Comunicação Oral

02/11/2023 - 13:10 - 14:40
CO13.2 - Extensão na perspectiva decolonial

47102 - EXTENSÃO POPULAR EM SAÚDE: DIÁLOGO E PARTICIPAÇÃO EM ESPAÇO DE (TRANS)FORMAÇÃO ACADÊMICA
MICILANE PEREIRA DE ARAÚJO - UFAL, MARIA BEATRIZ LISBÔA GUIMARÃES - UFPE


Contextualização
Este resumo apresenta um recorte de uma experiência vivida no âmbito de um projeto de pesquisa e extensão na área da Atenção Primária à Saúde, orientado pela participação social e educação popular. Sustentamos que ao priorizar uma ligação teórico-metodológica com a participação social e a educação popular, a extensão universitária passa a ser um instrumento de ensino importante na busca pelo apoio às demandas sociais e às lutas populares (MELO NETO, 2014). Este movimento dado pelas universidades tem o potencial de fortalecer o caráter social das suas agendas de pesquisa, integrar uma importante dimensão política na formação dos estudantes e democratizar o conhecimento acadêmico por meio da troca de saberes com a comunidade (FREIRE, 1987). Quando se trata de um projeto acadêmico voltado para a Atenção Primária à Saúde, um dos aspectos mobilizadores da articulação ente pesquisa, participação social e educação popular é o distanciamento deste serviço da lógica puramente gerencial e sua aproximação com as demandas do território (BRUTSCHER; CRUZ, 2020).

Descrição
O projeto de pesquisa e extensão “Ouvidoria Coletiva na Atenção Básica: uma experiência em Roda de Fogo/Recife” uniu educadores, estudantes, comunidade e agentes públicos, em torno do propósito de dar respostas a um conjunto de desafios relacionados à saúde dos moradores locais.

Período de Realização
Ao longo da sua execução, que compreendeu o período entre 2020 e 2021, esse projeto fomentou alguns resultados para a comunidade em tela, dentre os quais recortamos o objeto de análise deste resumo.

Objetivos
Nosso objetivo é contribuir para o debate sobre a importância da extensão para a formação acadêmica, apresentando resultados diretamente relacionados a três produções acadêmicas dos estudantes.

Resultados
A primeira produção “Os impactos da Ouvidoria Coletiva na Comunidade e na Formação dos Profissionais de Saúde: um relato de experiência” (PRAXEDES et al., 2021), apresentado em congresso da ABRASCO, os autores tomaram como base as suas vivências no projeto para tratar sobre a inserção dos estudantes de saúde em espaços práticos, refletindo sobre a qualidade da formação acadêmica. Dessa forma, o trabalho focou nos impactos que a ação extensionista provocou nos estudantes participantes, que segundo os autores representou uma oportunidade de inserir os discentes em uma vivência além dos muros universitários, permitindo buscar ações conjuntas de enfrentamento para os problemas que impactam diretamente a saúde dos moradores.
O segundo trabalho intitulado “Projeto de Extensão Ouvidoria Coletiva na Atenção Básica: uma experiência em Roda de Fogo/Recife”, Resultados Comunitários e Pedagógicos” (KITZINGER, 2020) foi levado por um dos participantes, estudante de medicina da UFPE, à Universidade de São Paulo, (USP), quando esta instituição organizou o 4º Curso de Inverno em Saúde Pública. Na ocasião, o estudante teve a oportunidade de apresentar as diretrizes conceituais e metodológicas do projeto de extensão e pesquisa em tela, sustentando a importância da correlação teórico-prática da Educação Popular em Saúde, tratando especificamente sobre Determinantes Sociais em Saúde, Promoção à Saúde e Sistema Único de Saúde (SUS).
Por último, o trabalho de iniciação científica Pibic de Araújo e Guimarães (2023) “Redes de Apoio Social na comunidade de Roda de Fogo: o uso de drogas na juventude como questão” apresentado no 30º Conic, 14º Coniti e 11º Enic da UFPE tratou sobre o problema do uso de drogas entre jovens e adolescentes da comunidade de Roda de Fogo. O trabalho de pesquisa foi importante para demonstrar a necessidade de programas específicos envolvendo os profissionais de saúde, assistência social e educação, como ação que dialoga com diferentes esforços.


Aprendizados
Os três trabalhos acadêmicos apresentados demonstram ser possível redimensionar o potencial da extensão universitária, apesar de reconhecermos os desafios que a prática extensionista ainda enfrenta dentro das universidades para se efetivar como política curricular. Ao analisar essas produções, observamos que há marcas nas escritas dos estudantes deixadas pela vivência no projeto de pesquisa e extensão que trouxemos para esse debate, na medida em que os estudantes fortaleceram a sua autonomia em relação às escolhas dos seus objetos de pesquisa que se demonstraram eminentemente social no tratamento com a saúde.

Análise Crítica
Assim, ao valorizar a participação democrática dos sujeitos em projetos que unem teoria e prática científicas, os estudantes passaram por um processo de (trans)formação que possibilitou experiências de conhecimento e de reconhecimento do seu papel na sociedade. As conceptualizações teóricas das suas atividades acadêmicas reuniram, então, seus aprendizados no campo da saúde coletiva, das políticas públicas sociais e em termos da construção de uma consciência cidadã humana e comprometida com o social, imprescindível para o exercício da sua profissão no futuro.