47349 - HÁ A PERSISTÊNCIA DA MENTALIDADE NEOFASCISTA NO ATUAL GOVERNO? EXPERIÊNCIA DE UM ACÚMULO TEÓRICO SOBRE TEORIA POLÍTICA CRÍTICA E SAÚDE COLETIVA BRUNA NASCIMENTO DA SILVA - UNIFESP, AFONSO LUIS PUIG PEREIRA - UNIFESP, ANA ALICE MARQUES - UNIFESP, ANTONIO CARLOS DE SOUZA NETO - UNIFESP, LUANA CAMARGO BRITO - UNIFESP, STELLA APARECIDA GERALDO LIMA - UNIFESP
Contextualização Os autores deste trabalho coadunam com a ideia de que o golpe de Estado ocorrido em 2016 no Brasil, sob a presidente eleita democraticamente no ano de 2014, configurou-se como um “neogolpe”, o que contribuiu para eleição do governo neofascista Bolsonaro em 2018. Isso aprofundou as mazelas das desigualdades sociais brasileiras, bem como serviu de combustível para ampliação de práticas conservadoras e ultraneoliberais. Demarcamos que apesar das eleições de 2022 elegerem Luiz Inácio Lula da Silva (Lula), tido como representante progressista pelo Partido dos Trabalhadores (PT), ainda assim, o neofascismo não acabou, pois se encontra enraizado socialmente e se coloca como ilusório acreditar que ele se findará por completo dentro do capitalismo, sendo sempre, uma possibilidade.
Descrição Este ensaio compila a experiência de um coletivo de estudantes do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva na Universidade Federal de São Paulo, nos estudos de Teoria Política Crítica e Saúde Coletiva, e como este conteúdo teórico permitiu refletir de maneira mais acurada sobre o cenário social vigente do neofascismo brasileiro. A formação da primeira turma foi composta por alunos matriculados no programa e ouvintes - alunos especiais, profissionais da saúde, em sua maioria, sendo os autores de formação multidisciplinar. Os estudos foram divididos, a partir do objetivo, em duas partes: I- o político: teoria, prática e história na luta operária e na Saúde Coletiva brasileira; e II- temas políticos, métodos de análise e os horizontes da Saúde Coletiva no Brasil. A formação de aprendizagem dos autores foi alcançada pela sistematização das atividades de leitura de artigos e da apresentação de seminários dos temas elencados no conteúdo programático.
Período de Realização As aulas foram realizadas semanalmente, em ambiente virtual, no primeiro semestre de 2023, no período de março a junho, às sextas-feiras das 9:00 às 13:00 horas, com uma carga horária de 60 horas.
Objetivos Refletir sobre a persistência da mentalidade neofascista no atual governo, sobretudo como o setor saúde é afetado por essa lógica.
Resultados Para compreensão do momento histórico político vivenciado, coloca-se como decisivo relembrar que fascismo é uma forma de regime político do capital, e no atual contexto mundial, aparece como uma tentativa de reverter a crise do capital, que se aprofunda com a ampliação do pacote ultraneoliberal. O Brasil permanece majoritariamente com um congresso reacionário, tendendo a aderir e construir políticas de direita e centro-direita. Como reflexo do aprofundamento das desigualdades, a fascistização da população persiste e o apoio a ideias neofascistas se ampliam não tendo sido dirimidas pela vitória eleitoral do progressismo. Concomitantemente, cada vez mais o capital vem se apropriando das políticas sociais no Brasil, o setor saúde vem sendo o lócus dessa apropriação, mais visivelmente na atenção primária, que vem sofrendo ofensivas importantes do grande capital. Destacamos que as políticas neoliberais continuam em curso, ainda que com a eleição do PT, que inclusive tende a ser um governo conciliatório, até pela sua trajetória de imediato-taticista, e ênfase em planos de governo muito amplos visando ter abrangente apoio para chegada ao poder. Ou seja, abrandando totalmente sua atuação política e deslocando o eixo da luta, assim como a Saúde Coletiva, que tem feito pouco enfrentamento aos mais recentes ataques à atenção primária no Sistema Único de Saúde (SUS). Tudo isso vem afetando de forma brutal o setor saúde e não é a eleição de um partido progressista no país que mudará significativamente esta situação, o enfrentamento passa entre outras táticas: pelo não apagamento da história, pela construção de um projeto político de longo prazo cuja estratégia e horizonte político na esquerda brasileira vislumbrem cenários anticapitalistas, por exemplo.
Aprendizados Um forte senso de participação foi requerido de cada um dos participantes, assumindo uma posição ativa, e a experiência vivenciada pelos autores do acúmulo teórico sobre Teoria Política Crítica se colocou como essencial para a compreensão da permanência de práticas fascistizantes no atual cenário político-econômico do país e compreensões políticas dos fenômenos em saúde, assim como, reforçou a importância do aporte das ciências sociais e humanas no pensar e fazer saúde.
Análise Crítica A questão que se levará para além da formação política construída é como a Saúde Coletiva pode resistir e enfrentar as contradições do sistema e as desigualdades sociais. Para além do enfrentamento, na atual crise estrutural do capital, a reoxigenação do pensamento político marxista e a incorporação na Saúde Coletiva se mostram indispensáveis para organizar resistências contra os desmontes nas políticas sociais e no setor saúde.
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