Comunicação Oral

02/11/2023 - 13:10 - 14:40
CO29.2 - Não estamos todos no mesmo barco: diferentes pandemias, riscos e expressões das desigualdades em saúde

47722 - VIGILÂNCIA E SEGURANÇA EM SAÚDE DO TRABALHADOR ANTES, DURANTE E PÓS PANDEMIA DA COVID-19
RUTE CARVALHAL BORGES - CEREST E PPGSAT


Apresentação/Introdução
O debate sobre saúde do trabalhador no Brasil está atrelado à política pública como garantia de qualidade de vida e segurança de todos, mesmo que ainda persistam muitas contradições quanto à prática exercida e os constantes agravos registrados. Este trabalho detalha as ações de vigilância em ambientes e processos de trabalho realizado no período de 2016 a 2022 pelos técnicos do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) no município de Camaçari-BA, incluindo no último ano do estudo a situação com o surgimento da pandemia da Covid-19, afetando os trabalhadores que continuaram desempenhando suas atividades em plena crise sanitária, de acordo com as Portarias da Organização Mundial da Saúde (OMS), classificadas como essenciais.

Objetivos
A pesquisa teve por objetivo realizar levantamento de dados disponíveis no setor de vigilância do CEREST, e dos municípios que compõem a microrregião vinculada, em que o órgão responde pela retaguarda técnica e assegura assistência em situações necessárias relacionadas a ações de saúde do trabalhador, antes, durante e após a pandemia da Covid-19, demonstrando o cenário encontrado.

Metodologia
A metodologia utilizada foi baseada nas observações e levantamento dos dados registrados pelas equipes que atuaram no setor de vigilância em saúde do trabalhador, a partir da descrição de desenho transversal, com abordagem quali-quantitativas, foi possível registrar os achados. A partir das inspeções realizadas em todos os segmentos de trabalho, antes e durante a pandemia nas organizações caracterizadas como essenciais que estavam operando, incluindo os registros das denúncias que eram enviadas e apontavam exposição do trabalhador com o coronavírus.

Resultados e discussão
Os resultados do levantamento realizado apontaram como maior evidência durante as inspeções realizadas o de mapeamento de risco identificados nos ambientes de trabalho. Destacando assim os agravos decorrentes das relações de produção e dos processos psicossociais que ocorreram nos ambientes de trabalho e fora deles, intensificados a partir de 2020 e que denota a necessidade de adoção das medidas adequadas para a proteção dos trabalhadores.
O maior quantitativo de trabalhadores em home office foi verificado nas indústrias, na maioria dos trabalhadores que atuavam nos setores administrativos e em muitos casos foram criados procedimentos próprios para divulgar informações, realizar o controle de suspeitos e monitorar os doentes confirmados.
Os órgãos de controle da saúde criaram protocolos próprios, principalmente para os agentes funerários que deveriam ser rigorosamente seguidos na manipulação de corpos, mesmo não estando comprovado se tratar de óbitos vinculados a doença. Da mesma forma, evidenciou o cuidado que deveria ser intensificado para eliminação de uso compartilhado de espaços de descanso, sanitários, objetos qualquer que seja de uso comum, alimentos, consumo de água e transporte fretado para trabalhadores.


Conclusões/Considerações finais
A mudança de comportamento do trabalhador em relação aos riscos já começa a ser manifestada, principalmente quando externaliza que o enfrentamento a doença precisa de ação coletiva para proteção de todos, incluindo suas ações dentro e fora do ambiente de trabalho.
A trabalho home office não foi por escolha e beneficiou trabalhadores que até os dias de hoje se recusam a voltar ao ambiente de trabalho, alegando exposições e as organizações tem estabelecido critérios para manutenção desta situação, mas não extensiva a aqueles que não ficaram afastados do trabalho.
No contexto de relações de trabalho fragilizadas, uso cada vez maior da tecnologia nas novas relações de trabalho e da robotização da produção industrial, a pandemia encontrou ambiente promissor para avançar contaminando os trabalhadores, que adoeceram e precisaram se afastar de suas atividades.