46435 - SUMAÚMA SAÚDE COLETIVA: COMUNIDADE DE APRENDIZAGEM SULEADORA NUMA UNIVERSIDADE FEDERAL BRASILEIRA, QUE BUSCA PROBLEMATIZAR A COLONIZAÇÃO DE SEUS SABERES E PRÁTICAS. CARLA PONTES DE ALBUQUERQUE - UNIRIO, LUIZ HENRIQUE CHAD PELLON - UNIRIO, GIANE MOLIARI AMARAL SERRA - UNIRIO, GLACIELA ESTHER PAGLIARO - SES RJ, JOÃO GABRIEL DOS SANTOS BARCELLOS - UNIRIO, JÚLIA RODRIGUES CARVALHO ANCORA DA LUZ - UNIRIO, KELIOMAR LUZIA FRANCISCO GOMES - UNIRIO, ANNA CAROLINE RAMOS OLIVEIRA - UNIRIO, LARISSA CARVALHO PESSANHA - UNIRIO, DANIEL NETTO DE AQUINO - UNIRIO, BEATRIZ ALVES DOS SANTOS MOTTA VIANNA - UNIRIO, VICTÓRIA GABRIELA DELGADO NUNES E SOUSA MORAIS - UNIRIO, IARA TIENE DE LIMA MELO - UNIRIO, MIGUEL MARTINS - UNIRIO, GABRIEL ALMEIDA TELES - UNIRIO, NILCEA FRANCISCO GOMES - UNIRIO, ANA CLÁUDIA MENEZES PEREIRA - COLÉGIO PEDRO II, SAMIRA LIMA DA COSTA - UFRJ, LILIANE GLEISY DOS SANTOS ALVES - UNIRIO, PAULA VERA-CRUZ DE PAIVA - UNIRIO, MILENA RAMOS SILVA MENDES - UNIRIO
Contextualização Sumaúma é uma árvore majestosa amazônica, testemunha de Abya Ayla em tempos anteriores à invasão europeia. Ainda hoje, o seu tronco quando percutido pelos habitantes da floresta, comunica novas e ancestrais mensagens.
Em 2020, pedimos licença para batizar com o seu nome, o coletivo na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro/UNIRIO que reúne projetos de ensino, pesquisa, extensão e outros no campo da saúde coletiva. Durante a pandemia de Covid 19, invocamos as suas raízes desbravadoras, que alimentam e apoiam outras árvores em momentos de fragilidade. Celebramos também o seu respirar, nascente de rios voadores, fluxos de umidade para que a desertificação não cimente de vez as cidades e agrave a destruição dos campos avassalados por latifúndios, monoculturas, pastos, queimadas e agrotóxicos. Desde então, seguimos querendo aprender com a sua existência rizomática.
A Comunidade de Aprendizagem Sumaúma Saúde Coletiva integra projetos e processos de ensino, pesquisa, extensão, dentre outros que buscam contribuir para a transformação acadêmica problematizando seus valores colonizadores e colonizados.
Descrição As temáticas confluentes que integram os projetos versam sobre territórios de vida (indígenas, quilombolas, Movimento dos Trabalhadores Sem Terra/MST, áreas urbanas periféricas e/ou sob gentrificação); cuidados comunitários; ecologia social; educação ambiental de base comunitária; políticas públicas rompendo com necroativismos governamentais; cultura, arte e intersubjetividades coletivas; redes de atenção; redes vivas; decolonialidade; descolonização; cooperativismo; práticas tradicionais e integrativas de saúde; participação; dentre outras.
Para estas vivências são fundamentais estar nos coletivos: Comissão Estadual de Direitos Indígenas/CEDIND RJ; Fórum Povos da Rede Unida; GT de Educação Popular e Saúde da ABRASCO; Observatório de Micropolíticas no Trabalho, Educação e Cuidado na Saúde; Encontro de Saberes; Movimento de Defesa da Bahia da Guanabara, Instituições Acadêmicas do RJ e MST; Linhas da Gamboa, Grupo de Estudos em Educação Ambiental desde El Sur/GEASur; Comissão Permanente de Integração Ensino-Serviço/CIES-RJ; dentre outros.
São ferramentas esculpidas na caminhada: elaboração de cartografias territoriais na cidade do Rio de Janeiro (Casa das Pretas, Colégio Federal Pedro II e iniciativas comunitárias no bairro da Gamboa) e portfólios correspondentes, educação popular e permanente na saúde, expressividades criativas, produção de materiais compartilhados nas redes sociais, organização e participação em encontros presenciais e remotos em parceria com outras universidades e movimentos sociais.
Período de Realização Este relato traz experiências a partir de 2020, quando o Núcleo Muldimensional Observatório de Políticas, Cuidado e Educação na Saúde/NOPCES recebeu afetuosamente o codinome Sumaúma.
Objetivos Tecer redes intra e extra-muros da universidade visando atuar coletivamente frente às complexidades contemporâneas, tendo como referências as proposições da Rede de Encontro de Saberes; da interdisciplinaridade e da educação permanente e popular na saúde.
Valorizar e aprender com conhecimentos (lutas e artes) produzidos pelas diversidades populacionais existentes diante dos desafios cotidianos que enfrentam para seguirem vivendo.
Construir uma universidade popular que defenda políticas públicas equânimes, rompendo com os reducionismos forjados pela exclusividade da racionalidade biomédica na formação e no cuidado em saúde.
Resultados Realização do Raízes RJ (2020) com a participação de universidades e mestres populares na saúde para construção da Rede Raízes RJ.
Realização anual das Jornadas Universitárias da Reforma Agrária e Popula.
Realização de Curso de Extensão para profissionais de saúde que atuam em territórios indígenas do RJ.
Vivências cartográficas junto à Casa das Pretas, CEDIND RJ, quilombo Canfundá Astragilda, Colégio Pedro II e Gamboa.
Realização de Oficinas Expressivas.
Publicações em periódicos indexados.
Aprendizados Atuar contra-hegemonicamente na formação na saúde requer ativar redes além da universidade, o que exige coragem e re-existência, lições demonstradas pelas populações vulnerabilizadas ao longo do processo colonizador de Abya Ayla.
Para que uma universidade se comprometa com as causas populares, é relevante que seus defensores lutem pela educação permanente para docentes, estudantes, técnicos e demais trabalhadores que nela atuam, elegendo os movimentos sociais como formadores fundamentais nesse processo.
Análise Crítica São grandes os desafios no que tange a curricularização da extensão, ainda mais quando esta se propõe a contribuir na descolonização acadêmica.
As temáticas trabalhadas na Sumaúma estão presentes nas disciplinas das áreas de saúde, nas quais os/as docentes participantes atuam. No entanto, ainda são experiências limitadas diante a não integração curricular.
Os eixos da Saúde Coletiva e das Humanidades na Saúde seguem sendo os mais permeáveis à interdisciplinalidade e ao diálogo com outras áreas acadêmicas e populares.
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