02/11/2023 - 13:10 - 14:40 CO3.2 - Para além dos muros na (trans)formação em saúde |
46985 - EXPERIÊNCIA DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA EM SAÚDE COLETIVA: EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE EM UMA OCUPAÇÃO URBANA DE BELO HORIZONTE JÚLIA OLIVEIRA ZAVITOSKI - UFMG, ELOÁ SERPA NUNES - UFMG, ÍCARO PEIXOTO ARAÚJO - UFMG, LUÍS GUSTAVO FRAGA BELOTTO - UFMG, LEONARDO FERNANDES RUIZ DIAZ - UFMG, YASKE PALHARES FONSECA - UFMG, LARISSA SOLARI SPELTA - UFMG, ELIS BORDE - UFMG
Contextualização No cenário contemporâneo, em que a moradia, embora seja um dos pilares constitucionais, não se faz presente como direito efetivo na vida de muitos brasileiros, as ocupações surgem como espaço de resistência e de luta. Nesse contexto, o projeto de extensão em questão se mostra como vínculo entre a comunidade acadêmica e tais grupos.
Descrição O projeto de educação popular em saúde nas ocupações urbanas realiza ações de ensino e extensão na ocupação urbana Pátria Livre, localizada na Pedreira Prado Lopes — a favela mais antiga de Belo Horizonte. As ações são conduzidas por um corpo docente e discente, que atuam de forma transdisciplinar, junto aos moradores da ocupação e militantes de movimentos sociais, de modo que são discutidos temas como a questão urbana, moradia, direito à cidade e fundamentos teórico-metodológicos da educação popular em saúde.
Período de Realização O projeto é realizado junto à Ocupação Pátria Livre desde 2021, virtualmente, e de março de 2022 em diante, presencialmente.
Objetivos Refletir sobre o alcance e o papel de um projeto de extensão sobre educação popular em saúde nas ocupações urbanas na formação em Saúde Coletiva e sua importância para transformações do ensino e das práticas (de extensão) na área da saúde.
Resultados O projeto de extensão tem conseguido criar espaços de visibilização e articulação das demandas dos moradores da ocupação em relação à rede de cuidado no território. Isso tem sido feito através da organização de reuniões com gestores e outros profissionais das Unidades Básicas de Saúde que atuam na região, envolvimento da equipe do Consultório na Rua de Belo Horizonte, bem como da realização de eventos conjuntos no espaço da ocupação. Além disso, foram realizadas visitas nas moradias que compõem a ocupação, propiciando um momento de troca com os moradores, que expuseram suas principais necessidades de saúde. Em reuniões antes (preparatórias) e depois (para fins de balanço) de tais atividades de extensão, bem como de ações de ensino baseadas em leituras guiadas, consolidaram-se importantes práticas e espaços de (trans)formação em Saúde Coletiva.
Aprendizados A experiência nesse projeto de extensão universitária promoveu para os membros a possibilidade de formação em dois âmbitos convergentes. O primeiro é a apropriação coletiva do aporte teórico das ciências sociais e humanas em saúde que, apesar de necessário para a compreensão da saúde coletiva, é negligenciado nos currículos dos cursos de saúde. O segundo é o conhecimento de como funciona o acesso e os serviços da saúde e assistência social públicas brasileiras para os trabalhadores materialmente, com todas as suas limitações e potencialidades, e estimular a reflexão crítica sobre as causas e possíveis soluções para as problemáticas dessa área.
Análise Crítica A educação popular surge enquanto uma ferramenta de inserção dos sujeitos eruditos e de instrumentalização de seus saberes em prol das lutas mais gerais da classe trabalhadora. Nesse sentido, a atuação extensionista junto aos movimentos sociais pautada na educação popular surge enquanto uma práxis com muito potencial formador e transformador tanto para a educação em saúde coletiva quanto para a conquista de direitos pela classe trabalhadora, que devem andar lado a lado. Especialmente para os estudantes, a experiência extensionista popular propicia o entendimento de saúde para além dos preceitos puramente biomédicos e proporciona a compreensão real das necessidades em saúde da população, que não raro fogem da abordagem setorial de saúde, envolvendo demandas em condições de habitação, trabalho e remuneração dignos, transporte, assistência social, acessibilidade e inclusão etc. Além do entendimento das formas de luta e resistência que surgem a partir da problematização das condições de vida precárias da maior parte da população trabalhadora brasileira. Nesse sentido, o presente projeto de extensão constrói uma contra-hegemonia na universidade, no sentido torná-la popular, isto é: a serviço da classe trabalhadora brasileira.
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