Comunicação Oral Curta

02/11/2023 - 08:30 - 10:00
COC9.1 - Racismo, formação e saúde I

46193 - VISLUMBRES DE INICIATIVAS ANTIRRACISTAS NOS EQUIPAMENTOS DE SAÚDE: CONSTRUÇÕES POSSÍVEIS DESDE A FORMAÇÃO ACADÊMICA
ANA CLARA DE ALMEIDA ROCHA - UFAL, SANDY HELLEN DE LIMA CAVALCANTE SANTOS - UFAL, MILENA DA SILVA MEDEIROS - UFAL


Contextualização
A experiência se desenvolve ao investigar quais os entraves para ocorrer as discussões raciais vinculadas à saúde mental e a promoção de saúde decolonial, tomando como base o Projeto Político-Pedagógico do Curso de Psicologia (PPC) do ano de 2013 da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), campus A.C Simões, somado ao relato de experiência de três estudantes negras que vivenciam o cotidiano da formação na luta por iniciativas antirracistas nos equipamentos de saúde.

Descrição
Investigamos o quadro de disciplinas do PPC, buscando somar a análise desse documento que acompanha a nossa formação, ao cotidiano de disputas e enfrentamentos às questões raciais presentes na vivência universitária desta graduação. Compreendemos, portanto, que as disputas não só causam o adoecimento mental dessas/es estudantes, como também é a partir delas que algumas conquistas são tomadas para a possibilidade de uma futura atuação comprometida com a promoção de saúde decolonial.

Período de Realização
Esse relato de experiência caminha entre o período de 2019 a 2023, durante a formação e permanência das três estudantes universitárias, uma vez que as análises são baseadas nas nossas experiências de graduação atreladas ao PPC que rege o curso de Psicologia até os dias atuais.

Objetivos
Analisar se o curso de Psicologia da Ufal, campus A.C Simões, contribui para a formação de futuras/os/es profissionais que garantam a promoção da saúde mental da população negra através da perspectiva de saúde decolonial nos equipamentos de saúde.

Resultados
Diante desses corpos negros que estão cotidianamente cansados das disputas narrativas nos contextos universitários para mantermos nossos espaços e construir debates que abarquem as nossas realidades, apresentam-se resultados que nos fazem esperançar na luta estudantil pela implementação dessas discussões dentro do curso de Psicologia da Ufal. Nessas disputas, diálogos e tentativas de construções, resultou a inserção de uma disciplina no novo Projeto Político-Pedagógico do Curso de Psicologia, ainda não implementado, intitulada como “Psicologia e Relações Étnico-raciais”, que discutirá os efeitos psicossociais do racismo. Apresentando como uma das iniciativas antirracistas para a formação de profissionais na promoção de uma saúde decolonial nos equipamentos de saúde.

Aprendizados
Esperançamos para que as discussões sobre a saúde mental da população negra não estejam presentes apenas em uma disciplina, mas compreendemos que a garantia de uma disciplina obrigatória permitirá o acesso às discussões raciais para que possamos construir, desde a graduação, iniciativas antirracistas nos equipamentos de saúde. Podemos concluir que estão sendo criados alguns mecanismos que contribuem para a formação de futuras/os/es profissionais que garantam a promoção de saúde mental da população negra, ainda que atravessados pela solicitação incessante e adoecimento da saúde mental de estudantes negras/os/es diante do enfrentamento de disputas narrativas.

Análise Crítica
Em meio às disputas narrativas, nossa constante luta é, também, contra a idealização mítica da ideia de neutralidade na construção de discursos que comprometem, posteriormente, a prática profissional. Pontuamos que algumas/uns professoras/es revisitam e promovem a construção colaborativa de seus planos das disciplinas, assumindo o compromisso de uma psicologia que dialogue por uma prática antirracista, decolonial e pela garantia de profissionais eticamente comprometidas/os/es. Enfatizamos, contudo, os modos hegemônicos de condução do atual PPC que rege o curso. Como podemos vislumbrar a possibilidade de iniciativas antirracistas nos equipamentos de saúde para uma promoção de saúde decolonial quando a própria formação está em falta? Não havendo modificações na formação de base, há uma possível reprodução de atuações profissionais que confraternizem com práticas coloniais e racistas.