02/11/2023 - 08:30 - 10:00 COC6.1 - Racismos nas políticas e na assistência à saúde |
46502 - ATENÇÃO FISIOTERAPÊUTIA E SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA: PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DO CUIDADO GRAZIELE MARTINS CORREA - UFRGS, LUIZ FERNANDO CALAGE ALVARENGA - UFRGS, VERA ROCHA - UFRGS
Apresentação/Introdução Este estudo parte do pressuposto de que o racismo estrutural acarreta problemas de alta complexidade na forma como a população negra referenciada pela unidade de saúde Estrada dos Alpes, no bairro Glória na cidade de Porto Alegre/RS, acessa o serviço de saúde e faz manutenção do seu processo de saúde-doença.
A partir da das ausências sentidas pela população negra nos espaços de discussão de racismo e saúde é criada a portaria n°992 em 13 de maio a respeito da Política Nacional de Integral de Saúde da População Negra que tem como objetivo geral: “promover a saúde ntegral da população negra, priorizando a redução das desigualdades étnico-raciais, o combate ao racismo e à discriminação nas instituições e serviços do SUS”.
Embora existam políticas públicas de promoção de saúde e educação em que o público alvo é a população negra, essa população ainda é assolada pelo fantasma da Lei Áurea, lei essa que libertou a população de ser escravizada sem nenhuma política reparatória, ou seja, a população negra foi colocada em situação de vulnerabilidade e nunca houve por parte do Estado a busca de uma solução para resolver as questões que nasceram junto ao abandono e descaso desse público. As taxas de analfabetismo e evasão escolar são maiores para pessoas negras quando comparadas com pessoas brancas, diariamente pessoas negras são assassinadas pela necropolítica do estado, tem menor tempo de consulta médica, recebem menos anestésicos e tem o seu direito à saúde negligenciado ou negado, essas iniquidades podem estar relacionadas às barreiras de acesso e as dificuldades biopsicossociais encontrada por essa população.
Objetivos O estudo teve como objetivo geral analisar como ocorre o acesso da população negra referenciada pela unidade de saúde Estrada dos Alpes e, quando ocorre, qual a trajetória para o encontro terapêutico.
Metodologia Como desenho metodológico foi escolhida a abordagem qualitativa e exploratória onde se pretendeu dar destaque à capacidade de colocar-se no lugar do outro, tendo em vista que, como seres humanos, temos condições de exercitar esse entendimento. Pretendeu-se, então, dar destaque e voz aos usuários do território e conhecer sua forma de acessar um serviço específico de saúde, criando conteúdo para discutir e questionar conceitos, pois, embora a experiência possa ser a mesma para vários indivíduos, a vivência de cada um sobre o mesmo episódio é única e depende da sua personalidade.
Resultados e discussão Participaram da pesquisa sete usuários/as referenciados pela unidade de saúde Estrada dos Alpes que tiveram encaminhamento para fazer fisioterapia pelo SUS. Foram realizadas entrevistas semi estruturadas na US e na residência dos usuários participantes da pesquisa, guiadas por um roteiro (apêndice I), que deu amparo à condução do diálogo entre a pesquisadora e o/a participante, gravadas com o auxílio de um celular, e em seguida transcrita para possibilitar a análise dos dados. As perguntas do roteiro foram formuladas pela pesquisadora a partir de sua pesquisa pelo tema, sustentando o problema
de pesquisa em foco.
Para análise dos resultados, elegeu-se a análise de conteúdo descrita por Bardin, após sua realização, as entrevistas foram transcritas em sua íntegra e passaram por três etapas cronológicas, como foi descrito por Bardin: a primeira etapa, chamada de pré análise em que ocorreu a organização dos relatos, leitura flutuante das entrevistas selecionando para análise. Buscando alcançar os objetivos propostos, os dados foram submetidos a
leituras aprofundadas, realizando recortes do texto e categorizando-os. Uma terceira fase foi realizada para a interpretação dos dados obtidos e articulação com a literatura com a finalidade de atingir os objetivos deste estudo.
Conclusões/Considerações finais Conclui-se que quando se fala de acesso aos serviços de fisioterapia, os usuários encontram barreiras em aspectos multidimensionais que envolvem fatores individuais, sociais e institucionais. O estudo tem como limitações ter sido realizado apenas com usuários de uma US em Porto Alegre e não ter sido realizadas entrevistas para obter a perspectiva dos profissionais fisioterapeutas e gestores que organizam esses encaminhamentos e uma literatura escassa quando se trata de fisioterapia e saúde da população negra.
Tomou-se como importância e objetivo central neste estudo buscar formas para que essas fragilidades individuais, sociais e institucionais deixem de dificultar o seu cuidado em saúde, há uma percepção da necessidade de acesso à fisioterapia e da qualificação do cuidado por parte dos profissionais.
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