Comunicação Oral

02/11/2023 - 13:10 - 14:40
CO4.2 - Tecnologias sociais e a inclusão no Sistema Único de Saúde

47196 - A EXTENSÃO POPULAR COMO POSSIBILIDADE DE AMPLIAÇÃO DO CUIDADO À SAÚDE DA CRIANÇA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA
ARIELA DE QUEIROZ CORREIA NÓBREGA - UFPB, LUCIANA FIGUEIREDO DE OLIVEIRA - UFPB, EDICLEIDE MARTINS DA SILVA - UFPB, JOSÉ DANILLO DOS SANTOS ALBUQUERQUE - UFPB, MILENA DA SILVA SOUZA - UFPB, HOSANA SILMARA ELEUTERIO SILVA - UFPB


Contextualização
A atenção primária à saúde (APS), que envolve cuidados multidisciplinares e com baixa tecnologia é fundamental para a promoção do desenvolvimento infantil saudável. Os profissionais de saúde na atenção primária como enfermeiros (as), médicos (as) dentistas, técnicos (as) de enfermagem e os agentes comunitários de saúde podem desempenhar um papel ativo na identificação de problemas de linguagem em crianças de idade precoce. Por meio de exames de rotina e avaliações do desenvolvimento infantil, esses profissionais podem detectar atrasos ou dificuldades na linguagem das crianças, proporcionando trocas de saberes com os cuidadores acerca da estimulação da linguagem, assim como encaminhamentos para a atenção especializada, quando necessário. Para o desenvolvimento da linguagem da criança existem aspectos fundamentais como, a compreensão, que promove o entendimento do que é ensinado e possibilita conexões significativas com conhecimentos prévios, a expressão age como ferramenta poderosa para a construção de relacionamento e desenvolvimento de habilidades e pensamento crítico e a sociabilidade se faz necessária para a interação com outras pessoas no intuito de aprimorar habilidades linguísticas.

Descrição
O projeto de extensão Educação Popular em Saúde na Escola: (re)escrevendo o futuro vinculado à Universidade Federal da Paraíba – UFPB, desenvolveu atividades que favorecem o desenvolvimento da linguagem com um grupo de crianças de 2 a 5 anos de idades, com queixas queixas de linguagem oral, e não tinham diagnósticos estabelecidos. As atividades tinham como base os princípios da Educação Popular em Saúde, e foram desenvolvidas em uma Unidade da Saúde da Família (USF) de uma capital do nordeste. As crianças estavam matriculadas em um Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI), que encontra-se no território da USF citada. Os menores foram encaminhados por familiares e/ou funcionários do CMEI com relatos de dificuldades na aquisição e/ou desenvolvimento da linguagem oral, após atuação do projeto na instituição de ensino. A abordagem era desenvolvida com as crianças e os cuidadores, sempre de forma coletiva e horizontal, respeitando as subjetividades individuais. Os encontros foram totalizados em oito quintas-feiras por 40 minutos no turno da tarde.

Período de Realização
As atividades desenvolvidas iniciaram no mês de outubro até dezembro de 2022.

Objetivos
Desenvolver práticas de saúde voltadas para a linguagem infantil dentro da USF, alcançando os cuidadores e as crianças com queixas, através da realização do compartilhamento de atividades e saberes fonoaudiológicos no intuito de ofertar um comportamento emancipatório dos/as usuários/as.

Resultados
O engajamento e o interesse da população pela proposta foi intenso, pois concedeu a esperança para os pais/cuidadores de receberem o ausente olhar fonoaudiológico para as famílias usuárias da APS, após a descontinuidade do NASF-AB. Durante os encontros, um grupo com o aplicativo de WhatsApp foi formado, que funcionava como um canal de partilha de atividades para cuidadores e crianças executarem no ambiente domiciliar, visando a ampliação do repertório da linguagem infantil e o aprofundamento do vínculo entre crianças e cuidadores.

Aprendizados
Apesar dos benefícios das reuniões e das atividades realizadas na USF, o grupo de crianças e cuidadores se enfraqueceu, devido a impossibilidade da maioria das cuidadoras levarem seus/suas filhos (as) para o momento na USF, onde predominantemente a alegação das ausências era sobre jornadas de trabalho cada vez mais longas, gerando assim menos possibilidade para estas mães acompanharem suas crianças na ocasião das práticas de saúde fonoaudiológica. Logo, fica claro a grande importância da rede de apoio necessária para os pais destas crianças fornecerem a estas crianças usuárias da saúde e educação pública a chance de futuramente, ocuparem espaços diversos e desejados.

Análise Crítica
Diante do papel fundamental da equipe mínima da APS na identificação, gerenciamento e encaminhamento de problemas da comunicação, é importante destacar a importância do trabalho em conjunto com uma equipe ampliada, com a qual a atuação conjunta entre esses profissionais permite uma abordagem mais abrangente e a oferta de intervenções específicas. A ausência dos NASF/AB potencializa desigualdades sociais, porque as crianças desassistidas podem enfrentar dificuldades na comunicação, interação social e desempenho escolar, promovendo mais disparidades educacionais entre alunos de diferentes contextos socioeconômicos, perpetuando a desigualdade.