Comunicação Oral

02/11/2023 - 13:10 - 14:40
CO12.2 - Epistemologias da Saúde desde o Sul: Pesquisa participativa e construção compartilhada de saberes

47891 - NOTAS METODOLÓGICAS DA INVESTIGAÇÃO COM GESTANTES E PUÉRPERAS SOBRE VACINAS E VACINAÇÃO
PATRÍCIA MARTINS MONTANARI - FCMSCSP, CÁSSIO SILVEIRA - FCMSCSP, ALBA CASTANHEDE-FRANÇA - FCMSCSP, CAROLINA PAES DE BARROS - FCMSCSP, JOSÉ CÁSSIO DE MORAES - FCMSCSP


Apresentação/Introdução
O princípio básico da pesquisa qualitativa é captar os significados expressos nos discursos dos sujeitos e se apoia em um planejamento rigoroso de coleta das informações e na sinergia entre os instrumentos metodológicos e de análise fundamentados na pesquisa social. No campo da saúde coletiva, a pesquisa qualitativa tem sido largamente utilizada, muitas vezes triangulando com abordagens quantitativas, o que confere maior robustez a estudos dessa natureza. Entretanto, ainda percebemos dificuldade na condução e manejo dos instrumentais metodológicos, resultando textos meramente descritivos. Segundo Good (1994), existem 4 tipos de estudos qualitativos sobre as concepções de saúde/doença e a utilizada para a apreensão dos conhecimentos, crenças e atitudes de mães sobre vacinas e vacinação foi a interpretativa.


Objetivos
Discutir a utilização de entrevistas dirigidas (EI) e grupos focais (GF) em pesquisas sobre conhecimentos e atitudes de gestantes e puérperas sobre vacinas e vacinação.

Metodologia
A investigação envolveu um universo extenso e complexo, em que se revelaram as influências das instituições de saúde, famílias, meios de comunicação nas percepções das entrevistadas, que contribuíram para o entendimento de suas atitudes e concepções sobre saúde e imunização na gestação; da troca informal com esses diversos sujeitos até a relações mais diretas e constantes, como entre elas e os profissionais de saúde. Foram realizados 7 GF com 52 gestantes, usuárias das UBS da região central de São Paulo. A técnica de GF foi escolhida por estimular diálogos sobre temas relacionados à vacinação durante a gestação, tais como: sexualidade, contracepção, cuidados com o corpo, com os parceiros, com os filhos, entre outros (Trad, 2009). 7 gestantes foram entrevistadas em cada UBS também e 30 puérperas em 2 hospitais-referências do SUS, com o apoio das equipes.

Resultados e discussão
A opção pela composição das técnicas de GF e EI se deu pelas características do objeto em estudo e as possibilidades do campo empírico. A construção dos roteiros levou em conta as dimensões mencionadas (conhecimentos, crenças e atitudes) e seu alcance (diversidade das entrevistadas e situações de entrevista), sendo devidamente testados e aprovados nas etapas de validação dos instrumentos. No plano das crenças das gestantes quanto aos efeitos colaterais ou possíveis danos das vacinas, por exemplo, o roteiro do GF estimulou a descrição de casos de pessoas que adoeceram ou morreram em decorrencia ou concomitantemente a vacinação, revelando outras perspectivas de compreensão sobre o funcionamento das vacinas. As participantes confrontaram histórias e refletiram sobre mitos e verdades acerca da vacinação. As EI com as gestantes e puérperas, por sua vez, seguindo o mesmo encadeamento de perguntas, não resultaram em reflexões.

Conclusões/Considerações finais
Os desfechos das discussões se resolveram no desenrolar do próprio debate, pois o GF conjuga as questões que o pesquisador previamente traz com o dado criado nas reflexões que o grupo faz. A EI, potencializada pela empatia, familiaridade ao tema e aos contextos, pode também atualizar o roteiro; porém, nas entrevistas com as puérperas, a autenticidade e espontaneidade discursiva da técnica foram prejudicadas pelo momento e situação da entrevista.