02/11/2023 - 13:10 - 14:40 CO3.3 - Formação crítica, sensível: o olhar para a Saúde Mental e a Promoção da Saúde |
46130 - DIÁLOGO, REFLEXÃO E EDUCAÇÃO EM SAÚDE: ANÁLISE DO PERFIL DE SAÚDE E AÇÕES PSICOSSOCIAIS SOBRE SEXUALIDADE, GÊNERO E CONVIVÊNCIA COM ALUNOS DA ESCOLA ESTADUAL OURO PRETO ELOÍSA HELENA DE LIMA - UFOP, DANIELA FONSECA ABDO ROCHA - UFOP, GABRIELLA FAGUNDES CARVALHO CABRAL - UFOP, PAULA DE ALMEIDA SILVA - UFOP, THALES MARCELINO FIGUEIREDO - UFOP, BEATRIZ LUCIANO LOPES DO CARMO - UFOP, BIANCA CARDOSO LOPES - UFOP, MARIANNA SILVA DEZEMBRO LEONELO - UFOP, MARINA ANDRADE BARROS - UFOP, BRUNA REZENDE DO AMARAL - UFOP
Apresentação/Introdução A adolescência é uma fase complexa e de grandes mudanças biopsicossociais, o que torna esse período repleto de novas vivências e de incertezas, aumentando a vulnerabilidade desse grupo. Nesse sentido, a escola torna-se um espaço privilegiado para entender melhor e acolher as demandas dos adolescentes e promover intervenções voltadas para educação em saúde na tentativa de diminuir a exposição a potenciais situações de risco, como questões que envolvem a educação sexual e o uso precoce de álcool e de outras drogas.
Objetivos Identificar e descrever o perfil de saúde dos estudantes do Ensino Médio (EM) da Escola Estadual (EE) Ouro Preto e realizar intervenções voltadas para o autoconhecimento e redução das vulnerabilidades.
Metodologia Trata-se de uma pesquisa quali-quantitativa através da utilização de um estudo transversal descritivo seguido de oficinas educativas em saúde e grupo focal. No período de maio a julho de 2022, todos os 120 estudantes matriculados no EM da EE Ouro Preto foram convidados a participar do estudo. O levantamento de dados foi realizado a partir da aplicação do questionário modificado Youth Risk Behavior Survey (YRBS), que aborda questões referentes à saúde mental, ao comportamento sexual e ao uso de álcool, tabaco e de outras drogas. O preenchimento foi realizado de forma anônima em questionários de papel e, após o recolhimento dos questionários, foi feita a digitação dos dados no Google Forms, plataforma de formulários online. As variáveis utilizadas no estudo foram sexo (categorizada em feminino e masculino) e avaliação da saúde, por meio da pergunta: “Como você descreve sua saúde em geral?” e categorizada em “excelente/boa/normal” ou “ruim/péssima”. A análise dos dados foi realizada no software Stata 14 e foi examinada por meio de distribuições absolutas e relativas dos indicadores segundo o sexo. A partir dos dados obtidos, foram propostas intervenções para redução de agravos. O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal de Ouro Preto, sob parecer N° 33453120.5.0000.5150.
Resultados e discussão Dos 120 estudantes matriculados no EM da EE Ouro Preto, 53 responderam ao questionário. 50% dos estudantes se autodeclararam pardos e 26,9% pretos, motivo pelo qual os eles escolheram o tema racismo para a produção de um poscast em parceria com a Rádio UFOP. 30,8% dos adolescentes já sofreu algum tipo de ameaça e 19,2% já foi agredido fisicamente, sendo que estudos demonstram que os principais tipos de violência que atingem os adolescentes são o bullying, a violência sexual e a intrafamiliar, o que pode trazer prejuízos à saúde e à qualidade de vida. 60,8% afirmou ter sintomas depressivos ou ansiosos, sendo que 34,6% pensou em cometer suicídio, dado corroborado por estimativas da Organização Mundial da Saúde, que mostra que o suicídio é a terceira maior causa de morte entre adolescentes de 15 a 19 anos. 38,5% já teve relação sexual, 75% já teve orientação sobre Doenças Sexualmente Transmissíveis e 20% não usou camisinha na última relação sexual. O diálogo muitas vezes pouco presente entre família/escola e adolescentes pode contribuir para a exposição a fatores de risco, como contração de Infecções Sexualmente Transmissíveis e gravidez precoce, principalmente entre as meninas, visto que muitas vezes o parceiro sexual se recusa a usar preservativo. Na amostra foi observado que 70,6% dos jovens já experimentou álcool e 42,3% cigarro alguma vez na vida, dado alarmante e que pode ser reflexo da tentativa de aceitação e de socialização dentro de um grupo, além de curiosidade, receio de estigmatização social e dificuldades familiares. 90% considera a sua saúde normal, boa ou excelente, mas 50% está insatisfeito com o peso corporal, estatística que confirma a existência de uma cultura que cultua o corpo como forma de aceitação social.
Conclusões/Considerações finais A partir das informações obtidas pela análise dos dados dos questionários, as intervenções adotadas pelos pesquisadores em 2022 buscaram fugir da metodologia tradicional expositiva de sala de aula e propuseram que os estudantes exercessem um papel ativo nas atividades, tendo como exemplo a realização de um grupo focal e a produção de um podcast com o tema racismo, que teve a contribuição dos adolescentes para criação do roteiro e a locução de dois alunos da escola. Após a prática vivenciada, pôde-se ter um panorama sobre as principais demandas dos adolescentes de Ouro Preto, o que facilitará o direcionamento de estudos complementares sobre os temas que podem ser abordados e das intervenções a serem propostas nos próximos anos.
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