02/11/2023 - 08:30 - 10:00 COC8.1 - Cuidado, trabalho, diferenças e intersecções em perspectiva |
46447 - A SAÚDE MENTAL DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO CAMPO DA ATENÇÃO PSICOSSOCIAL E O ENCONTRO COM A DIFERENÇA COMO OUTRA FORMA DE PRODUZIR SAÚDE: UM RELATO DE PESQUISA MARTA CLARICE NASCIMENTO OLIVEIRA - UFC, ALANA MARIA LOBO DE QUEIROZ PINHEIRO - UFC, CAMILA RIBEIRO DE OLIVEIRA - UFC, JOÃO PEDRO MORAIS SALES - UFC, LEVI DE FREITAS COSTA ARAUJO - UFC, LUCAS ARAÚJO DA SILVA - UFC, MARIA MARIANA DE ANDRADE SILVA - UFC, NATÁLIA MATOS DE SOUZA - UFC, VINICIUS NOGUEIRA LOPES - UFC, ANTONIO CAIO RENAN SILVA PENHA - UFC, MARIANA TAVARES CAVALCANTI LIBERATO - UFC, LARA SILVA PINHEIRO - UFC
Apresentação/Introdução As bases higienistas compuseram a construção da saúde mental no Brasil e durante muito tempo, esse campo acabou se restringindo à perspectiva binarista da saúde como oposta ao doença, propondo uma falácia que reduzia o sujeito a características que o faziam “ser” a nosografia, através do olhar excludente da vida. Entretanto, com as influências da reforma sanitária que traz à tona o SUS com a Constituição de 1988, mudanças mais específicas no campo da saúde mental são efetuadas, advindas com o movimento de reforma psiquiátrica brasileira (RPB). É a partir das implicações que essas mudanças trazem consigo e das repercussões destas na contemporaneidade da saúde mental, que o PASÁRGADA: Programa de Promoção de Arte, Saúde e Garantia de Direitos, vinculado ao departamento de Psicologia da Universidade Federal do Ceará, desenvolve seu campo de estudo e intervenção. Tendo como norte uma atuação ético-estético-política no âmbito da saúde mental e na luta em defesa dos direitos humanos, o grupo se alinha à arte como dispositivo e vêm se imbricando na discussão e na pesquisa a respeito da produção de cuidado na atenção psicossocial, tomando como base o processo de mudança contínuo da RBP, bem como os atravessamentos que essa produção tem sobre os corpos que interseccionalmente ocupam o lugar da diferença. Com as reflexões teórico-práticas da filosofia da diferença em conjunto com o olhar interseccional, algumas inquietações surgem a despeito dos atravessamentos que compõem a experiência de adoecimento psíquico. Sob essa égide, a figura da Pessoa com Deficiência (PCD) surge na encruzilhada, entendendo estes corpos como uma outra forma de habitar o mundo a partir da diferença. A pesquisa questiona, portanto, como tem sido a experiência de acesso, cuidado e produção de vida no campo da atenção psicossocial tendo como um dos focos, a saúde mental de PCDs.
Objetivos Objetiva-se com o relato de pesquisa, analisar o cuidado em saúde mental para PCDs a partir da literatura produzida, bem como refletir sobre a prática que tem se efetuado com este segmento na perspectiva da atenção psicossocial, tomando como base a noção interseccional que pode referenciar estes corpos, enfocando não só no encontro de linhas de opressão, mas ainda, nas produções possíveis a partir da diferença e dessa relação inventiva que faz frente ao ideal de normalidade do mundo.
Metodologia Tomando como base de investigação metodológica a revisão de literatura sistemática, partiu-se a priori, da pergunta de pesquisa: “O que é produzido sobre a saúde mental de PCDs no campo da atenção psicossocial?”, estabelecendo critérios de inclusão e exclusão e realizando a busca na base de dados BVS através de dois levantamentos.
Resultados e discussão Primeiro, com os descritores “Pessoa com deficiência” AND “saúde mental” AND “atenção psicossocial” AND “reforma psiquiátrica”, obteve-se 6 artigos, dentre os quais nenhum foi considerado relevante. Em seguida, em novo levantamento, ficamos com “Pessoa com deficiência” AND “saúde mental” AND “atenção psicossocial” encontrando 15 artigos, sendo 3, relevantes à temática proposta. Diante disso, cabe apontar a escassez de produções na área, visto que o primeiro levantamento, que inclui o descritor “reforma psiquiátrica”, não trouxe produções concernentes à proposta do estudo, colocando em pauta o questionamento sobre o papel histórico da RPB nos estudos e na construção de políticas públicas de inclusão de PCDs no campo da saúde mental. No segundo levantamento, excluindo o descritor “reforma psiquiátrica”, do material relevante, surge um relato de experiência sobre uma intervenção que discutia sobre o lugar da categoria loucura para usuários de um serviço de saúde mental. A discussão gira em torno da preferência pelo nome “deficiente” ao invés de “louco”, o que traz inquietações a respeito do processo de estigmatização, e ainda, da fronteira borrada desse lugar do deficiente, do sofrimento e dos marcadores que o corpo dissidente carrega consigo. O outro estudo cita sobre o encabeçamento da construção da política de saúde mental infanto-juvenil no Brasil, que veio em parte, através da necessidade de inclusão do cuidado de crianças com deficiência, antes restrito a instituições filantrópicas. O terceiro faz referência a esse público ao falar sobre Reabilitação Baseada na Comunidade como política de prevenção da deficiência.
Conclusões/Considerações finais Logo, cabe questionar como tem se dado o acesso de PCDs aos equipamentos de saúde da atenção psicossocial, em específico os CAPS, como centros de referência e passagem para o cuidado em saúde mental, afirmando a importância de uma política ética que abranja um acesso implicado para PCDs, tensionando o ideal normativo e excludente de saúde. Além disso, é válido destacar o papel da academia nessa trama, estimulando a produção de novas políticas e estudos que possam tensionar esse cuidado, promovendo práticas que abranjam os marcadores da diferença como potências nesse ramo a partir de um olhar que inclui e intersecciona as práticas comumente adotadas.
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