02/11/2023 - 13:10 - 14:40 CO29.3 - Insubmissas reflexões: olhares sobre pandemia, ensino e hanseníase |
47297 - EFEITOS DO ENSINO REMOTO DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19: RELATO DE EXPERIÊNCIA DO PPGSC DA UFMT PRISCILA PATRICIA DA SILVA - UFMT, MONALISA ROCHA DE CAMPOS CHAVES - UFMT, EVELLY CAROLINE BOTELHO DE MIRANDA - UFMT, KARINE WLASENKO NICOLAU - UFMT
Contextualização A partir do primeiro trimestre de 2020, a pandemia de covid-19 gerou transformações sociais, políticas e econômicas em escala planetária. Nessa trilha, a Educação foi uma das áreas sociais que rapidamente estabeleceu medidas de controle e de segurança, a fim de conter a propagação do vírus SARS-CoV-2. Utilizando a modalidade denominada e-learning, o ensino remoto emergencial, autorizado no Brasil pela Medida Provisória nº 934, de 1º de abril de 2020, possibilitou o distanciamento social necessário, porém exigiu adaptações tecnológicas pelas(os) docentes e criou lacunas no processo de socialização. Em acréscimo, convém destacar que essa situação durou muito mais do que o previsto inicialmente.
Descrição Registrou-se experiências de discentes e docente do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) durante a pandemia de covid-19 em relação ao ensino remoto emergencial, especialmente nos aspectos que envolvem interação social, convivência entre pares e cooperação. O relato foi elaborado por representantes discentes e coordenação dos cursos de mestrado e de doutorado, inspirando-se nas contribuições do educador e sociólogo peruano Oscar Jara Holliday, para o qual a sistematização da experiência é uma interpretação crítica da reconstrução ordenada do vivido, um processo produtor de conhecimentos e de coerência aos elementos da prática; e é também um processo participativo que valoriza as narrativas em direção a transformações coletivas, extraindo ensinamentos e compartilhando-os.
Período de Realização As experiências relatadas ocorreram nos semestres 2021/1, 2021/2 e 2022/1, em um período aproximado de dois anos, ininterruptamente.
Objetivos Refletir sobre efeitos gerados pelo ensino remoto emergencial no PPGSC da UFMT em relação ao processo de socialização, com destaque para a interação social, convivência entre pares e cooperação.
Resultados Assim como muitos trabalhos científicos produzidos ao longo da pandemia de covid-19, observou-se dificuldades no processo ensino-aprendizagem relacionadas à desmotivação para os estudos, sintomas de ansiedade e de depressão, problemas com: pesquisas de campo, com as adaptações exigidas pelos Comitês de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEP), com a baixa qualidade da transmissão via internet, com a indisponibilidade de dispositivos e ambientes adequados para o ensino remoto, com o que se convencionou chamar de Zoom Fatigue ou fadiga das videochamadas, com o estresse gerado pelas incertezas sobre como proteger a si mesma(o) e às(aos) próximas(os). Como benefícios, verificou-se ampliação dos contatos com representantes de outras instituições, especialmente entre docentes, com o estabelecimento de novas parcerias profissionais. Contudo, merecem destaque as dificuldades de interação social entre pares e com/entre docentes, na própria instituição, resultando na fragilização de sentimentos relacionados ao reconhecimento, ao pertencimento e ao engajamento com o ambiente acadêmico.
Aprendizados Os efeitos negativos do distanciamento social nas atividades acadêmicas incitam docentes e representantes discentes a fomentarem processos colaborativos em seus espaços institucionais físicos, favorecendo assim o aprendizado da cooperação por meio de interações dialógicas vivas, para as quais o gesto, o olhar e a presença física, real, são elementos indispensáveis para se lidar, concreta e diretamente (sem os subterfúgios que o meio digital permite), com obstáculos da convivência cotidiana e com os obstáculos próprios da diferença e da diversidade característica desse espaço social, fundamental para a formação profissional ética e comprometida socialmente.
Análise Crítica Se, por um lado, o ensino remoto emergencial e as adaptações tecnológicas parecem ter apresentado novas possibilidades complementares para o aprendizado, para contatos e parcerias profissionais, por outro lado, criaram uma lacuna considerável nas interações sociais que promovem o aprendizado da cooperação, do senso coletivo e das lutas políticas na própria instituição. A comunicação digital parece não ter produzido esses aprendizados com a mesma intensidade, velocidade e consistência que a dialogicidade física propicia.
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