Comunicação Oral

02/11/2023 - 13:10 - 14:40
CO18.2 - Mídias digitais e política pública de saúde

46626 - PADRÕES DA DESINFORMAÇÃO VACINAL NO TELEGRAM
FABIO LUIZ MALINI DE LIMA - UFES, FRANCIS SODRÉ - UFES, ATHUS CAVALINI - UFES, FABIO GOMES GOVEIA - UFES, FABIO LUIZ MALINI DE LIMA - UFES, FRANCIS SODRÉ - UFES, ATHUS CAVALINI - UFES, FABIO GOMES GOVEIA - UFES


Apresentação/Introdução
Este trabalho se dedica a aplicar técnicas de ciências de dados e análise de dados para detectar os padrões das narrativas da desinformação vacinal abrigadas e propagadas em 248 canais e grupos no Telegram. O objetivo deste estudo é identificar os padrões de desinformação na rede social Telegram a partir do mapeamento de narrativas de desinformação vacinal. O projeto de pesquisa o qual desenvolve este estudo intitula-se OBSERVA ICEPI, com foco no monitoramento da saúde nas redes sociais.

Objetivos
O estudo descreve o modus operandi dos cinco padrões mais frequentes na fabricação da desinformação vacinal

Metodologia
O mapeamento e a análise das mensagens que produzem desinformação nos Telegram baseiam-se na junção de técnicas de ciência de dados com análise de redes sociais. E está dividido nas seguintes fases: (1) Delimitação da Amostra dos canais do Telegram, (2) Extração de dados tecno-linguísticos, (3) Mineração de Dados e (4) Visualização e Interpretação de Dados. O corpus iniciou-se com a extração de 1.842.211 mensagens textuais postadas nesses canais de 01 de junho de 2022 a 31 janeiro de 2023. Como as postagens tratavam de temas variados, foram filtradas apenas aquelas contendo o termo ‘vacin’. Assim, o corpus final desse estudo abarcou 79.131 mensagens sobre temáticas ligadas à vacinação, que foram processadas usando técnica de clusterização de análise textual, o que revelou as classes de palavras mais agrupadas, sendo visualizadas na forma de Rede de Narrativas.

Resultados e discussão
O estudo descreve o modus operandi dos cinco padrões mais frequentes na fabricação da desinformação vacinal, a saber: a protetiva (propagando medidas de proteção contra ‘vacinas experimentais’); a imunológica (moldando histórias clínicas que demonstrariam a redução da imunidade em função de vacinas); a da falsa utilidade (difundindo instruções jurídicas e argumentativas para pais não vacinarem seus filhos); a medicalizante (a geração de relatos médicos para dar legitimidade a fatos falsos ou sem acurácia); e, por último, a conspiracionista (que espalha teorias conspiracionistas baseadas na ideia de que corporações globais buscam subjugar os povos com políticas eugenistas).

Conclusões/Considerações finais
O estudo apontou as principais estratégias que os canais ultraconservadores do Telegram elaboram para persuadir suas audiências. Além das narrativas sobre a vacina, esses grupos são intensamente influenciados pela polarização política brasileira. O esforço desses grupos se concentra em desacreditar a população sobre a vacina contra a covid. Contra outras doenças o número de menções textuais não teve tanta relevância. Isso demonstra um cenário que pode ser utilizado de modo estratégico por profissionais e gestores de saúde, ao centrar suas campanhas de comunicação em vacinas que não estejam contaminadas pela polarização da sociedade. A investigação identificou cinco padrões de desinformação vacinal no Telegram: proteção do outro; risco genético das vacinas; preocupação com as crianças; médicos contra as vacinas; e conspiração contra a ordem global. Para cada categoria dessas, há estratégias narrativas e palavras-pistas específicas que ficaram evidentes nas mensagens analisadas. Chamou-nos a atenção a necessidade de formulação de ações de comunicação em saúde que utilizem mais o reportar de casos clínicos nos argumentos de defesa da vacinação. O discurso antivacina utiliza do exemplo de histórias pessoais para criar tática de veridicção de suas teses. Usar da mesma tática com usuários do sistema de saúde parece ser mais eficaz para persuadir as pessoas a se vacinarem do que a difusão de argumentos numéricos e puramente científicos. E, por fim, há forte importância de narrativas que utilizam do discurso médico e do médico como peso para persuadir os seguidores do grupo do Telegram. Isso também é revelador da necessidade de desenvolver ações em que especialistas se comuniquem cotidianamente com a população para disputar a guerra de narrativas em torno da aderência aos esquemas vacinais.