Comunicação Oral

02/11/2023 - 13:10 - 14:40
CO4.3 - Produção do cuidado e saberes compartilhados

46021 - AÇÃO COMUNITÁRIA SOB A ÓTICA DA EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE EM CONTEXTO DE EMERGÊNCIA SANITÁRIA
GLEIDSON AGUIAR DA SILVA - UFPE, HELLEN KEVILLYN BRITO DE SOUZA - UFPE, OLIMPIO FRANCISCO DA COSTA NETO - UFPE, DALTON WILLIANS SILVA ARANDAS - UFPE, ANTÔNIO JOSÉ TORRES NETO - UFPE, DRYELE CAVALCANTI SANTA CRUZ - UFPE, MÁRCIA MARIA DANTAS CABRAL DE MELO - UFPE


Contextualização
A Covid-19 no Brasil representou um grande desafio para várias esferas do setor público e da sociedade civil na busca por estratégias de combate à pandemia. Seu enfrentamento sem um plano nacional sistêmico impediu a atenção primária à saúde (APS) de acolher essas demandas, a partir dos seus territórios e com ações de educação popular em saúde (EPS). Nesse contexto, um coletivo de discentes, residentes, doutorandos e professores de saúde coletiva da UFPE implementou um Projeto de comunicação popular em saúde e ação comunitária, direcionada a grupos vulnerabilizados socialmente e também por meio das mídias sociais para contribuir na capacidade das respostas locais para atenuar os efeitos sanitários e sociais da pandemia. O projeto assumiu os referenciais da educação popular cuja práxis político pedagógica é estabelecida dentro de uma história comunitária concreta.

Descrição
Adotou-se a pesquisa-ação, subsidiando-se da captação da realidade objetiva e análise interpretativa para planejar as ações. Essas formam guiadas por pesquisas e aprofundamento teórico sobre ativismo social, EPS, análise de conjuntura do SUS, outros. Nesse processo, com agir comunicativo, emergiram propostas que foram sendo concretizadas: 1) Produção de material educativo para subsidiar as ações de EPS, a partir de diagnóstico para conhecer como a comunidade significou e agiu frente a Covid-19, valorizando-se a importância dos relatos orais presentes nas experiências coletivas; 2) Integrar-se nas ações comunitárias protagonizadas pelo MCVI; 3) apresentar o campus da universidade e as áreas profissionais às crianças da comunidade. O cenário da experiência correspondeu a uma área de atuação do movimento social coletivo de voluntariado informal MCVI - Praça do Cristo. A área é adscrita a USF de Jardim São Paulo, Distrito Sanitário (DS V), Recife/PE, onde a UFPE desenvolve estágios. Os participantes da experiência foram: integrantes desse Movimento (4); docentes de saúde coletiva (4) e 20 graduandos dos cursos de saúde.

Período de Realização
Entre outubro de 2020 até dezembro de 2021.

Objetivos
Relatar a experiência em ações comunitárias sob a ótica da EPS, que foram desenvolvidas no contexto da Covid-19 com comunitários de um território da APS, Recife-PE.

Resultados
1): Sobre os relatos de comunitários, emergiram das falas maior preocupação com Chikungunya, proliferação de mosquitos, ansiedade com o transbordamento recorrente do canal presente no território e o descaso dos gestores públicos com os problemas da comunidade. Revelaram-se quadros de hipertensão arterial, diabetes, depressão e de dificuldades econômicas. Perceberam-se informados sobre medidas preventivas à Covid-19, mas ficam confusos com as “fake news”; relataram acesso à vacinação Covid-19 e descontinuidade nos serviços da USF para outras questões de saúde. Esses dados subsidiaram a elaboração da cartilha educativa com linguagem acessível e ludicidade que foi debatida em rodas de conversa; 2) A integração em ações protagonizadas pelo MCVI resultou na ampliação da comunicação em saúde disseminada aos comunitários pela rede social do projeto (@coletivid19), no apoio socioassistencial à 100 famílias da ocupação Marielle Franco (doações de cesta básica e materiais de limpeza e higiene pessoal, álcool em gel, outros), participação em assembleia de moradores para deliberar ações de melhorias em infraestrutura junto a órgãos públicos, contato com as políticas públicas que incidem no ambiente escolar do bairro e, propiciou conhecer a atuação do MCVI em outros espaços sociais; 3) A ação na UFPE foram realizadas com metodologias educativas ativas e participativas de natureza integralizadora, com ludicidade e criatividade por serem efetivas em tornar o processo de aprendizado e socialização mais significativos pela potência em gerar compartilhamento de saberes pertencimento e autonomia das crianças em formação cidadã.

Aprendizados
A imersão semanal no chão do território de uma comunidade da periferia do Recife, obteve ganhos em conscientização social e política e no desenvolvimento de competências culturais solicitadas à atuação na APS. As ações de EPS, cujos referenciais são pouco incorporados na formação universitária em saúde, afetaram positivamente os participantes.

Análise Crítica
Fortaleceu-se a concepção da importância da EPS como estratégia de empoderamento comunitário para que as pessoas submetidas a diversas vulnerabilidades possam desenvolver a autonomia de lidar com os desafios dos determinantes sociais que influenciam a sua qualidade de vida. A experiência foi significante por ter oportunizado vivências de ativismo social e solidariedade social, para democratização de informações sobre questões emergentes de saúde à grupos sociais pauperizados, ampliando-se o entendimento sobre as abordagens comunitárias em saúde, que devem ser desenvolvidas com compartilhamento de saberes e foco no agir comunicativo e na educação popular para a defesa da vida e a garantia de direitos.