02/11/2023 - 13:10 - 14:40 CO15.6 - Pesquisas, políticas e práticas |
47624 - ASSOCIAÇÃO ENTRE VIOLÊNCIA FÍSICA E SEXUAL E INFECÇÃO POR HIV ENTRE HOMENS QUE FAZEM SEXO COM HOMENS NO BRASIL JONATAN DA ROSA PEREIRA DA SILVA - UFRGS, RAFAEL STEFFENS MARTINS - UFRGS, FLÁVIA BULEGON PILECCO - UFMG, ANDRÉA FACHEL LEAL - UFRGS, DANIELA RIVA KNAUTH - UFRGS, THE BRAZILIAN HIV/MSM SURVEILLANCE - UFRGS
Apresentação/Introdução Decorridas mais de quatro décadas desde o início da epidemia, homens que fazem sexo com homens (HSH) permanecem desproporcionalmente afetados pela infecção ao HIV em todo o mundo. No Brasil, pesquisas apontam que a prevalência de HIV entre HSH passou de 12,1% em 2009 para 18,4% em 2016. A experiência de diferentes formas de violência já foi apontada como um fator de risco para infecção por HIV entre HSH em diferentes estudos. Entretanto, essa relação tem sido pouco estudada no Brasil.
Objetivos Analisar a associação entre a experiência de violência física e/ou sexual ao longo da vida e infecção por HIV entre HSH no Brasil.
Metodologia Os dados advêm de um estudo transversal, com HSH adultos, de 12 capitais do Brasil, conduzido em 2016. A metodologia Respondente-Driven Sampling (RDS) foi utilizada para o recrutamento dos participantes. A experiência de violência física e/ou sexual ao longo a vida foi coletada por meio de um questionário sociocomportamental. O status HIV dos HSH foi aferido por meio de testagem rápida voluntária durante a coleta de dados. Para analisar a associação entre a experiência de violência e a infecção pelo HIV, três modelos de análise foram construídos: a) infecção por HIV entre HSH que sofreram somente violência física, b) infecção por HIV entre HSH que sofreram somente violência sexual e c) infecção por HIV entre HSH que sofreram violência física e sexual. Para todos os modelos, grupo o de comparação utilizado foi o de HSH que relataram nunca terem sofrido violência física e sexual. As análises foram realizadas por meio do modelo multivariável de regressão logística, ajustado por idade, raça/cor de pele e nível socioeconômico. Pesos e design foram incorporados nas análises.
Resultados e discussão Foram analisados dados de 4126 HSH. Destes, 14,9% sofrerem violência física (n=597), 12,2% sofreram violência sexual (n=540), 9,5% sofreram violência física e sexual (n=379) e 63,4% nunca sofreram esses tipos de violência (n=2610). A Odds Ratio ajustada (AOR) de infecção por HIV entre HSH que sofreram apenas violência física e os que sofreram apenas violência sexual foi de 1,58 (IC95% 0,84-2,96, p=0,631) e 1,73 (IC95% 0,97-3,01, p=0,577), respectivamente. Por outro lado, HSH que sofreram violência física e sexual apresentaram mais chances de infecção por HIV quando comparados aos que nunca sofreram violência (AOR=1.79, CI95% 1.28-3.12, p=0.004).
Conclusões/Considerações finais A experiência de ambas as formas de violência pode aumentar a vulnerabilidade dos HSH à infecção pelo HIV. Nesse contexto, estratégias com o objetivo de reduzir a infecção por HIV entre HSH devem considerar a experiência de violência física e sexual ao longo da vida. Esforços para prevenir a violência entre HSH devem envolver outros setores além da saúde, a fim de construir políticas públicas que protejam os direitos e garantam a segurança da população HSH, além de promover o suporte de saúde necessário para aqueles que sofrerem violência (profilaxia pós-exposição ao HIV, imunização para hepatite B e suporte psicossocial).
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