02/11/2023 - 08:30 - 10:00
COC5.1 - Gênero e sexualidades: marcadores sociais e cuidado em saúde |
47352 - A CORPOREIDADE INTERSEXO NA BIOÉTICA: DESAFIOS DE GÊNERO
AMIEL MODESTO VIEIRA - UFRJ
Apresentação/Introdução
O corpo intersexo por muito tempo permaneceu sob a existência e o silêncio da medicina. A partir da 1a década dos anos 2000 começou a ser tema de teses, dissertações e artigos no campo das ciências humanas e sociais brasileiras, mesmo assim é grande a invisibilidade dessa luta e movimento social que começou no país a partir de 2015. A luta deste movimento social internacional completou nesse ano 30 anos e mesmo assim carrega a invisibilidade no globo e poucas vitórias em alguns países. Esse pretende ser o relato de pesquisa do 1o doutorando intersexo do Brasil e um dos co-fundadores da 1a associação voltada a essa luta e público, essa também é uma pesquisa sobre um tema que enlaça sua própria vida e história com os diversos desafios a serem enfrentados pelo movimento social intersexo brasileiro.
Objetivos
Apresentar a questão da Intersexualidade no Brasil
Problematizar a diferença de corpos existentes e a preocupação com seu presente e futuro genital
Pontuar os desafios a serem enfrentados pelo movimento intersexo brasileiro
Questionar a inação do direito e do poder público diante dos obstáculos que a intersexualidade expõe
Metodologia
Esse trabalho procura apresentar meu corpo Intersexo e materializa-lo a luz da teoria . Meu corpo foi reescrito pela técnica e poder médico e foi colonizado por eles e muito tempo depois pode entender e confirmar a grande desconfiança que carregava de seus pais. Aqui utilizamos uma autoetnografia performática, ou seja, nesta metodologia há quebras que interpelam e questionam. Esta proposta metodológica foi cunhada pelo diretor teatral e acadêmico Richard Schechener. Ele trouxe a performance para a antropologia, ela sai do mundo das artes e provoca com o drama cotidiano. Além disso também nos utilizamos da metodologia bibliográfica para apontar como referencial teórico a perspectiva bioética dos funcionamentos de Dias.
Resultados e discussão
A perspectiva dos funcionamentos trabalha funcionamentos básicos, complexos e complementares para possibilitar uma boa vida para o indivíduo. Porém a continua aplicação da resolução 1664/2003 do Conselho Federal de Medicina nos hospitais brasileiros que classifica as pessoas intersexo como emergências biológicas e sociais. Essa resolução autoriza a realiza de cirurgias cosméticas de normalização, além de agirem com o segredo e o silêncio sobre a intersexualidade da sociedade e do próprio sujeito sob tratamento. Toda essa metodologia e silenciamento do poder médico impossibilitou a mim e outras pessoas intersexo, poderem ter os funcionamentos possíveis para poder viver com Qualidade de vida.
Conclusões/Considerações finais
É importante e necessário que a comunidade acadêmica e a favor dos direitos humanos se atente a esta questão que coloca pessoas á mercê da medicalização da Intersexualidade. Minha própria história demonstra que se os funcionamentos da corporalidade integral e o acesso a informações referente a minha saúde fossem possíveis, a minha história e a de outras pessoas intersexo seriam outras.Sem passarem por mutilação genital na infância e com o direito de toda pessoa ter a sua identidade de gênero respeitada.
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