Comunicação Oral

02/11/2023 - 13:10 - 14:40
CO25.4 - Regionalização, intersetorialidade e saúde digital na APS

47899 - O USO DA SAÚDE DIGITAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: ESTRATÉGIAS PARA O FORTALECIMENTO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
EMILLY KETLYN LOPES DA COSTA - UFRN, CARLA LETÍCIA DE LEMOS FELIPE - UFRN, ANNA CLARA DE ARAÚJO SANTIAGO - UFRN, ÍSIS DE SIQUEIRA SILVA - UFRN, AGUINALDO JOSÉ DE ARAÚJO - UFRN, SEVERINA ALICE DA COSTA UCHÔA - UFRN


Apresentação/Introdução
Durante a pandemia do Coronavírus, os serviços de atenção à saúde precisaram adaptar-se às medidas de distanciamento social, o que fomentou o cenário de dinâmicas de cuidado mediadas por Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs). A saúde digital na Atenção Primária à Saúde (APS) caracteriza-se pelo uso de instrumentos de informática na gestão, no processo terapêutico, no monitoramento e na prevenção de agravos, estando sua consolidação vinculada à existência de sistemas de informação com conectividade à internet e acesso da comunidade aos serviços ofertados de maneira remota. Todavia, por razões socioeconômicas, a exemplo da escassez de recursos e de instrução, as medidas de telessaúde não parecem ser implementadas de modo equânime, necessitando-se, assim, pensar o impacto dessas estratégias na atenção à saúde no Brasil.

Objetivos
Descrever as possibilidades e as limitações do uso da saúde digital como mecanismo de fortalecimento da Atenção Primária à Saúde no Sistema Único de Saúde, a fim de identificar oportunidades na promoção da equidade pelo uso de instrumentos de informática nos serviços de cuidados primários em saúde.


Metodologia
Trata-se de um relato de pesquisa do tipo revisão integrativa, a qual considerou artigos buscados nos repositórios/bases de dados: SCIELO, PubMed, MedLine e Periódicos CAPES, a partir da busca livre com os descritores: Atenção Primária à Saúde, Telemedicina, Tecnologias de Informação e Comunicação, Saúde digital, Equidade e Covid-19 (DeCS/MeSH). Com base na leitura dos títulos foram selecionados 32 artigos, dos quais se descartaram 15 pela leitura dos resumos, uma vez que não se adequaram à temática da pesquisa, restando 9 para a leitura do texto completo. Incluiu-se artigos em língua portuguesa e inglesa encontrados na íntegra, sendo excluídos manuscritos de acesso restrito ou incompletos.

Resultados e discussão
No âmbito da utilização da saúde digital como suporte para a assistência à saúde, ressalta-se o manuseio de mídias eletrônicas no auxílio das ações organizacionais e práticas da APS. Estratégias variadas são adotadas hoje pelas equipes no campo da eSaúde, as quais abarcam desde as teleconsultas ao telemonitoramento dos pacientes. São métodos aplicados nesse contexto: aplicativos de mensagens instantâneas para comunicação com a população, softwares de prontuário eletrônico, programas de consultas virtuais e mídias sociais. Pode-se destacar que a telessaúde é capaz de auxiliar na continuidade do cuidado, possibilitando redução de custos, consultas para pacientes domiciliados, com problemas de mobilidade ou no contexto de infecções transmissíveis como a COVID-19, assim como a ampliação da cobertura dos sistemas de saúde a partir da diminuição da espera por atendimento. Essas ferramentas encontram entraves, porém, na descentralização dos sistemas de informação (SI) do SUS e na falta de estrutura que possibilite a conexão remota dos usuários aos profissionais de saúde. A carência de integração entre os SI, o acesso desigual aos aparelhos eletrônicos e à internet, além do parco conhecimento acerca desses recursos pelos indivíduos, por exemplo, podem ser relacionados a fatores socioeconômicos de renda, infraestrutura e educação, os quais se apontam como dificultadores do estabelecimento da saúde digital na APS. Nessa perspectiva, a adesão às TICs pelas equipes de saúde deve ser pensada para trazer acréscimos a formas democráticas, igualitárias, inclusivas e humanizadas de assistência, cuja aplicação fortaleça os princípios do SUS, isto é, promovam universalidade, equidade e integralidade do cuidado. Assim, o emprego dos artifícios digitais de cuidado deve estar condicionado, primeiramente, à mitigação das limitações existentes, destacadamente: a desinformação quanto a segurança dos dados, a ausência de capacitação dos profissionais para operar as tecnologias, a baixa acessibilidade às TICs e ao letramento digital, bem como a falta de conectividade à internet dos cidadãos.


Conclusões/Considerações finais
A formulação de estratégias no SUS para o fortalecimento da saúde digital na Atenção Primária à Saúde requer articulações políticas e gestoriais em prol do fomento de inclusão socioeconômica e informacional tanto da população quanto das unidades básicas de saúde onde operam as equipes da APS. Para que a assistência em saúde possa se alinhar às transformações da contemporaneidade no plano das tecnologias digitais, vê-se a necessidade do fortalecimento de políticas de equidade, com alocação de recursos voltada à capacitação dos profissionais no letramento digital, informatização da infraestrutura de atendimento e facilitação do acesso da população às ferramentas tecnológicas.