47809 - O RECEBIMENTO DE APOIO FINANCEIRO E SUA ASSOCIAÇÃO COM A LIMITAÇÃO FUNCIONAL: UMA ANÁLISE DO ESTUDO ELSI-BRASIL BRUNA VENTURIN - UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS (UFPEL), EUGÊNIA APARECIDA PORTES - UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS (UFPEL), ELAINE THUMÉ - UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS (UFPEL), LUIZ AUGUSTO FACCHINI - UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS (UFPEL)
Apresentação/Introdução O número de idosos no Brasil cresceu 18% em cinco anos, sabe-se que o envelhecimento está associado com o aumento das morbidades, declínio da funcionalidade e alto custo social e econômico para o indivíduo, família e comunidade (IBGE, 2018; ROSA et al., 2007; ANJOS et al., 2015).
Em geral, os pesquisadores apresentam o apoio social como variável independente, sendo de suma importância para prevenção de agravos e morbidades ao longo da vida, a variável também pode aparecer com um importante mediador nos trabalhos. Porém, a partir da identificação de limitações funcionais ou morbidade, o recebimento de apoio social do tipo financeiro se faz necessário, sendo então uma variável dependente nas investigações (HAO et al., 2017).
A associação entre apoio financeiro e limitação funcional já foi descrita na literatura internacional (HAO et al., 2017), entretanto estudos nacionais são escassos. Nesse cenário, o presente estudo acrescenta resultados robustos e fomenta a discussão na perspectiva de ciências sociais e humanas em saúde.
Objetivos Estimar a ocorrência do suporte social do tipo financeiro e sua associação com limitação funcional entre os indivíduos com 50 anos ou mais do Brasil.
Metodologia Análise transversal do ELSI-Brasil, estudo longitudinal de base populacional realizado entre indivíduos com 50 anos ou mais residentes na zona rural e urbana de todas as regiões do Brasil. A linha de base em 2015/16 e acompanhamento em 2019/20.
A variável dependente de interesse foi o apoio financeiro pertencente ao Bloco K do questionário. As escalas de Katz e Lawton foram utilizadas para mensuração da limitação funcional para atividades básicas (ABVD) e instrumentais (AIVD) da vida diária e foram definidas como presentes quando resposta positiva a pelo menos um item das escalas.
A análise descritiva foi expressa em frequência relativa e intervalo de confiança (IC95%). As análises bivariadas entre apoio social e características sociodemográficas e de saúde foram realizadas usando o teste qui-quadrado de Pearson. A associação entre apoio financeiro e incapacidade funcional para ABVD e AIVD foram testadas por meio de regressão logística, expressa por Odds Ratio (OR) e intervalos de confiança. Todas as análises foram realizadas através do programa estatístico Stata® versão 15 e considerando a complexidade do processo de amostragem.
Resultados e discussão Em 2015/16, a prevalência de recebimento de apoio financeiro foi de 12,8% (IC95% 11,7-14,0) e no acompanhamento de 2019/20, o autorrelato de recebimento foi de 10,4% (IC95% 9,0-12,0). A prevalência encontrada está em consonância com estudo nacional realizado entre idosos (GARBACCIO et al., 2017).
A ocorrência de apoio social do tipo financeiro foi maior entre as mulheres, idosos mais velhos (com 75 ou mais) e que não vivem com o cônjuge (p<0,05). O presente achado reflete o processo de transição demográfica e construção social do país que perpassa sobre um cenário de machismo e patriarcado, onde as mulheres exerciam um papel de cuidado e mesmo sendo mais escolarizadas são menos remuneradas financeiramente que os homens (IBGE, 2018; Wang et al., 2019). Estudo internacional de Dai e colaboradores revelou que os idosos casados apresentam mais suporte social do que solteiros, viúvos e divorciados (DAI et al, 2016).
O apoio social do tipo financeiro esteve associado à incapacidade funcional para realizar atividades básicas e instrumentais de vida diária. Na análise bruta da linha de base, observou-se que os indivíduos com limitação funcional para ABVD apresentaram 1,33 vezes mais chance de receber apoio financeiro quando comparados àqueles que não apresentaram limitação (OR: 1,33 IC95% 1,07-1,65, p<0,05). Em 2015, os participantes com limitação para AIVD possuíam 41% mais chance de receber apoio financeiro quando comparados aos indivíduos sem limitação (OR: 1,41 IC95% 1,21-1,64, p<0,001).
Na análise de 2019/20, verificou-se que os indivíduos com limitação ABVD e AIVD apresentaram 89% e 82%, respectivamente mais chance de receber apoio financeiro do que os que não tinham limitação (OR: 1,89 IC95% 1,49-2,41; OR: 1,82 IC95% 1,45-2,27, p<0,001). Tal associação foi descrita por estudo internacional de Hao e coautores (HAO et al., 2017).
Conclusões/Considerações finais O apoio social do tipo financeiro esteve associado à limitação funcional.
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