02/11/2023 - 13:10 - 14:40 CO15.6 - Pesquisas, políticas e práticas |
46995 - SER E VIVER A ROTINA COMO ASSISTENTE SOCIAL TRANS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA, UMA REALIDADE DE SUPERAÇÃO E TRANSGRESSÃO NO DIA A DIA BEL SILVA - PROGRAMA DE RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE DA FAMÍLIA SESAU/FIOCRUZ, DR. MARCO AURÉLIO DE ALMEIDA SOARES - ATMS/SESAU
Contextualização O Serviço Social desempenha um papel crucial na promoção da igualdade e no combate à discriminação em todas as suas formas. No contexto da atenção primária à saúde, a presença de profissionais assistentes sociais bem como das demais categorias, capacitados e sensíveis às necessidades das pessoas trans são fundamentais para fornecer um cuidado adequado e inclusivo. Neste trabalho, exploraremos a experiência de ser e viver a rotina como uma assistente social trans na atenção primária, destacando os desafios enfrentados, as estratégias de superação e as transformações no cotidiano de trabalho.
Descrição A assistente social deve estar atenta às diversas demandas e necessidades que as usuárias vão informando, procurando identificar suas problemáticas e potencialidades para, então, apresentar soluções ponderadas e eficazes. Além disso, ela deve atuar como elo entre os usuários e os demais membros da equipe multiprofissional, promovendo a comunicação e o trabalho com a equipe da unidade de saúde.
Período de Realização Este estudo tem uma abordagem qualitativa. Foi analisado o diário de campo, relatos da rotina no final de cada dia de trabalho, no período de 1 ano e 3 meses, no mês de março de 2022 até maio de 2023, permitindo refletir algumas rotinas e compartilhar experiências, desafios, estratégias de enfrentamento e transformações na rotina da equipe da unidade.
Objetivos 1)Apresentar os desafios enfrentados por assistentes sociais trans na atenção primária. 2)Discutir as estratégias de superação e transgressão utilizadas no dia a dia. 3)Analisar as transformações ocorridas na prática profissional a partir da perspectiva trans. 4)Refletir sobre a importância da inclusão de assistentes sociais e das demais categorias profissionais trans na equipe multiprofissional.
Resultados Os resultados indicam que a assistente social trans enfrenta diversos desafios no exercício de sua profissão na Atenção Primária. Estes desafios incluem a de pessoa invisibilizada, como a falta de reconhecimento de sua identidade trans, preconceitos e discriminação por parte de colegas e pacientes, falta de políticas de inclusão e apoio institucional, além das próprias questões emocionais relacionadas à identidade de gênero. No entanto, os participantes também compartilham suas estratégias de superação e transgressão. Eles desenvolvem uma postura de resistência, encontrando maneiras de se fortalecer e enfrentar os desafios diários. Além disso, buscam construir espaços de diálogo e sensibilização com colegas de trabalho, promovendo uma maior compreensão sobre as questões trans e a importância da inclusão.
Aprendizados O acolhimento realizado pela assistente social pode contribuir para o estabelecimento de uma relação de confiança, respeito e vínculo entre a população usuária e a equipe multiprofissional, favorecendo a adesão ao tratamento e a atenção integral à saúde. Além disso, ao promover uma cultura de respeito e inclusão de todas as pessoas, independentemente de sua identidade de gênero, orientação sexual, raça, etnia ou outras características, atua como uma ferramenta significativa na luta contra o preconceito e contribuindo no processo de saúde e adoecimento.
Análise Crítica A assistência à saúde de pessoas vulnerabilizadas em razão de sua identidade de gênero é um desafio para o SUS, que deve garantir o acesso de todos os cidadãos aos serviços de saúde e promover o bem-estar integral. Nesse contexto, é fundamental discutir o papel da assistente social, e como ela pode contribuir para a promoção da saúde dessas pessoas. As transformações ocorridas na prática profissional são evidentes. A assistente social trans traz uma perspectiva única para o cuidado integral de saúde, sendo capazes de estabelecer uma relação de confiança e empatia com pacientes trans e não trans. Sua presença ajuda a criar um ambiente mais acolhedor e seguro para todos, reduzindo as barreiras de acesso aos serviços de saúde.
A presença de assistente social, assim como de outras profissionais trans na atenção primária à saúde é fundamental para garantir um cuidado inclusivo e sensível às necessidades das pessoas trans. Embora enfrentam desafios significativos, sua experiência proporciona uma transformação positiva no ambiente de trabalho, promovendo a quebra de estereótipos e a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. É necessário investir na criação de políticas institucionais que promovam a inclusão de profissionais de todas as categorias trans além da efetividade da promoção em saúde e prática da política de equidade conforme preconiza os princípios Sistema Único de Saúde.
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