Comunicação Oral Curta

02/11/2023 - 08:30 - 10:00
COC5.1 - Gênero e sexualidades: marcadores sociais e cuidado em saúde

47600 - EXPOSIÇÃO À INFECÇÃO PELO HIV, CUIDADO COM A SAÚDE POR MEIO DO USO DA PEP E ASPECTOS SOCIAIS E PROGRAMÁTICOS ASSOCIADOS ENTRE TRABALHADORAS DO SEXO DE PERNAMBUCO
IRACEMA DE JESUS ALMEIDA ALVES JACQUES - FIOCRUZ PERNAMBUCO, CAROLINA VASCONCELOS DE ALMEIDA NEVES - FIOCRUZ PERNAMBUCO, FRANCISCO MARTO LEAL PINHEIRO JÚNIOR - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, RENATA BARRETO FERNANDES DE ALMEIDA - CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFBV, VITÓRIA MARIA VIEIRA BRITO - UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO, ARIANNE FRANCYS CORDEIRO DA SILVA - CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFBV, EDUARDA TRAVASSOS DE FIGUEIREDO - CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFBV, THAIS LOPES DE OLIVEIRA - SECRETARIA DE SAÚDE DA PREFEITURA DO RECIFE, LIGIA REGINA FRANCO SANSIGOLO KERR - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, BERNARD CARL KENDALL - UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, ANA MARIA DE BRITO - FIOCRUZ PERNAMBUCO


Apresentação/Introdução
As mulheres trabalhadoras do sexo (TS) representam uma das populações de maior vulnerabilidade à exposição ao HIV, em grande parte devido a fatores estruturais relacionados a desigualdade de gênero, social e racial. Essas desigualdades limitam o acesso a medidas preventivas eficazes, como o uso de preservativo e a tratamentos pós-exposição, como a Profilaxia Pós-Exposição (PEP). A compreensão dessas interações complexas é crucial para abordar efetivamente a exposição do HIV entre as trabalhadoras do sexo.

Objetivos
descrever as situações de exposição de risco sexual à infecção pelo HIV, utilização da PEP (Profilaxia Pós-Exposição) e analisar os aspectos sociais e programáticos associados entre mulheres trabalhadoras do sexo.

Metodologia
estudo de corte-seccional conduzido na Região Metropolitana do Recife, Pernambuco, entre mulheres TS com idade entre 18 e 21 anos. A amostra foi recrutada no período de julho a outubro de 2022 utilizando o método Respondent Driven Sampling (RDS). Para coleta de dados foi aplicado um questionário estruturado. Para análise dos dados, as frequências relativas foram ponderadas utilizando o estimador RDS-Analyst no software Stata.

Resultados e discussão
do total das 603 mulheres TS recrutadas, mais da metade tinha entre 18 e 19 anos (54,1%) e autodeclararam-se da raça/cor parda (52,0%). Nos últimos 6 meses, 42,6% referiram que o preservativo rompeu, estourou, deslizou, ou saiu durante alguma relação sexual. Nesse mesmo período, sete (1,6%) mulheres tiveram relação sexual sem preservativo com parceiro sabidamente HIV positivo. Destaca-se ainda que 21,8% das mulheres entrevistadas declararam que foram forçadas a ter relações sexuais sem preservativo ou que durante a relação sexual o seu parceiro retirou o preservativo sem o seu consentimento. Entre aquelas que foram expostas a infecção pelo HIV, apenas 9,7% utilizaram a PEP. Em relação aos aspectos sociais e programáticos associados ao sexo sem preservativo não consensual, embora os maiores percentuais dessa exposição a infecção pelo HIV tenham ocorrido entre as TS da raça/cor parda (45,8%) e com renda mensal inferior a R$1.000,00 reais (52,8%), não apresentaram diferença estatisticamente significativa. Em contrapartida, foi observado associação entre sexo sem preservativo não consensual e aquelas que recebiam benefício do governo (68,1%, p-valor:0,03), que trabalhavam nas ruas (65,1%; p-valor: 0,04) e entre aquelas que disseram que havia policiamento em seu local de trabalho (53,5%; p-valor:< 0,00). Vale ressaltar que a presença da polícia no local de trabalho não significa proteção/intervenção, considerando que para a maioria (55,9%) das TS os policiais desempenhavam um comportamento passivo.

Conclusões/Considerações finais
tais resultados vislumbram avanços no fortalecimento do coletivo feminino de TS para maior autonomia do uso de métodos preventivos a partir do uso do preservativo feminino e cuidados com a saúde por meio da utilização da PEP. Para tal, faz-se necessárias ações afirmativas direcionadas a população de mulheres TS para combater as desigualdades econômicas e sociais que impactam diretamente na maior exposição ao HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis.