02/11/2023 - 08:30 - 10:00 COC6.1 - Racismos nas políticas e na assistência à saúde |
47459 - SAÚDE REPRODUTIVA: VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA E RACISMO NO ATENDIMENTO DE MULHERES NEGRAS NO SUS TOMÉ CAPETA SOLUNDO - UFBA, WILER DE PAULA DIAS - UFBA, MARCICLENE DE FREITAS RIBEIRO - UFMG, IRANI SANTOS SILVA - UFBA, EVERLY CAROLINE DA CRUZ TEIXEIRA - UFBA, IDÁLIA OLIVEIRA DOS SANTOS - UFBA, TIAGO PRATES LARA - UFBA, IGOR MYRON RIBEIRO NASCIMENTO - UFBA, MAYANA SANTOS SILVA EVANGELISTA - UFBA, ÍTALO MATEUS MATTOS DOS SANTOS - UNIFACS
Apresentação/Introdução No Brasil, a violência obstétrica ocorre desde as consultas pré-natais até o momento da realização do parto no Sistema Único de Saúde (SUS), sendo isso uma importante questão de saúde pública por ter influência na morbimortalidade de mulheres em idade fértil. O racismo obstétrico está relacionado a violência obstétrica e ao racismo institucional, dessa forma, abrange ações e omissões dos diversos profissionais e eventos envolvidos com os serviços de saúde, mas precisamente na assistência à gestação, ao parto e pós-parto. Diversos estudos relatam que as mulheres negras constituem um grupo mais suscetível a experiências negativas com os atendimentos, menor quantidade de consultas e pior acesso às informações essenciais nesse período. As práticas de violência obstétrica, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), englobam abusos verbais, restrição à presença do acompanhante, procedimentos médicos não consentidos, violação de privacidade, recusa da administração de analgésicos, violência física, entre outros. As mulheres adolescentes, de baixo poder aquisitivo, e imigrantes de minoria étnicas, são as mais propensas a sofrer abusos, desrespeitos e maus tratos. A OMS revela que a violência obstétrica é uma violação dos direitos humanos que são fundamentais para a paciente. O racismo obstétrico está presente nos serviços de saúde e implica em múltiplos desfechos de parto. Diante do exposto e considerando os avanços que o sistema de saúde brasileiro alcançou, percebe-se ainda a presença de certas limitações quanto ao alcance dos seus princípios, em especial a integralidade e equidade, que são princípios básicos do SUS. Infelizmente a população negra ainda enfrenta muitas barreiras no acesso aos serviços de saúde, diante disto, surge a necessidade das práticas de saúde que levam em conta a prevenção da violência e do racismo, cujo as gestantes atravessam nos serviços de saúde, em especial as maternidades.
Objetivos Discutir como as práticas de saúde são fundamentais na prevenção de violências e do racismo obstétrico.
Metodologia Esse artigo é resultado de observações em campo atrelado à uma revisão bibliográfica.
Resultados e discussão Compreende-se que ainda que a violência obstétrica seja uma ferramenta analítica potente para analisar como o abuso é experimentado durante os processos de assistência à saúde materna, ela não leva em conta de maneira adequada os contornos do racismo que se materializam nos encontros médicos das mulheres negras.
Conclusões/Considerações finais A violência obstétrica atrelada ao racismo se constitui como uma ameaça para a vida das mães e para os desfechos neonatais. É possível identificar que a negligência e os estereótipos racistas influenciam no tratamento das gestantes e dos seus bebês. As mulheres negras não são verdadeiramente ouvidas e seus problemas de saúde são minimizados. O fortalecimento da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN) é necessário e fundamental para reforçar o compromisso do Estado no enfrentamento ao racismo e às vulnerabilidades que acarretam a vida das pessoas negras.
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