02/11/2023 - 13:10 - 14:40 CO33.4 - Comunidades tradicionais e contaminação ambiental II |
47389 - A GESTÃO EM SAÚDE NO CONTEXTO DO DESASTRE DO PETRÓLEO EM 2019 NO LITORAL DE PERNAMBUCO: DESAFIOS E LIÇÕES APRENDIDAS RUTH CAROLINA LEÃO COSTA - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES - FIOCRUZ PERNAMBUCO, MARIA JOSÉ CREMILDA FERREIRA ALVES - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES - FIOCRUZ PERNAMBUCO, MARIANA OLÍVIA SANTANA DOS SANTOS - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES - FIOCRUZ PERNAMBUCO, ALINE DO MONTE GURGEL - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES - FIOCRUZ PERNAMBUCO, ANA MARILIA CORREIA CAVALCANTI - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES - FIOCRUZ PERNAMBUCO, LOUISE OLIVEIRA RAMOS MACHADO - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES - FIOCRUZ PERNAMBUCO, JOSÉ ERIVALDO GONÇALVES - INSTITUTO AGGEU MAGALHÃES - FIOCRUZ PERNAMBUCO
Apresentação/Introdução Em 2019 a costa brasileira foi atingida por manchas de petróleo cru. Estas começaram a surgir, primeiramente, no litoral do estado da Paraíba e posteriormente em Pernambuco. Em seguida passaram a se apresentar, de forma sucessiva, em todo o litoral nordestino e nos estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro. Pernambuco foi um dos estados mais afetados pelo desastre, atingindo cerca de 70% de suas praias, de onde mais de 1.600 toneladas de petróleo cru foram recolhidas, afetando 8 estuários em 13 municípios. Com o aumento da frequência de desastres, especialmente os de origem natural, e com a gravidade que ocorrem os de origem tecnológica, torna-se urgente que haja uma preparação de respostas, seja em âmbito municipal, estadual e federal, para tal é necessário à construção ou utilização de instrumentos que permitam a realização de respostas de forma antecipada, efetiva e no tempo oportuno. Essa situação complexa, exige dos gestores da saúde a responsabilidade de criar estratégias de redução dos riscos à saúde coletiva resultantes de situações de desastres. Essas estratégias devem ser direcionadas para ações de promoção da saúde, prevenção dos riscos e possíveis danos e reabilitação dos territórios atingidos, envolvendo desde a Atenção Primária em Saúde à vigilância e a média e alta complexidade, buscando atuar de forma integral com relação aos danos e sua origem.
Objetivos Analisar as ações desenvolvidas pela gestão de saúde no enfrentamento do desastre do petróleo na costa pernambucana em 2019.
Metodologia Trata-se de um estudo exploratório do tipo estudo de caso sobre as ações desenvolvidas pela gestão em saúde no desastre com petróleo. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com dezesseis gestores das secretarias municipais e estadual de saúde de Pernambuco. Para a análise dos dados foi utilizada a técnica de Análise do Discurso do Sujeito Coletivo, identificando cinco eixos temáticos: percepção dos gestores sobre os impactos do derrame do petróleo no território, ações desenvolvidas para mitigação dos impactos do desastre, dificuldades enfrentadas pelos/as gestores/as no processo de mitigação do desastre, avaliação das ações da gestão em saúde no contexto do desastre e preparação para desastres futuros.
Resultados e discussão Identificou-se fragilidades da gestão em saúde nas ações de mitigação do desastre, resultado da falta de preparo dos serviços e dos profissionais de saúde, onde não houve uma organização prévia da maioria dos/as gestores/as municipais e estaduais para evitar maiores danos ao território e, consequentemente, a população. A falta de instrumentos para nortear as ações e a desarticulação entre os entes federados intensificaram as dificuldades, gerando situações desastrosas no território, afetando a vida e saúde da população, especialmente os/as pescadores/as e marisqueiras que foram a maioria dos voluntários na coleta do petróleo nas praias, além disso perderam seus meios de subsistência devido a proibição da pesca intensificando as vulnerabilidades desses sujeitos. Isso aponta para a necessidade de construção de instrumentos que guiem tais ações nessas situações, para que as atividades sejam desenvolvidas com mais eficiência e eficácia.
Conclusões/Considerações finais Os desastres tecnológicos ocorrem em menor frequência, mas que podem apresentar a mesma gravidade que os desastres “naturais”, necessitando das gestões locais um preparo, tanto no sentido de evitar a ocorrência destes, quanto no manejo. Vale ressaltar que a condução desses eventos não depende apenas da gestão em saúde, devendo ser uma ação conjunta com vários setores/segmentos e serviços. Os serviços de comunicação local é um ótimo instrumento a ser utilizado pelos gestores, pois desempenham um papel importante nestes eventos, servindo como um veículo para transmissão de informação a população com emissão de alertas antecipados, o que evitaria situações catastróficas como a exposição a substâncias extremamente nocivas à saúde.
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