02/11/2023 - 13:10 - 14:40 CO33.5 - Comunidades tradicionais e contaminação ambiental e Covid 19 |
47408 - MEDIDAS DE PREVENÇÃO, CONTROLE E MANEJO DA COVID-19 ENTRE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE DE SALVADOR JANAÍNA FERREIRA DA SILVA - UFBA, MÔNICA ANGELIM GOMES DE LIMA - UFBA, MICHELE ALMEIDA DOS SANTOS - UFBA, HELLEN FERREIRA DA SILVA SANTOS - UFBA, MARCELO CASTELLANOS - UFBA
Apresentação/Introdução O Sars-Cov-2 causou grandes impactos em todos os espaços sociais, dentre eles os níveis de atenção à saúde. Com isso, as Unidades de Saúde da Família tiveram a necessidade de reorganização para continuar dando assistência à população, exigindo a implementação de estratégias rápidas para tornar os processos de trabalho mais seguros. Entre esses profissionais da Atenção Primária à Saúde, é evidente o papel crucial desempenhado pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS). Sua proximidade com a comunidade os torna essenciais para disseminar informações e medidas de prevenção aos usuários. Entretanto, apesar de desempenharem importante função, durante a pandemia os ACS foram expostos a condições de contaminação e vulnerabilidade, devido à distribuição de equipamentos de proteção individual (EPIs) e à falta de reconhecimento de suas atribuições. Além da total descaracterização de suas atribuições onde suas potencialidades de atuação no enfrentamento da pandemia foram subutilizadas
Objetivos Explorar a experiência de agentes comunitários de saúde da estratégia de saúde da família em Salvador- BA, quanto à atuação na linha de frente da pandemia de Covid-19
Metodologia Trata-se de um estudo em uma perspectiva qualitativa, com inspiração na etnometodologia. Este estudo faz parte do projeto ObservaCovid, financiado pelo CNPq, aprovado pelo CEP do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA. Adotou-se entrevistas semiestruturadas feitas de maneira remota e presencial, em quatro distritos sanitários de Salvador/BA, com trabalhadores de diferentes áreas de atuação. Todos os participantes foram informados sobre o intuito da pesquisa e deram permissão quanto à sua gravação. Foram contatados trabalhadores por via remota e presencial, sendo-lhes enviado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) antes da realização das entrevistas. Eram critérios de inclusão: trabalhar em um dos distritos abordados durante o estudo e estar em atividade durante o período de pandemia. Eram critérios de exclusão: não estar acessível por nenhum dos meios propostos para entrevista ou manifestar impedimento. Foram realizadas 81 entrevistas, entre julho e dezembro de 2021, que foram gravadas e posteriormente transcritas. No que diz respeito a atual pesquisa, após avaliação inicial foram selecionadas 11 entrevistas de ACS, que continham abordagem mais aprofundada dos temas propostos para melhor análise da situação em que eles estavam inseridos durante a pandemia
Resultados e discussão Da amostra escolhida para analise, 82% são do sexo feminino e 72,7% se autodeclararam pretas. No contexto pandêmico foi avaliada que as ações preventivas foram direcionadas para a disponibilização e adaptação de EPIs para uso cotidiano dos trabalhadores. No entanto, dentre os profissionais da saúde, os Agentes Comunitários enfrentaram inúmeras dificuldades, sejam as esperadas, causadas pela própria pandemia, mas também foram surpreendidas com inúmeras situações de invisibilização. A valorização desses profissionais dentro de seus locais de trabalho também foi um desafio enfrentado, onde muitas vezes, os ACS não receberam o reconhecimento adequado pelo trabalho essencial que desempenhavam. As suas atribuições e potencialidades no enfrentamento da pandemia foram subutilizadas, levando a uma descaracterização total de suas funções, onde no lugar do contato cara-a-cara este passou a ser por meio de uma pequena tela de celular, o que dificultou o apoio e acolhimento necessário aos usuários além de obstáculos para a divulgação de informações para a população. Mas apesar de seus esforços para desempenhar seu trabalho, estes profissionais foram os que mais sentiram os impactos da invisibilização entre os trabalhadores da saúde, já que em momentos de distribuição de EPIs e da vacinação, foi esse grupo de trabalhadores que acabou “ficando de lado”, sendo necessária a criação de estratégias para continuar realizando suas funções. Os agentes comunitários de saúde enfrentaram inúmeros desafios ao longo da pandemia, mas seu trabalho incansável e dedicação foram fundamentais para garantir o cuidado e a assistência à saúde das comunidades
Conclusões/Considerações finais No âmbito do trabalho, os ACS que a normativas propuseram modificações no trabalho como a interrupção das atividades no território e redução das atividades coletivas durante o período pandêmico, suspensão de agendas, uso de tecnologia para manter contato com a população e reorganização dos fluxos internos para atendimento aos usuários. Foi possível avaliar estratégias adotadas por esses trabalhadores a fim de evitar a contaminação, continuar exercendo suas funções. Além de revelar condições de vulnerabilidade e invisibilização desses trabalhadores, como a falta de EPI nos primeiros meses pandêmicos e adaptações em suas rotinas a fim de se adequar às condições às quais eram submetidos. Ainda foi possível detectar como muitos desses profissionais sentem uma grande necessidade de cuidar e apoiar a comunidade e os usuários assistidos, mesmo que para isso tenham que colocar sua própria saúde em risco
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