Comunicação Oral

02/11/2023 - 13:10 - 14:40
CO24.3 - Desigualdades históricas e as resistências territoriais

47864 - IMPLICAÇÕES DOS DETERMINANTES SOCIAIS NA SAÚDE DA POPULAÇÃO INDÍGENA
BIANCA CAROLINE BENEDICTO - UNINOVE SÃO BERNARDO DO CAMPO, BEATRIZ TAVEIRA CONSTANTINOU - UNINOVE SÃO BERNARDO DO CAMPO, BIANCA ESPADILHA CONDOTTA - UNINOVE SÃO BERNARDO DO CAMPO, JOÃO PEDRO CRUZ ARAUJO - UNINOVE SÃO BERNARDO DO CAMPO, AUGUSTO JOSÉ CARVALHO ARAÚJO - UNINOVE SÃO BERNARDO DO CAMPO, DAIANE MARIA CORDEIRO - UNINOVE SÃO BERNARDO DO CAMPO, SANDRA OBIKAWA KYOSEN - UNINOVE SÃO BERNARDO DO CAMPO


Apresentação/Introdução
De acordo com dados de 2011 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil há cerca de 900.000 povos indígenas, com 305 etnias diferentes, 274 idiomas espalhados por todo o território nacional. Desde o período da colonização, as populações indígenas sofrem com explorações ilegais, ocupações de seus territórios, contaminações ambientais, compartilham desvantagens socioeconômicas, barreiras políticas de proteção social e geográficas, e dificuldade nos acessos de saúde. Nesse sentido, esse complexo contexto histórico resultou em processos de apagamento social, cultural e assim dificultando o crescimento e visibilidade dessa população.A educação em saúde surgiu como um elemento para promover a melhoria nas condições de saúde e bem-estar das comunidades. Apesar da importância desses determinantes sociais, estudos sobre os impactos no processo de saúde-doença na população indígena ainda são escassos no Brasil, bem como os serviços de acesso à atenção integral à saúde.


Objetivos
Verificar os determinantes sociais da saúde na população indígena brasileira que implicam nos padrões de saúde, a mortalidade e a importância da construção do conhecimento em saúde.


Metodologia
Revisão narrativa da literatura realizada no período de abril a junho de 2023, nas bases de dados MEDLINE e SciELO, utilizando os descritores “indigenous people”, “health education” e “Brazil”, com o operador booleano “AND” no idioma inglês no MEDLINE e “E” no idioma português na SciELO, com filtro dos últimos 10 anos. Na primeira busca foram encontrados 64 artigos, 60 no MEDLINE e 4 no Scielo, e após análise dos critérios de exclusão - artigos duplicados, artigos de revisão, e aqueles que não abordavam o tema proposto, identificaram-se 31 artigos, dos quais 11 foram lidos na íntegra por serem estudos originais - um estudo de coorte retrospectivo, quatro estudos transversais, três ecológicos e três descritivos exploratório qualitativo.


Resultados e discussão
A maioria dos estudos incluídos nesta revisão foi realizada na região Norte. Com relação aos determinantes sociais de saúde, segundo dados do IBGE de 2010, mais da metade dos municípios brasileiros possui esgoto por rede de coleta, e na revisão realizada os estudos demonstraram que a maioria da população indígena vive em condições socioeconômicas, sanitárias e habitacionais precárias e insalubres, evidenciando a larga desvantagem entre as comunidades indígenas e não indígenas no país. Outro achado importante, foi em relação ao risco à saúde atribuído ao consumo de peixes contaminados com mercúrio devido às ações antrópicas como mineração, agronegócio, extração de petróleo, construção de hidrelétricas. Sobre a mortalidade, a população indígena apresenta maior prevalência de doenças infecciosas, respiratórias, síndromes metabólicas, e durante a pandemia causada pelo novo coronavírus, a mortalidade entre os indígenas chegou a 6,5 vezes maior comparado ao restante da população brasileira. Um dos desafios apontados é o da educação permanente, pois atualmente, cerca de 54% dos profissionais de saúde são não indígenas, sendo assim, os que são indígenas relatam dificuldade da integração dos saberes populares indígenas com os adquiridos na graduação, necessidade de inclusão de conteúdos específicos para a saúde indígena e preconceito em relação ao estereótipo culturalmente marginalizado dos povos.


Conclusões/Considerações finais
Chama a atenção o escasso número de artigos publicados sobre esse tema relevante na última década. O presente trabalho evidencia que o processo de saúde-doença dos povos indígenas ainda é influenciado pela precariedade dos determinantes sociais aos quais essa população tem acesso. Nesse sentido, é de suma importância a potencialização dos programas de promoção e prevenção à saúde indígena, fortalecimento de ações educativas e de capacitação de profissionais indígenas.