02/11/2023 - 08:30 - 10:00 COC9.1 - Racismo, formação e saúde I |
46086 - RELATO DE EXPERIÊNCIA DO PROJETO BAOBÁ: DISCUTINDO RELAÇÕES ETNICO-RACIAIS NA REDE SOCIAL INSTAGRAM JORGINETE DE JESUS DAMIÃO - UERJ, DEBORA RAMALHO GOMES - UERJ, LETÍCIA TAVARES PEREIRA - UERJ, MARIANA DOS SANTOS - UERJ, THABITA LEAL - UERJ, JESSICA ROSA MARINHO - UERJ, LARISSA MANAI - UERJ, PEDRO VINICIO ANDRADE - UERJ
Contextualização Nas duas últimas décadas, houveram avanços com o sistema de reserva de cotas para ingressos nas universidades públicas no Rio de Janeiro. A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) foi a pioneira em adotar essa política em 2001. Após muitos anos de debates em relação à legitimidade das ações afirmativas, foi aprovada a lei nº 12.711/2012, que reserva vagas nas instituições federais de ensino superior e técnico. Entre 2002 a 2015, o acesso ao ensino superior, incluindo mestrado e doutorado, foi multiplicado por 23 vezes para os 20% mais pobres (Campello, 1998). Além de ampliar o acesso nas universidades, outro avanço foi a política de permanência para ingressantes no sistema de cotas.
Em 2004, foram propostas as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-raciais (DCNERER) e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. As DCNERER trazem a obrigatoriedade da abordagem destes temas da educação infantil ao ensino superior, em especial por instituições que desenvolvem programas de formação inicial e continuada de professores (Brasil 2004, 2004a, Monteiro, Santos, Araujo, 2021).
Descrição Tratando de grandes lacunas que persistem nos cursos da área da saúde, quando falamos de relações étnico-raciais e saúde da população negra, as vulnerabilidades dessa população diante das desigualdades oriundas do racismo, dentro e fora das universidades, exige esforços de toda a sociedade. Neste cenário surge o Projeto Prodocência de Relações Étnico-raciais e Saúde da População Negra: Diálogos com o Currículo de Nutrição. O projeto desenvolve suas ações incluindo (i) a identificação de oportunidades para a inclusão de conteúdos referentes às relações entre saúde e alimentação da população negra em diferentes disciplinas; (ii) a produção de conteúdo e organização de recursos acadêmicos e audiovisuais sobre a temática a serem disponibilizados para as disciplinas. O objetivo deste resumo é abordar a segunda vertente relatada acima.
Período de Realização Desde novembro de 2022
Objetivos Ampliar discussão no curso de Nutrição da UERJ de temáticas de interesse para a população negra e relações etnico-raciais.
Resultados
Em 2022, foi criada uma conta no Instagram com o objetivo de atender a necessidade do projeto de produzir e difundir conteúdos sobre a temática. Desde então, foram criados e compartilhados conteúdos sobre questões relacionadas à saúde, alimentação, cultura e determinantes sociais da população negra. Para identidade do projeto e identificação do público, foram adotados: o “Baobá” como nome fantasia e também como símbolo, pois representa força e resistência; e a imagem de uma mulher negra com o turbante que simboliza a resistência ao racismo e a discriminação e estereiótipos existentes. São realizadas postagens semanais e até o final de maio, foram 32 publicações acompanhadas por 340 seguidores.
Dentre as temáticas abordadas, destacamos: a) A posição de negros em cargos públicos; b) Sistema de reserva de cotas; c) Saúde da população negra; d) Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN) e) Programa Nacional de Alimentação Escolar Quilombola; f) Livros com temáticas etnico-raciais infantil e adulto; g)DCNERER. Considerando os últimos 3 meses de conteúdo postado, a publicação que apresentou maior engajamento e alcance foi referente ao encontro “É comida de quilombo na escola…”, que abordou a alimentação escolar quilombola no município do Rio de Janeiro, com 121 curtidas, 35 compartilhamentos e 417 contas alcançadas.
Aprendizados O Projeto e suas vertentes vem possibilitando a ampliação do debate sobre as questões étnico-raciais para além dos estudantes bolsistas e voluntários do projeto, fomentando a discussão no curso de graduação em nutrição da UERJ como um todo, sensibilizando o corpo docente e discente acerca da temática e já influenciando no conteúdo programático de algumas das disciplinas, o que representou um avanço, pois a temática não compõe as ementas e programas dos currículos tradicionalmente, nem estava presente nas discussões em outros espaços do curso, curriculares ou extra-curriculares.
Ademais, a construção do Instagram, possibilitou o compartilhamento e apoio a mobilização de agendas para a PNSIPN e de coletivos e instituições que atuam sobre a temática.
Como proposta futura, a equipe do projeto visualiza a página como instrumento de apoio e mobilização para rodas de conversas com estudantes do curso de nutrição da UERJ, com foco nas relações étnico-raciais entre os estudantes e veículo de acesso ao repositório virtual de produção científica e literária e de recursos audiovisuais sobre alimentação e cultura afro-brasileira, situação de saúde as pessoas negras e determinantes e educação das relações étnico-raciais.
Análise Crítica A conta de Instagram do Projeto Baobá mostrou ser ferramenta potente para divulgação e mobilização em torno de temas necessários para o fortalecimento das políticas afirmativas, sobretudo no âmbito da educação universitária, apoiando a implementação das DCNERER e a PNSIPN.
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