47929 - REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL E ASSISTÊNCIA SOCIAL: VIVÊNCIAS DE ESTUDANTES DE TERAPIA OCUPACIONAL EM UMA RESIDÊNCIA INCLUSIVA CINDY RAFAELLI LIMA MARQUES - UECE, JOÃO GABRIEL TRAJANO DANTAS - UECE, ANTONIO CAYLON SANTOS SILVA - UECE, AIRTE LEANDRO FREITAS - UECE, BEATRIZ SOARES RIBEIRO - UECE, VITÓRIA GOMES MARQUES - UECE, CLAUDIANA MARIA LEITE GONÇALVES ODILON - UECE, BEATRIZ DE SSOUZA GUERREIRO - UECE, EVEN DENYS DE SOUSA PASSOS - UECE, LARISSA DE LOIOLA PINHO - UECE
Contextualização As Residências Inclusivas (RI) são equipamentos do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) no âmbito da Proteção Social Especial de Alta Complexidade. Estes serviços oferecem acolhimento institucional para adultos com deficiência que apresentam dificuldades na consolidação de um cotidiano independente e autônomo, e que apresentam certa fragilidade ou ruptura nos vínculos sociofamiliares (BRASIL, 2014).
Os moradores da RI foco deste relato de experiência, são egressos de uma instituição de abrigamento, onde foram submetidos à uma lógica institucionalizante e manicomial, mas que atualmente residem em uma RI na cidade de Fortaleza-CE. Como resultado de uma institucionalização progressiva, os moradores apresentam baixa autonomia e contratualidade na construção de seus cotidianos e limitações importantes relacionadas à circulação independente pela cidade.
Neste contexto, buscou-se acionar práticas do campo da saúde mental orientadas pelos pressupostos da desinstitucionalização (BASAGLIA, 1985; ROTELLI, 1990) e da reabilitação psicossocial (SARACENO, 2001; PITTA 2016) junto aos moradores e territórios. Neste sentido, quais efeitos seriam produzidos com a aproximação de um serviço da Assistência Social de abordagens oriundas do campo da saúde mental?
Descrição A partir do estreitamento de vínculos, resultados das atividades propostas nos primeiros encontros, procurou-se sugerir ações que extrapolassem os espaços da residência e que ganhassem sentido junto ao território. Neste sentido, foram sugeridos dois encontros externos: a realização de um picnic e uma visita ao Museu da Imagem e do Som (MIS). As ações territoriais visavam facilitar o acesso à espaços da cidade assim como o fortalecimento do sentimento de pertencimento territorial e urbano.
O picnic foi realizado numa praça próxima à RI. Neste encontro, notou-se maior interação social entre os moradores e uma maior aproximação com suas histórias de vida, além da satisfação produzida a partir do uso compartilhado de um espaço social urbano comum ao bairro onde residem.
Durante a visita no Museu da Imagem e do Som (MIS), percebemos que a curiosidade e interesse guiavam os moradores no encontro com as cores, formas geométricas, luzes, projeções, sons. Dentre os moradores, existe um que faz uso de cadeiras de rodas e outro que possui deficiência auditiva, mas se comunica por meio da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Neste sentido, observou a importância da acessibilidade física do local, assim como da presença de um intérprete de LIBRAS, pois o espaço mostrava-se adaptado às necessidades de pessoas com deficiências, fator que oportunizou experiências potentes com este moradores, tornando o encontro um vetor para a questão do sentimento de pertencimento dos moradores em espaços que transmitem cultura pelo território.
Deste modo, a organização dos encontros e a construção das atividades contribuíram positivamente no cotidiano dos moradores, em especial com a produção de experiências culturais e territoriais.
Período de Realização As práticas foram realizadas por meio da disciplina: Terapia Ocupacional em Saúde Mental II, do curso de Terapia Ocupacional da Universidade Estadual do Ceará (UECE) tendo como campo uma RI de moradores do sexo masculino. Foram realizados seis encontros entre 10/05/2023 à 14/06/2023, realizados às quartas-feiras, no turno matutino.
Objetivos O presente trabalho tem o objetivo relatar e discutir ações orientadas pelos pressupostos da desinstitucionalização e da reabilitação psicossocial que foram desenvolvidas em uma RI na cidade de Fortaleza-CE .
Resultados Diante das atividades propostas, percebeu-se que ações relevantes para campo da saúde mental, como a inclusão e a participação social, podem repercutir positivamente nos equipamentos da Assistência Social, que também se preocupam com a apropriação e circulação desses sujeitos pelo espaço urbano.
Segundo Ferigato (FERIGATO, et. al. 2016) essas ações implicam no retorno à cena urbana, extrapolando os ganhos pessoais de cada morador e invadindo a vida social. Além disso, as práticas puderam trabalhar com estigmas e desafios relacionados à socialização dos moradores da RI. E por fim, entender a importância das interações e intervenções no âmbito individual, social, grupal e territorial dos sujeitos.
Aprendizados Para as estudantes, esses momentos foram de muita valia. Como futuras profissionais da área da saúde, deparar com as limitações produzidas pelo isolamento e institucionalização e poder contribuir com práticas que estimulem a produção de autonomia e independência, que estreitem os vínculos com o território e com a vida em comunidade contribuem para o desenvolvimento de um olhar técnico, crítico, atento e sensível.
Análise Crítica As aproximações entre os campos da Saúde e da Assistência Social podem contribuir com a consolidação de práticas que dialoguem com a produção de cidadania, com o estreitamento de vínculos comunitários e territoriais, assim como podem estimular a produção de autonomia e independência das pessoas assistidas.
|