47673 - MOVIMENTO EU DEFENDO O SUS: A CONSTRUÇÃO DE UM COLETIVO CONTRA A AGENDA NEOLIBERAL NA SAÚDE RAQUEL DE CASTRO ALVES NEPOMUCENO - SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE FORTALEZA, MARIA ELISABETH SOUSA AMARAL - SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE DO CEARÁ, AMANDA CAVALCANTE FROTA - SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE DO CEARÁ, MARIA ELIENE MAGALHÃES TEIXEIRA - SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE FORTALEZA, ANA PAULA CAVALCANTE RAMALHO BRILHANTE - SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE FORTALEZA, MARIA CLAUDIA DE FREITAS LIMA - SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE FORTALEZA, OLGA MARIA DE ALENCAR LIMA - SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE DO CEARÁ, SILVIA MARIA NEGREIROS BONFIM SILVA - SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE DO CEARÁ
Contextualização O Golpe de 2016, através do impeachment da Presidenta Dilma Rousseff, ensejou a mais ousada agenda neoliberal de ameaça ao SUS e fez nascer movimentos de resistência como o EU DEFENDO O SUS, em Fortaleza, Ceará, agitando a luta local e com repercussões nacionais.
Descrição Mulheres, trabalhadoras e ativistas da saúde, das diversas profissões atuantes na atenção, gestão, controle social, educação e pesquisa do SUS, movidas pela sensibilidade e indignação manifestavam-se isoladamente em seus espaços sócio-ocupacionais e mídias sociais. As redes sociais e afetivas aproximaram-nas, pela identidade, identificação ideológica e defesa do sistema de saúde. O grupo agregou-se pela necessidade de manifestar-se e agir de forma orgânica em defesa da democracia e da saúde, focalizando na defesa intransigente do SUS.
Período de Realização Este coletivo existe há sete anos. Foi impulsionado pela proposta do Governo Michel Temer de desfinanciamento do SUS (EC 95) e pela exacerbação de situações e cenários de retirada de direitos, austeridade, discriminação, intolerância e violência, que já se mostrava em ascendência no país, que, no entanto, foi agudizado no Governo Bolsonaro. Este coletivo vem ao longo desse período, nesse enfrentamento. Atualmente, no Governo Lula, participa da “re”construção do SUS e transformação do país.
Objetivos Sistematizar as experiências do coletivo, que manifesta as expressões do Pacto em Defesa do SUS, trazendo as reflexões críticas sobre elas e sobre os aprendizados com elas obtidos
Resultados O coletivo participou, organizou e protagonizou diversos eventos de reafirmação do SUS como única possibilidade de saúde universal no país. Para fortalecer a identidade foi construída a logomarca e confeccionados camisetas, bandeiras, máscaras e adesivos, que rapidamente teve adesão dos profissionais e estudantes de saúde, colaborando enormemente para visibilidade e crescimento do movimento em todo Brasil. Algumas das ações foram: Manifestações nas ruas contra o Golpe à Presidenta Dilma Rousseff; Ato contra a ditadura - ‘Ditadura Nunca Mais’ que aconteceu na Praia de Iracema; Participação nas intervenções da Residência Integrada em Saúde da Escola de Saúde Pública e no Fórum Cearense de Residências em Saúde; Manifesto no Congresso do CONASEMS, onde o Ministro Ricardo Barros foi calado na abertura do evento; Participação nas Paralizações contra a Reforma da Previdências e Trabalhistas; Atos na Luta Antimanicomial, dentre outros. Na Pandemia de COVID-19, em face do isolamento imposto, foram produzidos vídeos sobre o SUS e seus programas. Diante do negacionismo da vacina, foram confeccionadas máscaras em defesa do sus e realizadas articulações pró vacina em lugares públicos e mídias sociais. Em 2021, houve a celebração dos 30 anos da lei 8.080/90 como forma de dar visibilidade ao SUS e seu papel na pandemia. Após o período de isolamento social, retornaram-se os encontros presenciais, em nova batalha, ainda mais fortes e com a indubitável afirmação do papel do SUS na preservação de nossa ancestralidade viva, no cuidado de nós, nós-povo, nós-pares. Foram vários os diálogos no WhatsApp, compartilhamento de notícias no Facebook e reuniões virtuais. Surge uma conta no Instagram (@eudefendosus) para compartilhamento de fotos, vídeos e mensagens sobre o movimento. Uma das integrantes do coletivo, a artista plástica Eliene Magalhaes, criou a mascote SUSETE, que foi materializada em papel-machê, pela também artista plástica Nica Bonfim (@bonecos_da_nica). Intensificou-se a comunicação através de charges, vídeos, mensagens, via rede sociais em enfrentamento as fake News e a política da morte do Governo Bolsonaro. O Coletivo participou efetivamente das Conferências Livres promovidas pela Frente pela Vida e na luta pelo Piso da Enfermagem, sempre envolvendo-se com outros coletivos.
Aprendizados Nos últimos anos foram vários os retrocessos na democracia brasileira. Retrocessos estes que impactam diretamente na saúde do povo brasileiro a curto, médio e longo prazo. A eleição de Jair Messias Bolsonaro, o aumento do desmatamento e do garimpo na Amazônia foram alguns destes retrocessos. A pandemia da COVID-19 desafiou e colocou em foco o direito à saúde e os sistemas de saúde no mundo. Em situação singular no mundo, temos o SUS. Não fosse sua atuação, nosso luto seria ainda maior.
Análise Crítica Ocorre que o SUS historicamente é subestimado, subfinanciado e não valorizado como uma das maiores conquistas sociais e políticas de nosso povo. Convivemos num cenário de disputa com a saúde suplementar. Estamos imersos na cultura biomédica, medicamentosa, com foco do poder sanitário centrado na uniprofissionalidade médica, restando à multiprofissionalidade o status paramédico, seja nos campos da atenção, gestão e política sanitária. O papel desempenhado por esse coletivo também colabora na disputa de espaço e no fortalecimento das Ciências Sociais e Humanas no Campo da Saúde Coletiva!
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