA MARIA VIEIRA JUSTINO - UNIVASF, KALLINY MIRELLA GONÇALVES BARBOSA - UEFS, MICHELLE CHRISTINI ARAÚJO VIEIRA - UNIVASF
Apresentação/Introdução A hanseníase é uma doença infectocontagiosa que acomete a pele e os nervos periféricos, podendo causar incapacidade física. Neste viés, tal agravo pode ser diagnosticado através da avaliação dermatoneurológica, pela palpação dos nervos e pela a estesiometria, que atua como subsídio para a determinação do Grau de Incapacidade Física(GIF). Outrossim, vale ressaltar que o diagnóstico precoce, que favorece o início do tratamento, auxiliando no rompimento da cadeia de transmissão e diminuindo as chances do indivíduo desenvolver uma incapacidade física (BRASIL, 2022).
Ademais, ressalta-se que a transmissão da hanseníase se dá pelas vias aéreas, através do contato íntimo e prolongado com pessoas contaminadas. Posto isto, o cárcere atua como um potencializador na transmissão de doenças infectocontagiosas, pois a configuração do sistema prisional brasileiro é marcada pela superlotação das celas; infraestrutura precária; e dificuldade de acesso das Pessoas Privadas de Liberdade (PPL) aos serviços de saúde (BRASIL, 2022; PEREIRA et al, 2023).
Nesta perspectiva, surge a necessidade de estudos voltados à importância da assistência à saúde no ambiente prisional, a fim de subsidiar a ampliação do conhecimento público acerca dos agravos mais incidentes nesta população.
Objetivos O objetivo deste trabalho é descrever o Grau de Incapacidade Física das PPL alocadas em uma Penitenciária Pública em Petrolina-PE.
Metodologia Refere-se a um estudo quantitativo do tipo retrospectivo transversal realizado através do levantamento dos dados provenientes da ficha de avaliação dermatoneurológica do Prontuário da Pessoa em Situação de Cárcere em Unidades Femininas no período de 02 de maio a 21 de junho de 2023. O cenário da coleta se desenvolveu na Cadeia Pública de Petrolina-PE, sendo executada em junho/2023 pelas pesquisadoras. Foi realizada a análise descritiva dos dados, com a distribuição de frequências absolutas (n) e relativas (%). Salienta-se que o presente estudo está fundamentado nos preceitos da Resolução nº 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e as atividades de pesquisa aprovadas pelo Comitê de Ética sob parecer nº 5.246.073.
Resultados e discussão Mediante a análise dos dados encontrados nas fichas de avaliação dermatoneurológica, observa-se que de um quantitativo de 35 reeducandas residentes da unidade carcerária, 25 haviam realizado a avaliação, entre as quais, 11 apresentavam alterações sugestivas para hanseníase, sendo encaminhadas para o Serviço Especializado de Infectologia de Petrolina (SEINPE) para a confirmação do diagnóstico e início do tratamento. Diante disso, foram analisados os dados encontrados nas fichas de avaliação das PPL que apresentaram alterações da integridade da função neural e/ou lesões dermatoneurológicas.
Dentre as pessoas que apresentaram alterações sugestivas para hanseníase (n=11), é possível observar que 27% (n=3) apresentaram GIF 0, não manifestando nenhum tipo de incapacidade física; 63% (n=7) apresentaram GIF 1; e 9% (n=1) apresentaram GIF 2. Posto isto, ressalta-se que dentre as 11 pessoas que apresentaram alterações sugestivas para hanseníase, 72% (n=8) apresentaram algum tipo de incapacidade física. Vale ressaltar que o percentual de indivíduos com a presença de incapacidades físicas é um indicador de evolução da hanseníase, indivíduos diagnosticados com grau 1 e 2 refletem a realização de diagnóstico e tratamento tardio. Vale ressaltar que o comprometimento das funções neurais adquiridas pela hanseníase podem acarretar grandes impactos na vida, pois interferem na rotina, trabalho e na qualidade de vida, uma vez que as incapacidades geradas pela doença podem ser irreversíveis. Nessa perspectiva, ressalta-se a importância da realização de ações de rastreio da hanseníase, com o intuito de diagnóstico na fase inicial da doença, pois, embora o desenvolvimento dessa patologia seja lento, a longo prazo pode ser incapacitante (COSTA et al, 2020; ALVES et al, 2021).
Dentro da conjuntura do ambiente prisional, as barreiras para o diagnóstico precoce são inúmeras, podendo-se destacar a dificuldade de acesso aos serviços de saúde extramuros pelas PPL, a demora para a confirmação do diagnóstico e a morosidade dos encaminhamentos. Tais fatores corroboram para uma maior potencialidade do surgimento de incapacidades físicas irreversíveis nos indivíduos acometidos pela hanseníase nas PPL como também dificuldade na quebra da cadeia de transmissão (PEREIRA, 2023).
Conclusões/Considerações finais Diante do exposto, foi possível observar que parte considerável das reeducandas com alterações sugestivas para hanseníase apresentavam algum grau de incapacidade física. Sendo isso, reflexo da lacuna assistencial existente nesse segmento populacional que colabora para a realização do diagnóstico tardio da hanseníase. Desta forma, evidencia-se a importância de ações de rastreio como mecanismo de diagnóstico precoce da hanseníase, evitando o surgimento de incapacidades que possam impactar na qualidade de vida das PPL.
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