02/11/2023 - 13:10 - 14:40 CO15.6 - Pesquisas, políticas e práticas |
48215 - CYBERBULLYING: EXPERIÊNCIAS, GÊNERO E DIVERSIDADE SEXUAL DE ADOLESCENTES DE DUAS CAPITAIS BRASILEIRAS TAIZA RAMOS DE SOUZA COSTA FERREIRA - UFPR
Apresentação/Introdução Este estudo é um relato de pesquisa sobre o tema do cyberbullying entre adolescentes do segundo ano do ensino médio de duas capitais brasileiras. Propomos aqui destacar as experiências, as questões de gênero e diversidade sexual que perpassam e/ou ajudam a construir a realidade dos sujeitos desta pesquisa. O cyberbullying é uma forma de intimidação sistemática cuja prática e representação social ocorre no ambiente digital e causa impactos sociais e na saúde psicológica dos sujeitos envolvidos. Podendo ser definido ainda como o comportamento realizado através de meios eletrônicos ou digitais por indivíduos ou grupos que repetidamente comunicam mensagens hostis ou agressivas destinadas a infligir danos ou desconforto a outros (Smith, 2008; Tokunaga, 2010). Este fenômeno é um problema social e de saúde pública e que possui diferentes designações (Ferreira e Deslandes 2018, Ferreira, 2018) que apresenta novas dinâmicas acompanham os avanços tecnológicas e as diferentes maneiras de interagir nas ambiências de sociabilidade digital. No que diz respeito ao recorte de gênero, é possível identificar divergências sobre aqueles que praticam e os que sofrem o cyberbullying. A literatura internacional considera as diferenças de gênero e diferenças etnico-raciais, mas desconsideram a orientação sexual dos jovens (Calmaestra et al. ,2020, Foody et al. 2019, Vieira et al. 2016).
Objetivos bjetivo geral: investigar a magnitude, os fatores associados (individuais, familiares e sociais), a experiência de ser vítima, agressor e testemunha de cyberbullying, assim como as possibilidades de prevenção desse fenômeno em escolas públicas e particulares de duas cidades do país: Vitória (ES) e Campo Grande (MS). E como objetivos específicos: Propor uma breve reflexão sobre o processo de expansão da cultura digital, apresentando algumas dinâmicas presentes nas interações digitais, em especial: a hipervisibilidade até o ponto nomeado por Recuero de ataques a face. Investigar as semelhanças e diferenças entre os papéis do cyberbullying nos adolescentes brasileiros: vítima, agressor, agressor-vítima, e nenhum envolvimento; analisar a associação entre os diferentes papéis do cyberbullying (vítima, agressor e concomitância entre vítima e agressor) e a saúde mental (autoestima, angústia psicológica, automutilação, ideação suicida, e uso de substâncias) entre adolescentes e por fim, identificar as estratégias consideradas e/ou utilizadas para prevenção pelos adolescentes.
Metodologia Propôs-se um estudo transversal realizado com amostra que contou com a participação de 480 adolescentes entre 15 e 19 anos, estudantes do 2º ano do ensino secundário em escolas públicas e privadas em duas cidades brasileiras: Vitória (ES) e Campo Grande (MS), selecionadas pela elevada prevalência de bullying. Trata-se de uma tese de doutorado que trabalhou com os dados sobre cyberbullying do inquérito intitulado “Violência na comunicação digital: análise dos discursos e práticas disseminados na internet sobre homofobia, autoperpetração de violências, cyber dating abuse e cyberbullying”. E que teve como base metodológica triangulação de dados e esteve fundada em métodos quantitativo e qualitativo (MINAYO; ASSIS; SOUZA, 2005). Foi elaborado um questionário fechado, utilizou-se ainda como escala de referência validada e adaptada para aferir o cyberbullying, a Revised Cyberbullying Inventory – RCBI (TOPCU; ERDUR-BAKER, 2010). O estudo adaptou as redes sociais mencionadas na escala para as mais atuais, como: Instagram, direct do Instagram (mensagens privadas), e aplicativos de comunicação, como: WhatsApp, tendo em vista que o instrumento de referência é datado de 2012. O recorte qualitativo buscou identificar a percepção dos entrevistados sobre cyberbullying. Foram realizados 8 grupos focais (quatro grupos em escolas privadas e 4 grupos em escolas públicas) que contou com a participação de 77 adolescentes.
Resultados e discussão Entre os motivos que levariam uma pessoa a sofrer cyberbullying, estão a discriminação/preconceito com base na raça, na orientação sexual e nos papéis de gênero, seguidos por aparência/padrões físicos e questão religiosa. Para os adolescentes a população LGBTQIA+ e/ou pessoas negras são as mais acometidas por cyberbullying. Os adolescentes associam o cyberbullying às questões socioculturais, como: intolerância, machismo, homofobia, racismo e xenofobia. Os adolescentes percebem que o cyberbullying tem ocorrência em todas as plataformas de redes sociais digitais, contudo destacam o Twitter, o Facebook e o WhatsApp. Destacam ainda que estas experiências estão muito presentes em aplicativos de comunicação como o Discord e Curioscat.
Conclusões/Considerações finais As plataformas de redes sociais e aplicativos de comunicação entre jogadores online precisam ampliar/qualitificar suas ações e melhorar sua assertividade ao identificar e acatar denúncias de atos de cyberbullying. Saber manusear com facilidade/agilidade não predispõe a habilidade em lidar com os riscos e consequências que ataques à face como o cyberbullying traz.
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